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O melhor para Deus
O sertão nordestino não é apenas uma região de grandes necessidades. E também um lugar de experiências fantásticas onde podemos ver o poder de Deus manifesto das mais variadas formas. Apesar do pequeno número de crentes na região, observamos o mover de Deus para abençoar a quem Ele quer e da forma como Ele deseja. :
É disso que queremos falar: do agir de Deus e de Seu cuidado em favor daqueles que nEle confiam e que por Ele se empenham sem pedir nada em troca.
Na cidade de Itaporanga, sertão paraibano, a 415 km da capital, o pastor Gildário tinha um programa numa estação de rádio local. Essa era a forma mais fácil que havia de chegar até aos locais mais remotos de boa parte da zona rural da região do Vale do Piancó. As condições financeiras da igreja eram precárias. Com um pequeno número de membros, a grande maioria de pessoas sem condições de ofertar até mesmo para o sustento da igreja. Nada sobrava para, pagar o programa que custava apenas R$ 50,00. A igreja tinha um déficit de mais de R$ 150,00 por mês.
O pastor Gildário saiu desesperado de casa em casa pedindo R$ 1,00 a cada ovelha. Vendo que a estratégia não estava dando certo, fez um apelo à igreja no domingo seguinte. Ele pediu suplicando às suas ovelhas: “Se a gente não tiver o dinheiro do programa do rádio ele vai acabar”. Para sua surpresa, no final do culto, ninguém o procurou para ajudar. Quatro dias depois ele foi se aconselhar com o pastor Pedro Luis, (diretor do Seminário Sertanejo da Missão Juvep).
O Pr. Pedro Luis percebeu que ele chegou muito angustiado ao seminário, com muito cuidado convidou-o para sentar e contar as novidades. Ele desabafou: – Essa história de missões é conversa fiada. Tudo é ilusão…
Diante da realidade, o Pr. Pedro passou a tentar levá-Io a uma reflexão lógica: se o dinheiro não vinha já há vários meses era porque Deus não estava no assunto. E sugeriu que desistisse do programa do radio até que a situação financeira melhorasse. Então Gildário gritou: “Eu não desisto! Se desistir vão me chamar de covarde e eu não sou covarde! Vão me chamar de derrotado. Eu não sou derrotado!”
O Pr. Pedro percebeu que se tratava de algo além da razão e da lógica.
Alguns minutos depois, Pr. Gildário, mais tranqüilo, ofereceu algo inesperado. Disse: “compre a rifa”. Sem entender Pr. Pedro perguntou: “que rifa?” Ele respondeu: “a rifa do galo”.
A rifa
Um galo foi doado pela irmã Lourdes do povoado Capim Grosso (Zona Rural). Ela ficou inquieta para dar alguma coisa e evitar que o programa saísse do ar. Ela sabia que o programa era a única forma de centenas de moradores da zona rural, ouvirem a Palavra de Deus, sendo um excelente veículo de evangelização (segundo o pastor Pedro Luis, o programa de rádio semanal atingia mais de 50.000 pessoas com o evangelho de Jesus numa das áreas mais carentes da Palavra no Brasil). Então ela combinou com seu marido, “- Tota, meu filho, o que é que a gente vai fazer?” Ele disse, “-não sei, nós não temos nada para ofertar”. Então ela lembrou-se do seu galo. O melhor galo do terreiro, aquele que era o reprodutor e que mandava no terreiro. Então, eles concordaram e ela levou o galo para o pastor: “- Taí, pastor, nós só podemos contribuir com esse galo, venda-o e que Deus abençoe!”.
Deus abençoou
Sensibilizado com aquela realidade, o Pr. Pedro Luis redigiu uma carta, pedindo ajuda para o sertão, com o título “O Dízimo Foi Um Galo Vivo” e colocou na Internet. Quando a carta passou a circular na rede o retorno foi imediato. Várias ofertas de inúmeras igrejas, das mais diversas cidades; até de fora do Brasil chegaram para abençoar não só a igreja do Pr. Gildário, mas também.
Nessa altura, o Pr. Jeremias Pereira, da Oitava Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte ficou bastante emocionado com essa inusitada história e levantou, em sua igreja, uma oferta para cobrir dois anos do programa de rádio. E resolveu contar esse testemunho em todos os lugares onde era convidado a pregar.
Porém a irmã Lourdes não havia recebido nenhuma bênção material, até então.
Um dia ia passando um vizinho que perguntou a Lourdes se ela já tinha uma geladeira em casa. Ela respondeu que ainda não. Então ele falou: “que miséria é essa Lourdes! Tu estás aí morando em uma casa de taipa, de chão batido, com fogão a lenha. Essa história de ser crente é conversa fiada”. Lourdes respondeu calmamente: “Deus proverá, Deus proverá”.
Poucos dias depois, em Toronto no Canadá duas jovens ao ouvirem o Pr. Jeremias falar do testemunho do galo, em um acampamento evangélico, resolveram ofertar o equivalente a 800 reais para a irmã que doou o galo.
A irmã Lourdes nunca havia pegado em tanto dinheiro de uma só vez. Ela comprou então uma geladeira nova e passou a fazer picolé para levantar uma renda extra.
Não ficou só nisso, numa igreja de brasileiros em Nova York o mesmo Pr. Jeremias contou esse testemunho e, tocadas por Deus, pessoas dessa igreja compraram uma terra boa de agricultura e construíram uma casa de 120 m 2² para a irmã Lourdes.
E continua abençoando
O Pr Gildário comprou um carro utilitário para ajudar na igreja, graças à ação de Deus na iniciativa da irmã do galo. Toneladas de roupas e de alimento vieram para o sertão. Deus viabilizou plano de saúde para alguns missionários e seus filhos.
A irmã Lourdes não entende muito bem até hoje como tudo aconteceu. Ela exclama de vez em quando: “Eu não fiz nada. Eu só queria ouvir a Palavra de Deus e achava bacana ouvir os recados que o pastor mandava para a gente aqui do sitio.”
A sua motivação era apenas ajudar para que o programa não acabasse. A sua oferta foi como aquela da viúva pobre: “ela deu tudo o que tinha” (Mc 12.41-44).
A contribuição da irmã Lourdes foi desprovida de torpe ganância, ela não contribuiu pensando em retornos financeiros ou materiais, no entanto, aprouve a Deus lhe abençoar. Seu único interesse era em contribuir com o Reino de Deus, contribuir com uma obra, da qual ela própria era testemunha, dava resultados eternos.
A oferta missionária não deve ser vista como um investimento na qual os rendimentos aparecerão. Ao contrário disso, na maioria das vezes, quem contribui não vê o resultado da sua oferta. Contribuir com missões não gera Ibope, não traz fama, não faz com que sejamos vistos por ninguém. A tarefa de contribuir para a expansão do Reino de Deus e para o sustento dos missionários no campo é uma tarefa de fé baseada no seu conceito original, no qual fé é a confiança inabalável no caráter de Deus. Esse conceito nos dá a garantia de que Suas promessas são verdadeiras e que Seu Evangelho é o único caminho para qualquer pessoa chegar ao céu.
Quem confia dessa forma, não atenta nas coisas que se vêem, mas nas que não se vêem, porque as que se vêem são temporais e as que não se vêem são eternas. II Cor 4:18.
Extraído
Postado por: Ademilson Braga