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Assumindo o Comando – Parte 2

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Estabelecer alvos

Neemias é um líder sábio. Ele sabe que o objetivo que co­loca para o povo tem de ser atingível. Se o alvo é alto de­mais e ele não conseguem atingi-lo eles vão desanimar-­se e perderão a confiança nele. Assim, junto com o desafio ele dá estímulo. Declara-lhes como a boa mão do seu Deus está com ele. Explica tudo o que aconteceu em Babilônia e como o Senhor não só abriu o caminho para sua vinda a Ju­dá, como também providen­ciou os materiais necessários para os reparos do muro.

Transmite-Ihes também notí­cias do decreto do rei, Esdras 4.17-22. Ao fazê-los não olhar tanto para seus temores e sim para o Senhor, ele fixa suas mentes naquilo que Deus está fazendo por eles. Esta segu­rança é de grande incentivo para os judeus. Eles reconhe­cem novamente que Deus está do seu lado. Seu entusiasmo se reacende. Imediatamente respondem: “Disponhamo-nos e edifiquemos.”

A forma como Neemias lida com a situação em Jeru­salém ilustra a essência da boa motivação. O significado daquilo que ele conseguiu pode-se ver através do fato de que por noventa anos as pessoas estavam dizendo “não pode ser feito”. Agora estão unidos e prontos para começar o trabalho da reconstrução das defesas da cidade.

Este novo zelo ter-se-ia dissipado bem depressa se Neemias não pudesse colocá­-los a trabalhar. É provável que Neemias tivesse as coisas tão bem planejadas que o povo pôde começar a reconstrução do muro sem demora. Estão de tal modo entusias­mado que Neemias pôde con­cluir este trecho de seu relato dizendo: “E fortaleceram as mãos para a boa obra.”

A aliança formidável Como em todo o trabalho para o Senhor, uma vez que uma pessoa ou um grupo co­meça a fazer alguma coisa para a glória de Deus, a oposi­ção aparece de perto. A notícia do que Neemias está fazendo corre rápido. Quando Sambalá, o horonita, Tobias, o amonita e Gesém, o árabe, ficam sabendo, debocham dos judeus e os desprezam, dizen­do: “Que é isso que fazeis? Quereis rebelar-vos contra o rei?”

Uma insinuação de que os judeus se estivessem rebelan­do contra Artaxerxes tinha sido anteriormente causa sufi­ciente para fazer parar a obra, Esdras 4.13. Os samaritanos tentam’ a mesma estratégia novamente, sabendo bem que pessoas fracas, que,.estivessem desmoralizadas, tendem a in­timidar-se com ameaças. Mas não contavam com Neemias! Antes que os judeus possam reagir, Neemias dá sua respos­ta firme e digna. Aos olhos dos homens de Samaria os judeus podem parecer fracos e incapazes de cumprir a tarefa. Mas sua confiança não está neles mesmos, e, sim, no Senhor;. Com esta segurança, o deboche e os insultos dos opo­nentes não podem afetá-los. A próxima declaração de Nee­mias coloca tudo numa pers­pectiva totalmente nova>. “Vós, todavia, não tendes par­te, nem direito, nem memorial em Jerusalém.” Isto era algo pelo qual eles não esperavam. E os homens enviados para atrapalhar a obra voltam aos que os mandaram inquietos e portadores de notícias pertur­badoras.

Devemos ressaltar que na sua resposta Neemias de­monstra tanto coragem como também discrição. Ele con­fronta ousadamente aqueles que tentam atrapalhar o que ele está fazendo, e ao mesmo tempo evita ser levado a uma discussão. Recusa-se ao deba­te. Ele dá a razão de sua confiança: “O Deus dos céus é que nos dará bom êxito.” En­fatizando a natureza espiri­tual de sua tarefa, ele traz uma nova dimensão àquilo que estão fazendo. Isto tira das mãos dos judeus a respon­sabilidade pelo sucesso. En­quanto Jerusalém é vergonha para o povo judeu, é também uma vergonha para o seu Deus. Mas enquanto o traba­lho é obra do Senhor, seus ser­vos levantarão e construirão a cidade.

Não é muito difícil imagi­nar a admiração do povo ju­deu por Neemias. Neste pri­meiro encontro ele obteve su­cesso em derrotar os seus pio­res inimigos.

