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O mercado da fé
A igreja não é uma comunidade perfeita. Seus fiéis são pessoas humanas sujeitas a falhas. Não obstante, é por meio dela que Deus realiza a sua obra, através de homens de fé, por Ele chamados segundo a sua Palavra (Ef 4.11-12). A fé é um dom de Deus que pode levar o homem a realizar grandes coisas (Hb 11).
Infelizmente, hoje vemos uma espécie de “mercado da fé”, que está ligado à cobiça e à avareza. Aquele “cristão” que ajunta riquezas de forma ilícita é chamado por Jesus de mercenário. O mercenário trabalha só para promover-se e locupletar-se, sempre usando o nome de Deus, “cuidando que a piedade seja causa de ganho” (1 Tm 6.5). São os pecados de simonia, de mercadejar as coisas sagradas apenas por interesse ou vantagem pessoal.
Estamos enfrentando atualmente uma avalanche de inovações no meio evangélico, e especialmente por causa dos mensageiros desse mercado. Com suas práticas e modismos, eles conseguem incrementar no meio da igreja doutrinas estranhas. Algumas dessas doutrinas foram importadas, outras inventadas. E assim vai-se formando um sincretismo de doutrinas exóticas sem nenhum apoio bíblico, quebrando as tradições e minando os alicerces de nossa fé (Lc 6.48).
Os pregadores desse mercado condicionam o recebimento das bênçãos divinas à venda de seus produtos e à aceitação de suas estranhas mensagens, caso contrário seus ouvintes receberão “maldições”. Na prédica, oferecem de tudo, até mesmo anéis, rosas vermelhas e medalhas imantadas para que não mais alimentos na geladeira. Depois de esgotarem seu estoque de mercadoria, pedem para si “ofertas voluntárias” ou de “sacrifícios”, sem estipular valor. Vale tudo: relógios, bicicletas, rádios, tevês e até chaves de carro. Dessa maneira, tem conseguido lesar muitas pessoas. “Apostasia é uma coisa que somente pode acontecer nas esferas da profissão cristã”, diz Scrogie.
Jacó, antes de se converter, lesou desonestamente seu irmão Esaú, seu sogro Labão e seu próprio pai, pagando um preço caro por todo esse mercenarismo (Gn 25.29-34). Não há como escapar da justiça divina. Há outros exemplos: Balaão, o profeta mercenário (2Pd 2.15 e Js 12.22); Geazí, o servo de Eliseu (2Rs 5.20-27); e Simão, o mago (At 8.12-23). Demas, um cooperador de Paulo, “amou o presente século”. É bem provável que esse “presente século” refira-se a vantagens materiais. Paulo diz que Demas foi para Tessalônica, possivelmente atrás de maiores salários. Tessalônica naquela época era um espécie de Zona Franca, onde corria muito dinheiro.
No mercado da fé observa-se a lei a oferta e da procura. Tem oração para todos os gostos: descarrego, tirar encosto e amarrar o Diabo. Às vezes a oferta é estipulada de acordo com a possibilidade do cliente, com direito a brindes como medalhas ou lenços ungidos. Os lenços e aventais de Paulo (At 19.12) eram de uso pessoal. Ele não mandava confeccionar para enviar. Os casos dos lenços e aventais são atos simbólicos de fé e constituem exceção, não regra, como no caso do bordão do profeta Eliseu (2Rs 4.29). Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres. Paulo usava o método certo ensinado por Cristo (Mc 16.17-20 e At 19.11).
Não basta afirmar que o pregador, pastor ou evangelista é espiritual somente porque diz que “sentiu”, “viu” ou que Deus falou”. Devemos nos lembrar da palavra de Paulo ( 2 Co 13.5 ). Que nossas igrejas sejam mais vigilantes e não caiam nas armadilhas desse mercado da fé.
Extraído
Postado por: Pb. Ademilson Braga