Adultos - Betel
Em permanente vigilância – O chamado à santidade e à preparação
EBD – Adultos – EDIÇÃO: 260 – 1º Trimestre – Ano: 2025 – Editora: BETEL
LIÇÃO – 02 – 12 de janeiro de 2025
TEXTO ÁUREO
“E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé” Romanos 13.11
VERDADE APLICADA
As experiências e os avivamentos do passado não nos dispensam de viver em constante vigilância e oração.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
Apocalipse 2
1 Escreve ao anjo da igreja que está em Éfeso: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro.
2 Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos.
3 E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste.
4 Tenho, porém, contra ti que deixaste a tua primeira caridade.
5 Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.
LEITURAS COMPLEMENTARES
Segunda-feira – I Tm 4.16
Perseverando na doutrina bíblica.
Terça-feira – Mt 7.15
Lobo em pele de cordeiro.
Quarta-feira – II Pe 2.1
Cuidado com os falsos mestres.
Quinta-feira – Mt 24.12
O pecado faz com que muitos esfriem na fé.
Sexta-feira – Ap 2.4
A perda do primeiro amor.
Sábado – Ap 2.5
O caminho de volta passa pela restauração.
INTRODUÇÃO
Nos tempos apostólicos, algumas igrejas locais já mostravam sinais de esfriamento espiritual e relaxamento no cuidado com a vida espiritual. Essa realidade continuou pelos primeiros séculos e resultou no surgimento de diferentes movimentos de busca de renovação no seio da Igreja. Nesta lição, vamos extrair algumas lições desses movimentos e compreender a relevância do autoexame, da vigilância e da oração.
I – AS IGREJAS DA ÁSIA
Ao final da era apostólica, algumas igrejas locais já apresentavam desvios doutrinários e esfriamento espiritual, conforme o conteúdo das cartas enviadas às sete igrejas localizadas na Ásia (Ap 1.4). Exilado na ilha de Patmos, o Apóstolo João foi instruído pelo Senhor a escrever tais cartas, cujos conteúdos contêm louvores, admoestações e conselhos específicos para as comunidades cristãs naquela região (Ap 1.11).
- Éfeso. A igreja de Éfeso é enaltecida por seu trabalho e sua paciência, refutando aqueles que se diziam apóstolos; mas, na verdade, eram mentirosos (Ap 2.2). Isso deixa claro que uma das características marcantes da igreja de Éfeso era a intolerância à heresia. Entretanto, o julgamento fica por conta do esfriamento no exercício do amor. Éfeso tornou-se uma igreja fria, indo na contramão dos ensinamentos apostólicos: “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor”, Ap 2.4. A recomendação é que a igreja se lembre de onde caiu, se arrependa e volte a praticar as suas primeiras obras (Ap 2.5).
- Laodiceia. A Igreja de Laodiceia não foi enaltecida em nada, mas admoestada por ser morna, apática e não perceber o estado miserável em que se encontrava. O Senhor abomina a indiferença e o meio termo: “Assim, porque és morno e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca”, Ap 3.16. Por falta de compromisso com as coisas de Deus, os crentes de Laodiceia foram exortados a ser zelosos e arrepender-se (Ap 3.19). Os que ficam em cima do muro, mantendo uma posição neutra em relação às coisas de Deus, causam náuseas ao Senhor.
- A permanente vigilância. Ainda no início da igreja, muitos não expressavam mais o mesmo vigor de antes: faltava ânimo para a leitura da Palavra, o louvor se tornou morno e a adoração era sem vida. Quando a indiferença e a sonolência tomam conta da caminhada cristã, pode ser sinal de esfriamento espiritual, um estado que deve ser revertido com urgência para evitar que esfriemos na fé, como aconteceu com as igrejas de Éfeso e Laodicéia. Se não voltar logo ao primeiro amor, jamais viveremos o refrigério de um amplo, intenso e necessário avivamento.
II – O MOVIMENTO MONTANISTA
O movimento montanista surgiu na metade do século 2, em Ardaban (ou Ardabau), aldeia que ficava na fronteira entre as províncias romanas da Frígia e da Mísia, na Ásia Menor. Os montanistas pregavam uma nova revelação concedida a eles. Veremos, aqui, a conexão desse movimento com o pentecostalismo.