Atrás da escrivaninha do gerente Todos nós mudamos de emprego ou de pastorado ou somos promovidos em alguma época ou outra. Quando isto acontece, a dinâmica externa e a interna começam a operar. O modo pelo qual Neemias se portou ao assumir suas novas responsabilidades, desafian­do, motivando e animando o povo, a forma como ele enca­rou a oposição, todas estas coi­sas contém princípios impor­tantes para nós. Ele demons­tra como podemos lidar com as forças externas que todos nós enfrentamos. Mas com al­gumas pessoas, a elevação de cargo sobe à cabeça. Tornam­ Ele exigentes e autoritárias em suas atitudes: Outros ficam com medo de ofender ou anta­gonizar as pessoas com quem trabalha. E outros ainda descobrem que não conseguem sobreviver sem a aprovação dos seus parceiros.

Neemias oferece aos ho­mens que se encontram nesta espécie de situação um exem­plo muito necessário. Quanto à dinâmica externa, Neemias examinou as coisas antecipa­damente, para que sua deci­são se baseasse em fatos. Ele despertou o interesse do povo e sabiamente deixou de dar detalhes de seu plano e propó­sito até que estivesse pronto para entrar em ação. Então convocou uma reunião públi­ca e deu a todos a oportunida­de de ouvi-Io pessoalmente e conhecer suas idéias. Desa­fiou-os com a obra a ser feita: motivou-os para a realização da tarefa, e encorajou-os com a segurança do sucesso.

E também provável que Neemias estivesse esperando uma crise. Ele não era ingênuo ao ponto de pensar que suas idéias agradariam a todos. Sendo este o caso, ele sabia que mais cedo (e não mais tar­de) poderia esperar a oposição dos samaritanos.

Estes fatores, porém, são todos externos, e o sucesso ba­seia-se tanto na força interna quanto na estratégia externa. De uma importância, portan­to, é o modo pelo qual Neemias encarou os conflitos internos.

O problema de conflitos internos é duplo. Primeiro, a pessoa designada para um novo cargo de responsabilida­de precisa reconhecer que os conflitos são internos; segun­do, precisa certificar-se de que suas ações se baseiam na rea­lidade. Se não for assim, ela estará constantemente to­mando e desfazendo decisões. O resultado será confusão ­para ela e para seus subordi­nados.

Muitos gerentes e líderes eclesiásticos tendem a ver no ambiente exterior a razão dos conflitos internos. A pessoa que se vê incapaz de agir com eficiência, provavelmente pro­curará uma explicação no am­biente externo em que opera. Talvez culpe a administração ou o conselho da igreja pela sua falha, ou se desculpe, di­zendo que não recebeu autori­dade adequada para a ocasião. Poderá também culpar pessoas que tenham dado aju­da incompetente ou insufi­ciente por não ter podido al­cançar alvos ou prazos ou pre­parar suas mensagens. Real­mente o seu problema pode ser interno. A falha pode ser resultado de ansiedade quanto ao seu status (sua posição como líder e sua responsabili­dade de produzir) ou ansiedade quanto à competição (sen­timentos de inferioridade).

A ansiedade quanto ao sta­tus vem quando uma pessoa jovem é promovida e descobre que perde a popularidade an­terior. Essa perda da popula­ridade afeta-a de diferentes modos. Seus antigos supervi­sores agora a vêem como com­petidora. Seus antigos colegas agora precisam atender à sua suspensão. Se a dinâmica in­terna do novo líder for tal que ele precise de aceitação, ele experimentará ansiedade quanto ao seu novo papel e po­derá tentar diminuir sua nova posição e dar pouco valor à sua autoridade. Se isto acon­tecer, ele terá problemas.

Enquanto-avaliamos a mu­dança de posição de Neemias, vemos que o favorito da corte de Artaxerxes deixou a segu­rança do palácio em troca das dificuldades de ser governador de um povo que estava “por baixo”, ou pisado. Porém, Neemias não confundiu nem tentou esconder a mudança que ocorrera nas suas respon­sabilidades. Ele não tentou agradar as pessoas a. fim de conseguir mais popularidade, nem diminuiu sua posição a fim de ganhar simpatias. Ele sabia muito bem que aqueles que procuram ressaltar ape­nas simpatia e se desvestem da autoridade nos seus cargos, mais cedo ou mais tarde per­dem o respeito dos colegas. Neutralizam seu impacto e inadvertidamente dão aos em­pregados uma imagem negati­va das recompensas do suces­so.

