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O homem a quem Deus deu milhões
Algumas pessoas têm a capacidade especial de levantar recursos financeiros, seja através de seu trabalho, do seu carisma ou das suas orações. George Muller foi uma dessas pessoas. Ele levantava, através da oração, milhões de dólares.
Sem dúvida, a maioria esmagadora dos crentes gostaria de aprender a orar como George Muller. Só que oraria com uma motivação totalmente diferente da dele. Homem íntegro e de vida simples, nunca levantou recursos em benefício próprio e nem tampouco para alimentar um estilo de vida sofisticado, cheio de luxo e de vaidades fúteis e absolutamente desnecessárias.
O crente hoje é ensinado, por muitos pregadores, a utilizar sua fé para acumular bens e mais bens, “afinal”, ensinam por aí, “Deus lhe deu o dom da fé para que você seja feliz e goze dos prazeres desta vida”, como se este fosse o legítimo propósito da vida e o projeto de Deus para Seu povo. E justificam…”Não somos filhos do Rei?”.
Esse pensamento e um sofisma demoníaco, próprio de uma sociedade hedonista e narcisista, com sua cultura pós-moderna, formada por pessoas que preferem, antes, ser amantes de si mesmas, do dinheiro e dos prazeres, a serem amigas de Deus. Aliás, querem ser amigas de Deus, contanto que Ele seja um deus que se dobre à força de sua “fé” para atender aos seus caprichos, alimentar seu ventre e resolver seus “pepinos”.
Um dos resultados desse “cristianismo” é um número assustador de igrejas sem nenhum compromisso missionário e multidões de crentes, sem santidade, sem caráter e sem paixão pela evangelização do mundo!
Ao dobrar seus joelhos na presença do Todo-Poderoso George Muller levantava fortunas. Só que esses milhões de dólares eram para a obra missionária e para sustentar as centenas de órfãos que amparava. Ele usava sua fé para levantar recursos para a glória de Deus e para abençoar vidas, nunca para satisfazer sua vaidade ou seus desejos de consumo. Sua meta de vida e ministério era claro: honrar a Deus e servi-Lo, com um coração limpo, e ser bênção para os espiritual e socialmente desamparados.
Raros são os crentes como a irmã Maria Ferraz, 85 anos. Há muito tempo ela decidiu viver um estilo de vida econômico e abaixo do seu poder aquisitivo, para ter mais dinheiro disponível para a obra de Deus, para o sustento de seminaristas e de missionários.
Conheço uma irmã de Brasília que dedica a maior parte do seu alto salário para sustentar missionários. Essa é a sua grande alegria e prazer: ver seu “rico dinheirinho” ser útil para o sustento de quem está fazendo a mais importante obra sobre a face da terra, evangelizando os lugares mais necessitados do mundo.
Há poucos anos li numa revista secular de circulação nacional que são gastos mais de 3 bilhões de reais anuais com o mercado gospel. É triste ver que a maioria dos crentes é consumidor contumaz, inclusive de quinquilharias gospels, e pouca oferta para missões.
Alguém já disse que, se quisermos conhecer profundamente uma pessoa, analisemos a forma como ela gasta seu dinheiro. Sabendo que a maioria dos chamados cristãos brasileiros gastam assim, perguntamos: que tipo de crentes temos em nosso país? Analisando os orçamentos de muitas igrejas brasileiras, perguntamos: que tipo de igrejas são essas?!
Ah, irmãos, temos muito que aprender e de que nos arrepender com a biografia de George Muller!
E o que falar (e lamentar!) de líderes que nunca tiveram nada na vida e quando o ministério começa a crescer e ter um volumoso caixa, logo compram carrões e vão morar em mansões incompatíveis com a simplicidade do Evangelho bíblico? E muitos, para justificar sua extrema vaidade, pervertem a sã doutrina ensinando aos crentes que eles têm direito ao mesmo luxo e se não o alcança é por pura falta de fé! E assim oprimem, quantos crentes, só Deus sabe!
Eu creio que não é pecado usufruir da bênção do trabalho ou do ministério. Creio que “digno é o obreiro do seu salário”. Isso é bíblico, claro. Mas, o que vemos é alguns (não poucos) líderes e “estrelas gospels” exagerando no usufruto da graça de Deus e dando vazão à vaidade do seu coração e se entregando pecaminosamente a um dos principais deuses deste século, o deus do consumo!
Quem está mais próximo do exemplo de Jesus, de Paulo e de todo o ensino bíblico, esses “grandes” líderes que desfilam seu estilo de vida sofisticado e luxuoso ou George Muller? Com quem Jesus vai se alegrar mais e a quem vai repreender?
Amado leitor, meu desejo é que eu e você possamos pedir a Deus a graça de sermos fiéis mordomos dos bens que Ele coloca em nossas mãos, quer sejamos crentes comuns ou lideres cristãos, e vivamos uma vida, pelo menos, semelhante à da irmã Ferraz, que simplificou sua vida e desnudou-se de toda vaidade desnecessária, para dispor de mais recursos para a glória de Deus e expansão do Seu Reino. E diminuir o dinheiro que, de uma maneira ou de outra, sai das nossas mãos para as causas do diabo!
Que Deus, em Sua grande misericórdia, nos ajude a sermos levantadores de recursos financeiros, quer seja através do nosso trabalho, do nosso carisma ou das nossas orações. Com os mesmos ideais e motivações de George Muller!
Extraído
Postado por: Pb. Ademilson Braga