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Adultos - CPAD

Discernimento de Espíritos – um dom imprescindível

Publicado

em

LIÇÃO – 350 – 17 de março de 2019

TEXTO ÁUREO

“Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.” (I Co 2.15)

VERDADE PRÁTICA

O discernimento de espíritos é um dos dons espirituais concedidos aos crentes, em Jesus; ele nos capacita a distinguir o real do aparente e a verdade da mentira.

LEITURA DIÁRIA

Segunda – At 5.1-5

O uso do discernimento no exercício do ministério

Terça – I Co 2.14

O homem natural não compreende as coisas espirituais

Quarta – I Co 12.10

O discernimento de espíritos é um dos dons do Espírito Santo

Quinta – Hb 4.12

A Palavra de Deus é apta para discernir os pensamentos do coração

Sexta – Hb 5.14

O discernimento distingue corretamente entre o bem e o mal

Sábado – I Jo 4.1

Deus nos deu as condições para o discernimento de espíritos

INTRODUÇÃO

O homem espiritual é a pessoa com o Espírito Santo e que, por isso, tem melhores condições para entender cada situação. Isso é diferente daquele que não conhece a Deus. Mas o relato da libertação da adivinhadora de Filipos, por ocasião da segunda viagem missionária do apóstolo Paulo, revela que o discernimento espiritual vai além, pois diz respeito ao “dom de discernir os espíritos” (I Co 12.10).

I – DISCERNIR E DISCERNIMENTO

No seu uso geral, discernimento é, na vida cotidiana, a capacidade de compreender e avaliar as coisas com bom senso e clareza, de separar o certo do errado com sensatez. O termo aparece nessa acepção na Bíblia (II Sm 19.35; Jn 4.11). Mas, no contexto teológico, o seu uso é muito mais amplo, como veremos a seguir.

O verbo “discernir”. O Novo Testamento grego apresenta dois verbos traduzidos em nossas versões bíblicas por “discernir”, anakrino e diakrino. O significado do primeiro é amplo, como “perguntar, interrogar, investigar, examinar” (Lc 23.14; At 17.11), e aparece também com o sentido de “discernimento” (I Co 2.14,15). O segundo verbo apresenta grande variedade semântica e uma das variações é a de discernir (I Co 11.29).

O substantivo “discernimento”. O termo grego é diákrisis, que só aparece três vezes no Novo Testamento e, em cada uma delas, o significado é diferente: uma vez com o sentido de “briga” ou “julgamento” (Rm 14.1); outra, como “distinção” em que se julgam pelas evidências se os espíritos são malignos ou se provém de Deus (I Co 12.10); e, finalmente, para discernir entre o bem e o mal (Hb 5.14).

Atualidade. Há manifestações sobrenaturais por meio de falsos profetas (Dt 13.1-3). Jesus disse que o Anticristo aparecerá fazendo sinais, prodígios e maravilhas de tal maneira que, se possível fora, enganaria até os escolhidos (Mt 24.24). Os agentes de Satanás transformam-se em anjos de luz, e seus mensageiros, em ministros de justiça (II Co 11.13-15). Em todos os lugares e em todas as épocas, sempre existiram falsas imitações, e só com o discernimento do Espírito Santo é possível identificar a fonte de tais manifestações. Isso mostra a importância e a atualidade do dom de discernir os espíritos (I Co 12.10).

II – A ADIVINHADORA DE FILIPOS

Quem realmente já experimentou o poder de Deus na vida não pode ser levado por impostores. Deus permite, às vezes, o sobrenatural vindo de fontes estranhas para provar a fé do crente e sua experiência espiritual.

Uma avaliação sensata. A jovem adivinha estava possessa, tomada pelo espírito das trevas; logo, a mensagem dela não vinha de si mesma, mas do espírito que a oprimia. Satanás é o pai da mentira (Jo 8.44) e o principal opositor da obra de Deus (At 13.10). Por que, então, o espírito adivinho elogiaria os dois mensageiros de Deus, Paulo e Silas, ao confirmá-los como anunciadores do caminho da salvação? É óbvio que havia algo de errado nisso.

O espírito de adivinhação. A jovem pitonisa “tinha espírito de adivinhação” (v.16). O termo grego usado aqui é python, “Píton, espírito de adivinhação”, de onde vem o termo “pitonisa”, associado à feitiçaria. Píton era a serpente que guardava o oráculo em Delfos, na antiga Grécia, a qual, segundo a mitologia, Apolo matou. Com o tempo, python passou a ser usado para designar adivinhação ou ventríloquo, que em grego é engastrimythos, de gaster, “ventre”, e mythos, “palavra, discurso”, cuja ideia é dar oráculos ou predições desde o ventre, pois se imaginava alguém ter tal espírito em seu ventre. O vocábulo engastrimythos não aparece no Novo Testamento, mas está presente na Septuaginta (Lv 19.31; 20.6) e é aplicado à feiticeira de En-Dor (I Sm 28.7,8).

