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Você precisa nascer de novo
EBD – Jovens – EDIÇÃO: 55 – 1º Trimestre – Ano: 2022 – Editora: CPAD
LIÇÃO – 04 – 23 de janeiro de 2022
TEXTO PRINCIPAL
“Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus.” (Jo 3.5)
LEITURA SEMANAL
Segunda-feira – Tt 3.5
Novo Nascimento, uma renovação espiritual
Terça-feira – Ez 11.19
Novo Nascimento, um novo coração
Quarta-feira – Jr 31.33
Novo Nascimento, a Lei de Deus no nosso interior
Quinta-feira – II Co 5.17
Criado novamente em Cristo
Sexta-feira – Jo 3.3
Condição para entrar no Reino
Sábado – l Pe 1.3
Cristo nos gerou novamente
TEXTO BÍBLICO
João 3
1 E havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.
2 Este foi ter de noite com Jesus e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és mestre
vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com este.
3 Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus
4 Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer?
5 Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus.
6 O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.
7 Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos a respeito do encontro entre Jesus e Nicodemos. No diálogo estabelecido por eles temos uma contundente mensagem Cristológica. Trata-se de uma exposição clara e direta sobre a regeneração, o Novo Nascimento. Pode parecer que Jesus tinha feito uma abordagem muito abrupta a Nicodemos, à aquele diálogo, franco e direto, era necessário. A exposição das verdades espirituais não pode ceder a qualquer tipo de sofisma e não tem compromisso algum com as ideologias deste mundo. Apesar da maneira cortês com que Nicodemos se apresenta, sua compreensão espiritual estava equivocada. Ele precisava ouvir de Jesus que “aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3.3).
I – UMA MENSAGEM CLARA
- Religiosidade não basta. Em seu contato com Nicodemos, Jesus transmitiu uma mensagem clara: não lhe bastava ser religioso. Nicodemos é identificado como um fariseu, representante da ala religiosa altamente rigorosa no cumprimento da Lei e das tradições judaicas. Mestre de Israel, era versado na teologia do judaísmo, mas Isso não impressionaria ao Filho de Deus, que sabia de sua real condição espiritual, e da necessidade de um Novo Nascimento, Jesus vê o nosso interior. Conhecer perfeitamente nosso estado espiritual; sabe de todas as nossas necessidades e só Ele pode supri-las (Jo 8.37-39). Neste tempo de tantas religiões, precisamos estar convictos de nossa fé e esperança (I Pe 3.15), tanto para nossa salvação (Hb 10.38,39), quanto para não hesitarmos a respeito da necessidade de todos os homens, que é conhecer Jesus pela fé no Evangelho e ser gerado de novo. Não nos impressionamos com qualquer aparência religiosa (Jo 3.5).
- “Mestre vindo de Deus”. Nicodemos demonstra que, naqueles dias, Jesus já era bem conhecido em Jerusalém, inclusive por membros do alto clero judaico, que já tinham conhecimento dos sinais que Ele fazia (Jo 3.2). Reconheciam que se tratava de um “mestre vindo de Deus”. Um reconhecimento, contudo, que não correspondia à verdadeira identidade de Jesus. Nicodemos não poderia sair daquele encontro como se tivesse falado com mais um dos muitos mestres de Israel. Era imprescindível que a superioridade de Cristo e sua missão ficassem absolutamente claras. Por isso, Jesus transmite a Nicodemos todo o plano salvífico em um sermão que contém o texto áureo da Bíblia: João 3.16.
O perigo da relativização. A atualidade é marcada pela ausência de limites e a negação da existência de verdades absolutas. No campo das religiões, o ‘espírito” desta era tem levado bilhões de pessoas a experimentar todo o tipo de sensação, produzindo uma mistura espiritual cheia de relativismos. A verdadeira fé cristã jamais cedeu a apelos culturais, filosóficos, políticos ou religiosos. Muito pelo contrário! Manteve-se firme mesmo durante as maiores perseguições, e foi justamente nesses períodos que o cristianismo mais se fortaleceu. Hoje, o desafio é nosso, precisamos nos fortalecer na fé e não ceder à relativização ou sincretismos, mas defender a pureza do Evangelho (II Tm 3.14-17).
II – DE FARISEU A DISCÍPULO
- Príncipe dos judeus. Nicodemos tinha uma posição destacada entre os fariseus. Era considerado “príncipe dos judeus”. Os fariseus eram um grupo religioso surgido com intenções nobres, como revelam muitos estudiosos. Do grego pharisaios, o termo “fariseu” significa “separar”. O Dicionário Vine registra que o surgimento do grupo foi resultado da busca por uma “completa separação dos elementos não judaicos” e justifica porque o termo passou a ser sinônimo de hipocrisia: “Em seu zelo pela lei, eles quase a divinizaram e a atitude deles tornou-se meramente externa, formal e mecânica. Eles punham ênfase, não na retidão da ação, mas em sua justeza formal”. Os fariseus são um exemplo claro de como toda religiosidade,
sem a vida do Espírito, pode conduzir a tragédias espirituais. - Um fariseu evangelizado. “Filho do Homem”, “Filho unigênito” e “unigênito Filho de Deus” (Jo 3.13,14.16,18). Jesus vale-se desses títulos e expõe a Nicodemos a imprescindível necessidade de crer nEle para ter a vida eterna (Jo 3.16). Esta mensagem produziu algum efeito no coração de Nicodemos. Isso é demonstrado em João 7.50,51 quando, junto aos fariseus, repreende a conduta deles, que condenavam Jesus sem ouvi-lo. Essa atitude de Nicodemos precisa ser considerada, pois mostra que já havia nele certo grau de fé em Jesus, ao ponto de defendê-lo diante dos furiosos fariseus e sujeitar-se a ser censurado por eles.