Porém a expressão mais comum de ansiedade vem, sem dúvida, do medo. Aqueles que recentemente foram ele­vados a posições de supervisão ou responsabilidade maior te­mem sofrer represálias se fize­rem valer sua autoridade. Te­mem também a oposição da­queles que ocupam posição de responsabilidade no mesmo nível que eles. Às vezes isso acontece quando alguém tem de tomar posição numa ques­tão controvertida. O líder fra­co tende a vacilar, falar pelos cotovelos e lançar-se numa hi­peratividade a fim de evitar enfrentar problemas difíceis.

Mais uma vez, Neemias dá-nos o exemplo. Ele evita a síndrome do medo porque sua confiança está em Deus. Ele crê que seus passos são dirigi­dos pelo Senhor (Salmo 37.23) e que Deus não permitiria que nada acontecesse que não fos­se para o seu bem, Rm 8.28.

Esta confiança fortaleceu-o quando ele assumiu suas no­vas responsabilidades, come­çou o trabalho da reconstru­ção dos muros da cidade e en­frentou a oposição dos inimi­gos.

A ansiedade por causa da posição, porém, é apenas um dos problemas que os crentes enfrentam ao assumir cargos de responsabilidade. O segun­do problema está na área da competição. Ao combater esse sentimento é imprescindível que o novo pastor ou o novo chefe tenha um aguçado senso de realidade, incluindo realidade das verdades espirituais e também as da organização. Isto deve prepará-lo para o dar e receber na tomada de resolu­ções e na solução de proble­mas.

Ao analisarmos mais a fundo a situação, percebemos que os que se encontram em posições de responsabilidade sofrem ansiedade quanto à competição ou à oposição por duas razões principais: medo do fracasso e medo do sucesso. O medo do fracasso geral­mente vem dum sentimento de inferioridade. A pessoa acha que não tem capacidade. Como resultado, não consegue ter uma personalidade forte. Neste assunto é bom notar que quando Neemias assumiu o comando, sua confiança no Senhor é que lhe assegurou de que teria sucesso. Empreste­mos as palavras do apóstolo Paulo: “Neemias teve ousada confiança em nosso Deus… em meio de muita luta”, 1 Ts 2.2. E Ele sabia que o medo do fra­casso só poderia ser resolvido se ele se identificasse com o Senhor, isto é, tomasse dele suas forças pessoais. Estabele­ceu, portanto, uma base para a realidade num Deus que não muda. Feito isso, ele pôde ajustar-se aos problemas que enfrentava.

Mas o que dizer do medo do sucesso. O sucesso, em si não é errado. É o desejo desor­denado de progredir que leva finalmente ao fracasso. Em Macbeth, Shekespeare usa o rei da Escócia para demons­trar o que o medo do sucesso produz. No caso de Macbeth, a culpa pelos erros foi o que fez com que ele suspeitasse dos outros, achando que tra­mavam contra ele. O espectro do assassínio do rei anterior o perturbava e assombrava. O resultado era que havia pou­cos em quem ele confiava. Seus subordinados mais fortes eram os de quem ele mais sus­peitava e sua administração centralizava-se naqueles que menos qualificações tinham para liderar.

Quando Neemias tomou posse, sabia que era resultado de um chamado divino. Ele não achou que seu su­cesso seria às custas de outra pessoa qualquer. Assim, ele não era perturbado por sentimentos de culpa, e seu senso de realidade não estava dis­torcido. Mais tarde, ele desig­na como líderes as pessoas mais capazes que encontrou. Não fez como Macbeth, ele­vando a posições de responsa­bilidade aqueles que não ti­nham qualificações mas não ameaçariam sua posição.

Visto como Neemias tinha uma personalidade forte, po­dia tomar as rédeas da admi­nistração em Jerusalém sem tentar impressionar as pessoas com suas qualidades de “bom ,camarada”. Ele não sofria medo de fracasso e nem temia o sucesso. Sua liderança era sempre de uma posição de força. Esta força provinha de for­ças espirituais desenvolvidas através dos anos. Com esta di­nâmica interna operando nele e permeando tudo o que ele fa­zia, não é de surpreender que tenha podido enfrentar uma tarefa aparentemente intrans­ponível, motivar um povo es­magado, e enfrentar a oposi­ção – tudo com equanimidade e aparente facilidade.

 

Extraído

 

Postado por: Pb. Ademilson Braga

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