Adivinhações ontem e hoje. Moisés enumerou algumas práticas divinatórias comuns entre os cananeus () e os egípcios (Is 19.3), as quais Israel deveria rejeitar. Isso vale também para os cristãos, pois essas práticas estão presentes ainda hoje na sociedade. Parece que essas coisas encantam o povo, como aconteceu em Samaria com Simão, o mágico (At 8.9-11). Tais práticas envolvem, direta ou indiretamente, magia, astrologia, alquimia, clarividência, tarô, búzios, quiromancia, necromancia, numerologia etc. São práticas repulsivas aos olhos de Deus porque trata-se de uma forma de idolatria (Ap 21.8; 22.15). Como parte da magia, a adivinhação é uma antiga arte de predizer o futuro por meios diversificados: intuição, explicação de sonhos, cartas, leitura de mão etc.

III – DESMASCARANDO OS ARDIS DE SATANÁS

O Senhor Jesus colocou à disposição de cada crente as condições necessárias para discernir entre o falso e o verdadeiro, habilitando-o a fazer a obra de Deus. Ele disse: “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos” (Mt 10.16) e para isso nos equipou com armas espirituais de defesa e de ataque ao reino das trevas (II Co 10.1-5). O discernimento espiritual é importante arma do arsenal do Espírito Santo.

O dom do Espírito Santo. O dom de discernir os espíritos aparece logo após o dom de profecia (I Co 12.10); por essa razão, muitos associam o referido dom como meio de “julgar” as profecias (I Co 14.29). Mas o contexto do Novo Testamento mostra que essa não é a sua única função. Serve também para distinguir a manifestação do Espírito Santo das manifestações de profecias, línguas, visões, curas provenientes de fontes demoníacas, e para proteger-nos dos ataques satânicos. Manifesta-se em situações nas quais não é possível, com recursos humanos, identificar a origem da manifestação sobrenatural.

Uma estratégia demoníaca para confundir o povo. É muito estranho que o espírito maligno que atuava na vida da jovem viesse gritando publicamente por muitos dias e elogiando Paulo e Silas com as palavras: “Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo” (v.17). Essa não foi a única vez em que Satanás procedeu dessa maneira (Mc 5.7). Adam Clarke comenta que o “testemunho sobre os apóstolos, em essência, era verdadeiro, com o fim de destruir sua reputação e arruinar a sua utilidade”. O propósito diabólico aqui era transmitir ao povo a falsa ideia de que a mensagem que Paulo e Silas pregavam seria a mesma da jovem adivinhadora.

A libertação da jovem adivinhadora. A moça era uma escrava que dava muito lucro aos seus senhores com essa prática ocultista (v.16). Ao ser liberta pelo poder do nome de Jesus, os seus proprietários viram nisso um prejuízo econômico e foram denunciar os missionários às autoridades locais. A população não viu a maravilha da grande libertação da moça, e Paulo e Silas não foram denunciados por causa da expulsão do espírito maligno da jovem. Eles foram acusados de perturbar a ordem pública e nem sequer foram ouvidos, ou seja, não tiveram o direito de resposta. Foram açoitados e colocados na prisão (vv.19-22). Jesus tornou-se também persona non grata em Gadara por causa do prejuízo dos porqueiros (Mc 5.16-18). Infelizmente, o lucro fala mais alto ainda hoje.

A necessidade do dom de discernir. O discernimento do Espírito nos permite conhecer tudo aquilo que é impossível saber por meio de recursos humanos. O caso de Paulo e da adivinha de Filipos é emblemático, um exemplo clássico do uso desse dom na vida real. Reconhecer a origem maligna de uma manifestação contra a Igreja não é tão difícil, mas, no contexto de Paulo, diante dos elogios da adivinhadora, isso era praticamente impossível sem a atuação do Espírito Santo.

CONCLUSÃO

Satanás é perito no engano e no disfarce, na mentira e na aparência: “porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz” (II Co 11.14). Ele é um ser habilidoso e acima de qualquer ser humano na arte do engano e da mentira; os seus disfarces só são discerníveis pelo Espírito Santo: “porque não ignoramos os seus ardis” (II Co 2.11). Às vezes, até mesmo os crentes, por falta de vigilância, terminam caindo no laço do Diabo.

 

Postado por: Pr. Ademilson Braga

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