- No grupo dos discípulos. No segundo momento em que aparece, Nicodemos está ainda entre os fariseus (Jo 7.47-52). Mas quando Jesus foi crucificado, ele aparece junto a José de Arimateia, identificado como discípulo de Jesus (Jo 19.38,39). Naquela ocasião, Nicodemos leva especiarias para a preparação do corpo de Jesus (Jo 19.39) e já não estava mais na companhia dos fariseus. A mensagem do Filho De Deus havia realmente tocado seu coração. Embora o tamanho ou a profundidade da fé não possa ser aferida, é possível inferir um nítido crescimento em Nicodemos nos três episódios em que ele aparece. Quanto a esse último, Myer Pearlman chega a dizer que “Nicodemos estava ficando mais firme na fé, chegando a demonstrar mais devoção do que os próprios discípulos que fugiram, quando veio ajudar a sepultar o corpo de Cristo”.
III – O MILAGRE DO NOVO NASCIMENTO- A regeneração. O encontro entre Jesus e Nicodemos legou-nos um dos sermões mais específicos das Escrituras acerca da regeneração. Trata-se do milagre do Novo Nascimento, através da água e do Espírito (Jo 3.5), pelo qual somos gerados de novo (Tt 3.4,5; I Pe 1.23) e passamos a ter vida eterna (Jo 3.14-17). Esse Novo Nascimento é operado em todo aquele que reconhece sua condição de pecador e crê em Cristo como seu Salvador. É essencial para o Novo Nascimento que o pecador reconheça o seu estado de morte em delitos e pecados (Ef 2.1; Cl 2.13).
A respeito da expressão “nascer da água e do Espírito” ao mesmo tempo em que o elemento água, no texto, pode estar servindo de contraste e substituição do entendimento judaico sobre contínuas purificações, significando “água espiritual”, como sugere o teólogo pentecostal Roger Stronstad, ela revela-nos a imprescindível ação da Palavra em plena consonância com o Espírito em uma só operação. Conforme o Dicionário Vine, são “dois poderes operacionais para produzir- o novo nascimento, que são ‘a palavra da verdade’ (Tg 1.18; I Pe 1.23), e o Espírito Santo (Jo 3.5,6)”.
- Regeneração no método da salvação. A regeneração é uma das obras que Deus realiza em nós no processo de salvação, Outras são: a justificação, a adoção e a santificação, Como já vimos, a regeneração é um renascimento espiritual, “a ação decisiva e instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza interior” (Stanley Horton). Na regeneração, o espírito humano é vivificado, ou seja, a vida de Deus torna-se operante em nós, libertando-nos dos desejos da carne e nos habilitando a andar no Espírito (Ef 2.1-10; Gl 5.1-25; Ez 36.26,27). Há uma mudança em nossas inclinações, desejos e motivações íntimas. O Espírito opera em nós uma obra sobrenatural de transformação que atinge os três aspectos da natureza humana; pensamento, sentimento e vontade.
É por isso que todos os regenerados precisam viver diariamente dependentes do Espírito Santo, a fim de continuarem frutificando nEle. Quanto à justificação, é Deus, em Cristo, nos declarando justos (Rm 5.1). Pela adoção, somos considerados filhos (Jo 1.12), herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo (Rm 8.17). São obras instantâneas realizadas em decorrência dos méritos de Cristo, ou seja, fruto do seu sacrifício por nós na cruz do Calvário (Is 53.1-12; Ef 1,3-14; 2,1-16). Já a santificação é progressiva, começa com a regeneração e deve prosseguir por todo o tempo de nossa vida na terra (I Ts 5.23; Hb 12.14).
- Regeneração e batismo no Espírito Santo. É muito importante considerar a diferença entre a regeneração, que está no campo da Soteriologia, e o batismo no Espírito Santo, que está no campo da Pneumatologia. São experiências espirituais distintas que não podem ser confundidas. Os discípulos, que tinham consigo a presença de Jesus, experimentaram a obra de regeneração após sua ressurreição. João registra o momento dessa experiência: “E [Jesus] assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (Jo 20.22). Conforme Donald Stamps, “era a primeira vez que a presença regeneradora do Espírito Santo e a nova vida do Cordeiro ressurreto saturavam e permeavam os discípulos,” Numa clara demonstração de que a experiência do batismo no Espírito é distinta dessa obra regeneradora, Jesus ordenou aos discípulos que ficassem em Jerusalém, até que do alto fossem revestidos de poder (Lc 24.49), ou seja, fossem batizados no Espírito Santo, conforme Atos 1.4,5 A promessa se cumpriu no dia de Pentecoste e foi evidenciada com o falar em Línguas (At 2.1-4), Portanto, os discípulos já tinham o Espírito Santo, recebido no momento da regeneração, mas ainda não haviam
recebido o batismo no fogo (Lc 3,16).
CONCLUSÃO
O diálogo entre Jesus e Nicodemos é uma clara exposição do cumprimento do plano salvífico, com a vinda do Filho de Deus ao mundo, como oferta de salvação para toda a humanidade. O amor de Deus não está limitado a um grupo de pessoas, em detrimento de quem quer que seja. Todos, indistintamente, são chamados à salvação, cuja experiência inicial e fundamental é a regeneração, o Novo Nascimento.
Postado por: Pr. Ademilson Braga
Fonte: Editora CPAD