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Jesus é superior a Josué — O meio de entrar no repouso de Deus

Publicado

em

LIÇÃO – 291 – 28 de janeiro de 2018

TEXTO ÁUREO

“Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência” (Hb 4.11).

VERDADE PRÁTICA

O descanso provido por Josué foi terreno, temporário e incompleto; o descanso provido por Cristo é celestial, eterno e completo.

INTRODUÇÃO

A conquista de Canaã sob a liderança de Josué é retratada pelo autor da Carta aos Hebreus como um tipo da Canaã celestial. Deus havia prometido a conquista da terra a Moisés e Josué (Êx 3.8; Js 1.2,3). Mas ao longo da jornada do Êxodo muitos ficaram pelo caminho. A incredulidade e a desobediência, somadas à falta de ânimo, fizeram com que o povo não vivesse as promessas de Deus em sua plenitude. O mesmo processo estava se repetindo agora com os crentes da Nova Aliança e pelas mesmas razões. A única forma de voltar para a corrida e completar o percurso, entrando no descanso de Deus, era observando a sua Palavra.

I. JESUS PROVEU UMA MENSAGEM SUPERIOR A DE JOSUÉ

Uma mensagem que deve ser recebida pela fé. O autor inicia sua argumentação com uma afirmação e uma declaração. Primeiramente ele afirma que as boas-novas foram pregadas a seus contemporâneos, assim como havia acontecido com os crentes dos dias de Josué (Hb 4.2). Tanto aqui como no versículo seis, o autor usa o verbo grego euangelizomai, que significa “evangelizar”, “pregar as boas-novas a alguém”. É a mesma raiz que dá origem à palavra “evangelho”. Em segundo lugar, o autor declara que “a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram” (Hb 4.2). Muitos crentes do Antigo Pacto haviam ficado de fora da Terra Prometida porque não receberam a mensagem com fé, o que se poderia esperar então dos que receberam a mensagem em sua plenitude, mas não lhe deram crédito?

Uma mensagem que se fundamenta na obediência. O autor passa a mostrar a razão de alguns não terem entrado no descanso de Deus: “Visto, pois, que resta que alguns entrem nele e que aqueles a quem primeiro foram pregadas as boas novas não entraram por causa da desobediência” (Hb 4.6). A desobediência (gr. apeitheia) é a manifestação ativa da incredulidade. Essa palavra ocorre seis vezes no texto original e foi usada pelo apóstolo Paulo para se referir aos “filhos da desobediência” (Ef 2.2). O crente, quando não crê, age da mesma forma do incrédulo. O autor de Hebreus usa essa palavra novamente no versículo 11, do mesmo capítulo, quando alerta o crente a não “cair no exemplo de desobediência”. A mensagem de Deus só tem proveito quando acompanhada pela obediência.

Uma mensagem que conduz à contrição. A mensagem de Deus para ser recebida necessita encontrar corações receptivos, abertos: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hb 4.7b). O autor usa o termo sklerynô — traduzido como “duro”, “endurecido” — quatro vezes nesta carta. Esse termo deu origem a palavra portuguesa “esclerose”, “esclerosado”, isto é, “endurecido”, “enrijecido”. É a mesma palavra usada por Lucas em Atos 19.9 para dizer que os judeus se “mostraram endurecidos” e por essa razão rejeitaram a mensagem de Paulo. Aqui em Hebreus, como em outros lugares do Novo Testamento, é o homem, e não Deus, que endurece o seu próprio coração. Deus só endurece quem já está anteriormente endurecido (Rm 1.28,29). Para que a mensagem tenha efeito é preciso encontrar corações contritos.

II. JESUS PROVEU UM DESCANSO SUPERIOR AO DE JOSUÉ

Um descanso total. Quando contrastamos o capítulo 11.23 com o 13.1 do livro de Josué surge uma pergunta: Josué conquistou ou não Canaã? Especialistas em línguas semíticas avaliam que Josué 11.23 refere-se a uma avaliação otimista das campanhas do líder do povo de Deus. Ora, o povo peregrino ansiava por vir chegar o dia de herdar a Terra Prometida. Nesse sentido, e como era comum à época, o exército de Josué estabeleceu a supremacia militar por sobre toda Canaã assim que chegou ao território, embora não tivesse pleno controle de cada cidade e vila, conforme deixa patente Josué 13.1. Logo, os capítulos 11 e 13 não são contraditórios, mas confirmam que o descanso dado por Josué ao antigo povo de Deus foi incompleto e parcial. Por outro lado, o que o autor de Hebreus está mostrando é que o descanso provido por Jesus foi completo, total. Nada ficou para ser conquistado.

Um descanso real. A redação de Hebreus 4.8, diz: “Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, não falaria, depois disso, de outro dia”. A conquista de Canaã era apenas um tipo da qual a Canaã celestial é o antítipo. A conquista da Terra Prometida por Josué era apenas uma sombra da qual Jesus é a realidade. Quem proveu, de fato, um descanso para o povo de Deus foi Jesus, não Josué: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28).

Um descanso eterno. Para o autor de Hebreus, o descanso provido por Josué não foi apenas incompleto e tipológico, ele foi também temporário: “Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus” (Hb 4.9). O descanso não é aqui! Embora desfrutemos das bênçãos do reino na era presente, todavia, o futuro aguarda a sua plenitude. A estrada é longa e ninguém pode se deixar fatigar pelo caminho. É preciso caminhar com dedicação e vigilância: “Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência” (Hb 4.11).

III. JESUS PROVEU UMA ORIENTAÇÃO SUPERIOR A DE JOSUÉ

Uma palavra viva. Já vimos que o autor de Hebreus afirma que a geração do Êxodo ouviu as boas-novas da Palavra de Deus, mas não lhe deu ouvido. Novamente o povo de Deus estava diante de sua Palavra. Essa Palavra não foi anunciada por um anjo, Moisés nem tampouco por Josué, mas pelo próprio Filho de Deus — Jesus. Essa Palavra não mais se limita à letra, a Lei, porque ela é “viva” (Ez 37.3,4). Jesus afirmou que suas palavras “são espírito e vida” (Jo 6.63). Como devemos nos portar diante da Palavra Viva de Deus?

Uma palavra eficaz. A Palavra de Deus é viva, ela produz vida. Mas além de viva, ela é eficaz. Produz resultados: “sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre” (IPe 1.23). O autor mostra que essa palavra é produtiva. O termo energes, traduzido como “eficaz”, é usado na Bíblia para se referir à atividade divina que produz resultados: “assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia; antes fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei” (Is 55.11).

Uma palavra penetrante. A Palavra de Deus é retratada como um instrumento vivo, eficaz e cortante, “mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12). A metáfora usada pelo autor é muito forte e serve para mostrar que a Palavra de Deus possui um grande poder de penetração. Ela não fica na superfície, mas vai até o centro do ser humano. Os israelitas falharam por não ouvir as palavras de Moisés e Josué, e os cristãos, por outro lado, deveriam ter mais prontidão para responder a essa Palavra.

CONCLUSÃO

A palavra chave desta lição é “descanso”. Todos nós nos fatigamos na caminhada da vida. O problema, portanto, não é se cansar, mas permitir que fatores diversos interrompam a nossa jornada de fé. Com os israelitas o desânimo veio como consequência da infidelidade, incredulidade e desobediência. As mesmas coisas podem acontecer conosco se não atentarmos para a santa, viva e eficaz Palavra de Deus. Nessa jornada temos como guia não um Moisés ou um Josué, mas Jesus, o autor e consumador da nossa fé.

 

Postado por: Pr. Ademilson Braga

 

 

 

 

 

 

 

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