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Adultos - CPAD

Somos cristãos

Publicado

em

EBD – Adultos – EDIÇÃO: 664 – 1º Trimestre – Ano: 2025 – Editora: CPAD

LIÇÃO – 02 – 12 de janeiro de 2025

TEXTO ÁUREO

“Pelo que julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus.” (At 15.19)

VERDADE PRÁTICA

O Cristianismo é uma religião de relacionamento pessoal com o Cristo ressuscitado e não um conjunto de regras e ritos.

LEITURA DIÁRIA

Segunda-feira – Mt 9.t6
O Cristianismo Judaizante é remendo novo em vestidos velhos
Terça-feira – At 11.26
Ser cristão significa ser discípulo e seguidor de Cristo
Quarta-feira – At 15.1,5
Os judaizantes condicionavam a salvação à observância da Lei de Moisés
Quinta-feira – Rm 3.28
O ser humano é justificado pela fé, sem as obras da Lei
Sexta-feira – Gl 1.8,9
Paulo chama essa doutrina judaizante de outro evangelho
Sábado – Fp 3.5
O combate à tendência judaizante por uma autoridade de origem judaica

LEITURA BÍBLICA

Gálatas 2.1-9,14

1- Depois, passados catorze anos, subi, outra vez, a Jerusalém com Barnabé, levando também comigo Tito.
2 – E subi por uma revelação e lhes expus o evangelho que prego entre os gentios e particularmente aos que estavam em estima, para que de maneira alguma não corresse ou não tivesse corrido em vão.
3 – Mas nem ainda Tito, que estava
comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se.
4 – E isso por causa dos falsos irmãos que se tinham entremetido e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus, para nos porem
em servidão;
5 – aos quais, nem ainda por uma hora, cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós.
6 – E, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa (quais tenham sido noutro tempo, não se me dá; Deus não aceita a aparência do homem, esses, digo, que pareciam ser alguma coisa, nada me comunicaram;
7 – antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão
8 – porque aquele que opera eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios,
9 – e conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que se me havia dado, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos os gentios e eles, à circuncisão;
14 – Mas, quando vi que não andavam bem e diretamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios e não como judeu, por que obrigas os gentios avíverem como judeu?

INTRODUÇÃO

A Igreja herdou dos judeus muitas ideias e práticas no campo teológico e ético, visto que a jornada histórica da Igreja começou em Jerusalém no dia de Pentecostes numa comunidade judaica. E esses pontos de interseção levaram alguns a confundir a Lei de Moisés com a Graça. Nesta lição, veremos que Gálatas 2 é um relato de um dos debates que mostram o limite entre Judaísmo e Cristianismo, e os apóstolos, principalmente Paulo, tiveram muita dificuldade de mostrar isso aos judaizantes.

I – PREVENINDO-SE CONTRA A TENDÊNCIA JUDAIZANTE

1- Subindo outra vez a Jerusalém (Gl 2.1,2). Catorze anos depois da sua conversão a Cristo, Paulo sobe pela segunda vez a Jerusalém. Essa segunda visita foi por revelação (v.2; At 11.27-30), não sendo uma convocação pelos apóstolos para prestação de contas. Não podemos confundir essa visita de Paulo com a sua ida ao Concílio de Jerusalém, registrado em Atos 15. Infere-se que a Epístola aos Gálatas foi escrita antes do referido Concílio, pois não há menção dele na carta, visto que o Concílio tratou do mesmo assunto (At 15.5,6). Somando os anos mencionados em Gálatas, podemos afirmar que essa visita aconteceu antes de sua Primeira Viagem Missionária.
2- Objetivo da reunião. É bom lembrar que essa reunião não foi um concílio nem um sínodo. É possível que essa segunda visita, por meio de revelação (v.2), tenha ligação com Ágabo, pois a missão de Paulo, pelo que parece, foi levar donativos para os irmãos pobres da Judéia (At 11.27-30). Aproveitando a ocasião, o apóstolo expôs o Evangelho que vinha pregando aos gentios há catorze anos (vv.1,2). Ele tinha convicção de que recebeu esse Evangelho de Deus e estava consciente de que a sua subida a Jerusalém era em obediência a uma ordem divina.
3- Tito e a circuncisão (v.5). Barnabé era judeu (At 4.36) e seu nome aparece três vezes nesse capítulo (vv.1,9,13); sua presença na reunião em Jerusalém não seria um problema. Tito, no entanto, sendo grego, foi um risco que Paulo correu, mas não foi uma provocação introduzir um incircunciso no seio dos judeus. Os judaizantes queriam que Tito fosse circuncidado. Encontramos no Novo Testamento a compreensão e a tolerância de Paulo com os fracos na fé, a ponto de circuncidar Timóteo, mas ele era judeu, pois sua mãe era judia (At 16.3); no entanto, nessa reunião em Jerusalém, onde expôs o Evangelho que pregava aos gentios, ele não cedeu nem um pouco, “nem por uma hora” (v.5). Isso por duas razões: Tito era grego, e porque estava em jogo a verdade do Evangelho e o futuro do próprio Cristianismo.

