Adultos - Betel
Salmos: um guia devocional para o cristão
EDIÇÃO: 14 – 2º Trimestre – Ano: 2020 – Editora: BETEL
LIÇÃO – 01 – 05 de abril de 2020
TEXTO ÁUREO
“Cantai louvores ao Senhor com a harpa; com a harpa e a voz do canto.”, Salmo 98.5
VERDADE APLICADA
O livro de Salmos muito contribui para a vida de adoração e oração do discípulo de Cristo.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
Salmos 42
1. Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!
Salmos 44
1. Ó Deus, nós ouvimos com os nossos ouvidos, e nossos pais nos têm contado a obra que fizeste em seus dias, nos tempos da antiguidade.
Salmos 45
1. O meu coração ferve com palavras boas, falo do que tenho feito no tocante ao Rei. A minha língua é a pena de um destro escritor.
INTRODUÇÃO
É provável que a maioria dos cristãos tenha recorrido ao livro dos Salmos em algum momento da sua vida, seja de angústia ou de alegria. A Igreja tem se valido dos seus ensinamentos, portanto é necessário conhecê-lo.
I. TÍTULO, DIVISÃO DO LIVRO E AUTORES
Neste tópico, analisaremos o título, a divisão e os prováveis autores do livro de Salmos.
1. Título.
A palavra Tehilim (habraico) significa louvor e, por isso, podemos traduzi-lo como “O livro dos louvores”. Tehilim é o livro dos Salmos. Trata-se de composições métricas, do hinário de Israel. Conforme descreve Mathew Henry: “Embora cantar seja bem a voz da alegria, a intenção das canções é de uma latitude muito maior: auxiliar a memória e expressar e incentivar todos os outros afetos, bem como alegria”. No livro de Salmos, encontramos a enunciação de diversos sentimentos – alegria e tristeza, desejo de intimidade e proteção do Senhor e exaltação dos Seus feitos. Este livro, divinamente inspirado por Deus, não se resume a uma canção. Os versículos de Tehilim (Salmos) ensinam, alertam e trazem à memória os feitos e agir de Deus. Percebemos que o louvor genuíno deve fazer parte da vida do cristão. Por intermédio do louvor, exaltamos a Deus por Sua soberania e Seus feitos.
2. Divisão do livro.
É comum considerar a divisão do livro de Salmos em cinco livros, que começam respectivamente no Salmo 1,42, 73, 90 e 107. David M. Howard Jr. destaca uma interessante observação feita por Gerald H. Wilson sobre o livro começar com um Salmo que exalta a relevância da meditação na Palavra de Deus [Sl 1] e encerrar com uma exortação a todos para louvar ao Senhor [Sl 150]. Assim a vida deve ser vivida: pautada na Palavra de Deus e para a glória de Deus!
3. Autores.
É importante ressaltar que nem todo Salmos é de autoria de Davi. Talvez por ser mais conhecido e atribuído a ele um maior número de Salmos (73 para alguns comentaristas) é que seja comum denominar “Salmos de Davi”. Porém há salmos cuja autoria é desconhecida ou sem consenso entre os estudiosos (50 salmos, segundo a Bíblia da Escola Bíblica), como os salmos 1, 2, 10, dentre outros. Outros autores são: Moisés, Salomão, Asafe, Hemã, Etã, filhos de Corá. Assim, o Espírito Santo inspirou e conduziu diferentes pessoas em diversos momentos para registrar que, independente dos contextos e épocas, o Senhor Deus é digno de adoração em todo o tempo e dEle somos dependentes.
II. Principais características do livro.
O livro de Salmos é classificado como literatura poética hebraica. Com conteúdo caracterizado por expressões que retratam emoção, ritmos e linguagem metafórica, como comentou Esdras Bentho. O que não significa que são textos fruto da imaginação humana. Escritores inspirados por Deus fizeram uso de vários recursos estilísticos para transmitir a mensagem.
1. A poesia hebraica.
Não apenas no livro de Salmos encontramos poesia, mas, também em outros textos do Antigo Testamento, como: Êxodo 15.1-19; Deuteronômio 32; Juízes 5.1-31. Como comentado na Bíblia de Estudo Palavras-Chave: “Trata-se de uma poesia diferente de nosso tempo, pois não envolve a rima de sons, mas a “rima” de pensamento ou ideias”. Encontramos em vários salmos a descrição de sentimentos intensos e como os escritores lidaram com os mesmos.
