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E.B.D

Quem segue a Cristo anda na prática do perdão e do amor

Publicado

em

EBD – Jovens – EDIÇÃO: 82 – 3º Trimestre – Ano: 2022 – Editora: CPAD

LIÇÃO – 05 – 31 de julho de 2022

TEXTO PRINCIPAL

“Então, o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida.” (Mt 18.27)

LEITURA SEMANAL

Segunda-feira – II Ts 2.12
A humanidade sem Deus
Terça-feira – Tt 2.14
A finalidade do perdão
Quarta-feira – Sl 77.11
A memória do bem do Senhor
Quinta-feira – Mc 11.25
O perdão, distintivo do cristão
Sexta-feira – At 2.44
Amor e misericórdia
Sábado – I Jo 4.8
Uma existência de amor

TEXTO BÍBLICO

Mateus 18.31-35

31 Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara.
32 Então, o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste.
33 Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?
34 E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia.
35 Assim vos fará também meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas.

INTRODUÇÃO

Nossa sociedade está espiritualmente adoecida. Um sintoma desse quadro terrível é a falta de amor, profeticamente anunciada por Cristo, e a expressão máxima dessa carência de amor está na promoção da vingança em detrimento do perdão. O amor verdadeiro se materializa em atos de perdão, que se recebe e que se doa. Então, para termos uma transformação social, precisamos estabelecer o perdão como princípio fundamental das relações interpessoais.

I – UMA PARÁBOLA SOBRE A GRAÇA IMERECIDA

1- A dívida era impagável do ponto de vista humano. A primeira parte da parábola do credor incompassivo desnuda a miserável condição de toda a humanidade: éramos todos devedores de um débito impossível de ser saldado. O domínio do pecado sobre nós era pleno. Portanto, por si mesmo, isto é, por seus méritos ou estratégias, a humanidade jamais conseguiria romper o ciclo maldito de escravidão e repetição do mal. A cegueira espiritual fez-nos desejar o mal e odiar o bem (II Ts 2.12); nos comportávamos de maneira tola, com uma arrogância típica de quem está tão perdido e que não sabe nem por onde começar (Rm 1.29-32).

Somente uma intervenção deliberada e graciosa de Deus poderia oportunizar um futuro diferente do Inferno para cada uma das filhas e filhos de Adão (Tt 2.14). A boa notícia de Cristo é exatamente esta: O perdão nos foi concedido por quem, em primeiro lugar, havíamos ofendido em todos os nossos atos pecaminosos, ou seja, pelo próprio Deus. Não foi o pedido desesperado do devedor que mudou o estatuto espiritual em que ele vivia; foi o bondoso coração do Rei do Universo.

2- A compaixão de Deus. Essa é a fonte de toda a esperança que devemos ter na vida: a grande compaixão divina que não nos mede por nossos atos inconsequentes cometidos sob o controle do Maligno, mas nos olha a partir da ótica do amor (Ef 2.4,5). Louvemos ao Deus Criador que, mesmo sendo o soberano do Universo, se permite comover diante de nossos sofrimentos e angústias (Mt 18.27: Mc 1.41). Essa é a óbvia conclusão a que chegamos, ao analisar a parábola do credor sem misericórdia; somente um Deus rico em misericórdia poderia tratar aqueles que não tinham valor algum como pessoas dignas de respeito, atenção e perdão (Sl 145.8). Essa é a vida que Ele preparou para nós, uma existência de restauração, liberdade e compaixão (Mc 5.19).

3- O Reino dos Céus como lugar de vivência do perdão. Deus nos convida para uma experiência plena de perdão. O coração do Senhor está voltado para nos oferecer uma vida, na qual a misericórdia seja uma constante e não apenas um pico de emocionalismo. Quando aquele homem da parábola saiu da presença do seu senhor, não havia mais nada a dever, nenhum tipo de débito passado que seria cobrado no futuro. Essa é a marca inconfundível do perdão do nosso Deus: Ele tem o poder de mudar nossas vidas, mas isso não se realiza de modo automático, arbitrário, à revelia daquele que foi perdoado. Nosso desafio diário é viver o perdão divino em todos os níveis e em todas as formas de nos relacionarmos.

Compreendamos, então, que o amor que foi manifesto na cruz do Calvário tem poder de nos salvar por meio do perdão. Porém, nos salva para uma trajetória que se constitui para a glória de Deus. Se, por uma decisão pessoal inconsequente, resolvemos praticar de modo sistemático e deliberado algo que não espelhe a graça e o perdão divino, rompemos nosso relacionamento com Deus, e voltamos à condição de miseráveis rebeldes (Hb 8.12; 10.17). 

II – CONSEQUÊNCIAS DO PERDÃO

1- Somos perdoados para amar. Para que Deus nos perdoou? Se o Eterno nos concedeu o livramento de não sermos eternamente condenados ao Inferno, o que Ele espera de nós? Se quisermos utilizar a parábola de Mateus 18.23-34 como chave-de-leitura para essa questão, a resposta seria amor. Sim, o Criador nos ofereceu perdão para que uma vez experimentando a verdadeira vida, livre do peso do pecado e da morte, sejamos praticantes daquilo que é o propósito de nossa existência: a potência do amar (I Jo 4.8). O fracasso da personagem perdoada pelo seu senhor se expressa no fato dele não ter correspondido com amor quando isso lhe foi exigido, Não era uma questão de falar a respeito do amor, de discursar sobre misericórdia, mas de pôr em prática, de encarnar relacionalmente a amplitude do milagre que é ser amado e perdoado pelo bondoso Deus (Mc 11.25).