II – A TENDÊNCIA JUDAIZANTE NO INÍCIO DA IGREJA

1- O espanto do apóstolo. Tão logo Paulo retornou de sua viagem, ficou sabendo que os irmãos da Galácia estavam vivendo outro evangelho, e isso deixou o apóstolo estarrecido e atônito pela rapidez do desvio deles (Gl 1.6). O verbo grego metatithesthe, “deixar, abandonar, desertar, mudar de pensamento, virar a casaca”, que o apóstolo emprega nessa passagem, era usado na antiguidade quando alguém desertava do exército ou se rebelava contra ele. Isso significa também mudança de partido político, filosofia e religião. Em outras palavras, aqueles irmãos gálatas estavam abandonando a fé.
2- Quem eram os judaizantes (v.4)? O termo judaizante vem do verbo grego ioudaizō, “viver como judeu, adotar costumes e ritos judaicos”, e aparece uma única vez no Novo Testamento (Gl 2.14). Eles eram os opositores de Paulo, identificados também como “falsos irmãos” (v.4). São reconhecidos no capítulo anterior (Gl 1.7) como os que se apresentavam como enviados por Jerusalém, a igreja-mãe. Na verdade, esses homens saíram de Jerusalém por sua própria conta. Tiago negou formalmente as declarações deles, dizendo que não os havia enviado (At 15.24). Eram legalistas dentre os judeus, e por isso chamados de judaizantes. Esses judeus, convertidos ao Senhor Jesus, ensinavam que os gentios deveriam observar a Lei de Moisés como condição para salvação (At 15.1).
3- O clima de tensão (vv. 3-5). Não é necessário muito esforço para perceber o quanto Paulo e Barnabé foram pressionados pelos judaizantes diante dos demais apóstolos de Jerusalém. À luz do versículo 9, parece que somente João, Pedro e Tiago estavam presentes. Os outros apóstolos deviam estar em plena atividade missionária em outras regiões. Os judaizantes chamados de “falsos irmãos” conseguiram “furar o bloqueio” e entraram sem serem convidados à reunião (v.4). Eram inimigos da liberdade cristã, do Evangelho, de Paulo e do próprio Cristianismo. O pior de tudo é que essas pessoas estavam infiltradas na igreja, e conseguiam até entrar em reuniões apostólicas.

III – A TENDÊNCIA JUDAIZANTE HOJE

1- O mesmo Evangelho (vv.7-9). O Evangelho é um só, não há dois. O Evangelho de Pedro e o de Paulo, também chamado respectivamente de Evangelho da Circuncisão e da Incircuncisão, são meras formas de apresentação, pois o conteúdo é o mesmo. Ambos receberam uma incumbência da parte de Deus, mas com audiências diferentes. O compromisso de Paulo era com os gentios, ele foi constituído, por Deus, apóstolo e doutor dos gentios (I Tm 2.7; II Tm 1.11) para pregar aos não judeus (Rm 11.13); o de Pedro era com os judeus, mas a mensagem é a mesma.
2- O perigo da doutrina judaizante. Os apóstolos viam em tudo isso dois problemas sérios: ameaça à liberdade cristã e o perigo de o Cristianismo se tornar uma mera seita judaica. Os cristãos judaizantes alteravam o cerne do Evangelho, pois colocavam a Lei como complemento da obra que Jesus efetuou no Calvário. Era, de fato, “outro evangelho”, por isso o apóstolo Paulo os amaldiçoou (Gl 1.8,9). Na verdade, quem tem o Espírito Santo vive pelo Espírito. Então, contra a tendência judaizante é preciso aprender a viver na dependência do Espírito e não da Lei, lutando contra os vícios da carne e buscando as virtudes do fruto do Espírito.
3- As práticas judaizantes atuais. Elas são basicamente a guarda do sábado, a observância rigorosa do kashrut (termo hebraico para as leis dietéticas do judaísmo), a liturgia da sinagoga, o uso do shofar, “trompa”, geralmente feito de chifre de carneiro; o uso de talit, o manto ou xale usado para oração; e, o uso do kippar, o solidéu que os judeus religiosos usam sobre a cabeça.

a) Os judeus. Os judeus messiânicos, principalmente em Israel, seguem a tradição judaica. Isso acontece simplesmente para preservar a identidade cultural deles e tem amparo neotestamentário: “É alguém chamado, estando circuncidado? Fique circuncidado” (I Co 7.18a). Ou seja, na conversão a Cristo do judeu, ele não precisa mudar a sua tradição e cultura.
b) Os não judeus. Da mesma forma: “É alguém chamado, estando incircuncidado? Não se circuncide” (I Co 7.18b). Ou seja, ele não precisa se judaizar. É erro o não judeu adotar práticas judaicas na liturgia e no dia a dia para imitar o Judaísmo. Paulo conclui: “Cada um fique na vocação em que foi chamado” (I Co 7.20).

CONCLUSÃO

O resultado da reunião foi desfavorável aos judaizantes. Só o fato de os apóstolos, sendo judeus, concordarem com a explicação sobre a especificidade de cada grupo dada por Paulo, já apontava o engano desses legalistas sobre a obra salvífica em Cristo. Esse resultado serviu tanto aos gálatas como a todo o Cristianismo nesses mais de vinte séculos de história. Assim, a diferença entre os judeus messiânicos e os cristãos judaizantes atuais é que os judeus estão preservando uma cultura hereditária do seu povo e os judaizantes colocando “remendo novo em pano velho” (Mt 9.16).

 

 

 

Postado por: Pr. Ademilson Braga

Fonte: Revista CPAD

 

 

 

 

 

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