2. Acrósticos.
Salmos também contém poemas acrósticos em que o conjunto das primeiras letras de cada verso formam uma palavra, ou seguem uma sequência alfabética. A título de exemplo, no Salmo 119, os versos são reunidos de oito em oito, cujos grupos começam com uma mesma consoante. Assim trata-se de um recurso literário que muito contribui para a memorização, a qual tinha uma grande importância, principalmente no contexto judaico no tempo antigo. Tal fato nos faz lembrar da importância de utilizarmos diferentes recursos no processo ensino-aprendizagem da Palavra de Deus.
3. Refrão.
Outras características dos Salmos são os refrãos. Refrão é a repetição de uma frase ou fórmula. Em alguns salmos, é possível perceber referida repetição com maior clareza. No salmo 107, por exemplo, há repetição dos seguintes versos (alguns com pequenas variações): 1) “E clamaram ao Senhor na sua angústia, e ele os livrou das suas necessidades” [Sl 107.6, 13, 19, 28]; 2) “Louvem ao Senhor pela sua bondade e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens” [Sl 107.8, 15, 21, 31]. No primeiro refrão, percebemos claramente o grito por socorro; no segundo, a gratidão e a resposta do Senhor. Os refrãos tem importante função, seja para organizar o poema, seja para reforçar o tema nele abordado. Trata-se de um modo de combinar e organizar o pensamento.
III. ESCLARECIMENTO DE ALGUMAS EXPRESSÕES
Neste tópico, destacaremos os prováveis significados dos termos Selá, Higaiom, Mictão, Jedutum, Masquil e Degraus. É importante destacar que não há um único entendimento sobre os seus significados havendo constante debate sobre o tema.
1. Selá, Higaiom e Mictão.
São termos considerados técnicos da área musical encontrados em vários salmos. Algumas versões omitem estes termos como a NTLH e a ARA (2ª edição). Já a versão BKJ (Atualizada) apresenta tais termos já traduzidos ou com a ideia mais comum entre os comentaristas. Portanto, não há consenso quanto à exata ideia que tais termos queriam expressar nos diversos cânticos. O termo “Selá” é bastante utilizado – ocorre setenta e uma vezes (Salmos 3, 4, 24, 46, entre outros). A Septuaginta considera como uma “pausa” ou “interlúdio musical”. Já o termo “Higaiom” (Salmo 9.16 – aparece junto com “Selá”) pode se referir a um momento para “meditação”. O comentarista Derek Kidner diz que “Higaiom” também está presente nos Salmos 19.14 3 92.3 nas frases “meditação do meu coração” e “harpa com som solene”. O termo “Mictão”, presente nos Salmos 56-69, por exemplo, pode se referir a “oração silenciosa” ou, como registrado por Dake, “texto gravado ou permanente”.
2. Jedutum e Masquil.
As anotações editoriais dos salmos 39, 62 e 77 estão relacionadas com Jedutum. Mencionado em I Crônicas 16.41-42; 25.1, 3; II Crônicas 5.12, entre outros textos, Jedutum era da família dos levitas e habilidoso na música. Junto com Asafe e Hemã, seu nome está associado a louvores, profecias, instrumentos musicais. Já o termo “Masquil” encontrado no título de alguns salmos, como 32, 42, 44-45, por exemplo, também não há consenso quanto ao seu sentido. Podendo ser “salmo de entendimento” ou “salmo didático” (BKJ). Dake identifica como “ensino”. Contudo, também há outras sugestões, como “salmo eficaz” ou “salmo habilidoso”, conforme Kidner.
3. Degraus.
Degraus, cujo significado literal é subir, ou, ainda, “Cântico gradual”, “Cântico de peregrinação”, consiste na tradução dos títulos dos salmos 120-134. A Bíblia Judaica Completa traduz como “Canção da subida”. Há diversas interpretações para o uso deste título, sendo a mais provável a que faz referência aos cânticos entoados pelos peregrinos quando subiam para Jerusalém [Sl 122.4].
CONCLUSÃO
O livro dos Salmos é um indispensável guia para o louvor e a oração, tanto individual como coletiva, principalmente neste tempo de tantas distorções e superficialidade doutrinária expressas em muitos cânticos.
Postado por: Pb. Ademilson Braga
Fonte: Revista Betel