2- O dever de desenvolver uma memória compassiva. Muitas pessoas vivem presas em terríveis egoísmos, gente que quer ser tratada com o máximo de paciência possível, mas não é capaz de fazer o mesmo com os outros. Na parábola, o perdoado pelo rei, diante da vida nova que ganhou, insistiu em viver conforme os antigos padrões e essa foi sua ruína. Jamais nos esqueçamos da situação desgraçada da qual fomos resgatados, e somente assim poderemos oferecer a outras pessoas aquilo que temos recebido de Deus (I Jo 5.1; I Pe 2.17). Essa então é a bênção de uma memória compassiva, isto é, de uma mente que se lembra de modo constante das maravilhas que o Altíssimo fez por cada um de nós (Sl 77.11).

Nossa forma de olhar, depois da experiência do perdão, deve ser completamente guiada pela métrica do amor. Assim, não devemos mensurar os outros por aquilo que recebemos deles, como se a vida fosse uma eterna negociação interesseira, ou por aquilo que podemos extrair desse relacionamento, como se fôssemos sugadores de vida, alegria e riquezas dos outros. O Evangelho nos convida para uma existência de amor e empatia.

3- As exigências de uma vida perdoada. Existe um tipo de pseudo evangelho muito comum em nossos dias. Nele, as pessoas advogam a tese absurda de que o perdão é uma carta de alforria para se tornar qualquer coisa, inclusive, causador de sofrimento nos outros. Isso é um completo absurdo, e é óbvio que não se propaga assim, de modo tão explícito. Em nossos dias muitos aprisionam pessoas em sua infantilidade espiritual, prendendo-as a invejas, ganância e arrogância (Mt 7.5).

A distorção do amor de Deus se estabelece assim: invoca-se a graça de Deus como garantidora de uma vida de pecado, na desculpa de que o perdão nos faz imunes às consequências de nossas irresponsabilidades (Rm 3.3-7). Ser discípulo de Cristo exige de nós um coração que se converta a Deus em tudo, o tempo todo (Lm 5.21). O personagem da parábola perdeu tudo, não em virtude de sua dívida impagável, mas porque seguiu seu coração perverso. Uma vez perdoados, é nosso dever ser santos, cheios de compaixão e misericórdia para com todos.

III – SEGUINDO O AMOR DE JESUS

1- Amar, o fundamento do crente. Sejamos objetivos: se existe algo que você faz em sua vida e não carrega a marca do amor, o distintivo da graça, abandone-o. Não importa onde seja, na igreja, em família, na universidade, trabalho, aquilo que você faz e não expressa a majestade do amor divino deve ser nomeado de inutilidade e, muito provavelmente, definido como prática pecaminosa. Essa é a amplitude do amor nas nossas vidas, que se constitui como o elemento balizador de todas as nossas atitudes e escolhas. Se o amor não cabe em alguma decisão que pretendemos tomar, ela simplesmente não deve sequer constar como uma alternativa às nossas vidas. Os cristãos devem ser conhecidos exclusivamente pelo amor, pela insistência de tentarem se comportar como o bendito Cristo, ou seja, vivendo pelo e para o amor (I Co 13.1-3).

2- As formas de amar. Não existe amor a Deus que abandone os filhos dEle com quem convivemos. Não há amor ao próximo que exclua os valores eternos e o próprio Altíssimo da equação afetiva. Um “amor” que se fundamenta na iniquidade não passa de um embuste libertino praticado por pessoas que, desejosas de fugir de suas consciências cansadas por suas transgressões cotidianas, procuram se “dopar” de falácias espirituais. Por outro lado, um amor que não se deixa afetar pelo sofrimento alheio, que ignora a angústia dos pequeninos e frágeis, é puro farisaísmo. Somos exortados à prática do amor, experiência que se estrutura simultaneamente, de modo vertical, em nosso relacionamento com o Rei que está assentado no trono, e de maneira horizontalizada em nossa comunhão diária com as demais filhas e filhos de Adão. Quem proclama amor a Deus, mas odeia o pecador, o sofrido, não passa de pregoeiro de mentiras.

3- O amor como unidade, dualidade e multiplicidade. Lembremo-nos de que na narrativa do Evangelho de Lucas, a discussão sobre o primado do amor é enriquecida com a célebre parábola do Bom Samaritano (Lc 10.25-37). Nesta imagem bíblica fica bem claro que os contemporâneos de Jesus conseguiam compreender bem a natureza singular do amor ao Deus único de Israel (Dt 6.4), e também eram capazes de entender a natureza dual do ágape divino, que se expressa na certeza pessoal de que cada um de nós tem de ser amado. Em resumo: entendemos o amor como experiência, também como vivência relacionada ao sermos individualmente tocados pela graça que nos ama. Este é o problema central da parábola, restava saber quem era o outro, o próximo a ser amado. É neste momento que Jesus condena todos os exclusivismos, pois o próximo é digno do genuíno amor que vem do Redentor deve ser todos, independe de sua ascendência étnica, condição social, erros pregressos ou estado atual. 

CONCLUSÃO

O Cristianismo não é um exercício teórico; crer em Jesus significa assumir uma atitude propositiva diante do mundo de pecado e dor em que convivemos. Nossa fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus, se materializa nestas duas práticas tão nobres: amar e perdoar.

 

 

Postado por: Pr. Ademilson Braga

Fonte: Editora CPAD

 

 

 

 

 

 

 

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