- O propósito do Movimento Montanista. A história da Igreja narra muitos movimentos surgidos após o Pentecostes, os quais ocorriam à margem da Igreja oficial, sendo o movimento montanista mais um deles. Para Walker (pp. 86-87, 1981), esse movimento foi uma reação às “tendências seculares que já se faziam sentir na Igreja […], era um protesto contra o crescente mundanismo que invadia a Igreja em geral’: Walker ressalta ainda que o movimento atingiu proporções consideráveis; atraindo, inclusive, um dos mais importantes pais latinos da Igreja: Tertuliano. Podemos perceber que a Igreja sempre enfrentou essa tendência ao esfriamento, tanto espiritual quanto em relação à expectativa da Segunda Vinda de Jesus.
- Os excessos do Movimento Montanista. Ainda que este movimento fosse uma tentativa de resgatar a manifestação dos dons espirituais. Montano alegava, segundo seus críticos, que as declarações proféticas estavam no mesmo nível de autoridade das Escrituras. Montano se colocou como Paracleto, por meio de quem o Espírito Santo falava à Igreja do mesmo modo que falará aos apóstolos. Segundo Roger Olson (p.30, 2001). Montano rejeitava a crescente fé na autoridade especial dos bispos e dos escritos apostólicos, além de se opor a qualquer limitação ou restrição quanto às manifestações espirituais. Contra esses exageros, houve uma forte reação da Igreja.
- O afastamento da Doutrina dos Apóstolos. Ao longo dos anos, a Igreja foi ficando mais dependente da gestão humana do que da ação do Espírito Santo. Isso deu margem ao surgimento de vários movimentos religiosos, que ansiavam por um retorno da Igreja à doutrina e ao vigor espiritual dos tempos apostólicos. Refletir acerca desses momentos na história da Igreja nos leva a compreender a necessidade de autoexame contínuo, sob a indispensável ação do Espírito e à luz das Escrituras (II Co 13.5; Ef 5.18; I Ts 5.19-21).
III – LIÇÕES E ALERTAS DOS PRIMEIROS SÉCULOS
A partir dos relatos bíblicos e históricos, é possível extrair lições e alertas para uma jornada cristã vitoriosa, seguindo sempre no poder do Espírito Santo e no direcionamento da Palavra de Deus. É preciso evitar que o comodismo, o esfriamento e a indiferença nos impeçam de servir “a Deus agradavelmente, com reverência e piedade” (Hb 12.28).
- Lidando com exageros e equívocos.É preciso prudência para lidar com os exageros e equívocos que venham a surgir na Igreja. Para isso, é bom refletir sobre como Paulo lidou com a questão do uso dos dons espirituais na igreja em Corinto. Havia exageros ali, pois parece que alguns ignoravam o propósito dos dons enquanto outros se sentiam superiores. O apóstolo, então, escreveu sobre a unidade do Corpo de Cristo, a responsabilidade de cada membro, o propósito dos dons, a necessidade de ordem e decência e o caminho ainda mais excelente: o amor (I Co 12-14). Isso significa que houve instrução, correção e esclarecimento, mas sem extinguir, desprezar ou proibir as manifestações dos dons espirituais.
- O contínuo autoexame. Podemos extrair algumas lições das cartas às Igrejas de Éfeso e Laodicéia: (1) Como ocorreu com Israel no período do AT, não é suficiente manter atividades religiosas se o estado espiritual do povo é de indiferença, caracterizado por um formalismo vazio e uma conduta incoerente com o padrão bíblico; (2) Experiências e avivamentos do passado não nos dispensam de cultivar um viver de constante oração, vigilância e autoexame; (3) O autoexame deve ser feito com a ajuda do Espírito Santo e à luz da Palavra de Deus, pois não somos suficientemente capazes de discernir o nosso real estado espiritual apenas com conhecimentos e sentimentos humanos.
- O contínuo avivamento. A Palavra de Deus traz muitos alertas quanto aos últimos dias: esfriamento do amor, apostasia da fée aparência de piedade são alguns deles. Portanto, é fundamental que a Igreja não se distraia com o crescimento numérico, as grandes realizações e o reconhecimento político e social, deixando de perceber os sutis ataques e investidas do inimigo e do mundo. Façamos nossa a oração dos primeiros cristãos, registrada em Atos 4.29, e tenhamos em mente as exortações que encontramos em I Tessalonicenses 5.16-23.
CONCLUSÃO
Desde o AT, o povo de Deus passou por momentos de avivamento e de esfriamento. A presente geração de fiéis não deve ficar indiferente à mensagem que o Senhor enviou às sete igrejas na Ásia: “Ouça o que o Espírito diz às igrejas”, Ap 2.7,11,17 29; 3.6,13,22), pois assim Deus revela o verdadeiro estado da Igreja, Sua vontade e Sua provisão.
Postado por: Pr. Ademilson Braga
Fonte: Editora Betel