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Assumindo o comando- Parte 1
Há alguns anos, um noyo gerente de filial foi designado para a firma com que eu trabalhava. Ele deveria substituir um homem muito benquisto cujas habilidades cedo o marcaram para promoção. Era uma situação difícil para o novo gerente. Ele sabia ser essencial uma reação favorável à sua posição. Também sentia que era necessário afirmar sua autoridade.
Ao fazer os seus planos, este novo gerente sabiamente chegou à cidade duas semanas antes ao prazo em que deveria assumir suas responsabilidades. Manteve-se ignorado e estudou profundamente a situação. Então, no primeiro dia no cargo, marcou uma reunião de todos os chefes de departamentos. Começou a reunião elogiando os homens. Cumprimentou cada um pelo que tinha conseguido realizar. Depois, com uma mudança deliberada de atitude, continuou: “Mas não me importo com o que vocês fizeram no passado! De agora em diante…”
O resultado dessa posição autoritária não é difícil de imaginar. Os ânimos abaixaram notavelmente. O descontentamento prevaleceu. Em vez de criar uma transição fácil, o novo gerente criou barreiras que levariam meses para serem transpostas.
Tudo isso nos fez perguntar: Existe um modo certo de assumir nova posição de liderança? Existem técnicas provadas que nos auxiliem a transpor estas barreiras?
A dinâmica a empregar em situações como esta é demonstrada no capítulo dois de Neemias. Ela inclui forças internas e externas.
Anteriormente, Neemias tinha sido copeiro. Nesta posição, de certa forma, ele estivera sempre sob o olhar do soberano. Agora, como governador, ele estava bem longe de qualquer supervisão direta. Era independente e estava enfrentando uma espécie de situação em que muitos homens falham. A estratégia que ele empregou ao assumir sua nova responsabilidade contém princípios importantes para os nossos dias. Pode ser aplicada a qualquer situação externa que tenhamos de enfrentar.
Conforme veremos, sua estratégia era desafiar, motivar e encorajar os de Jerusalém.
Depois de falar das forças externas que Neemias enfrentou ao assumir o governo de Jerusalém, daremos atenção à dinâmica interna que poderia afetar a sua liderança.
Enviado do rei
Durante a viagem de Neemias de Susã a Jerusalém, ele foi acompanhado por um grupo de soldados (Neemias 2.9); eles asseguravam a sua proteção e aumentavam o seu prestígio quando apresentava suas credenciais reais às autoridades das fronteiras. Com toda a probabilidade, ele viajou de Susã à Babilônia e depois tomou o caminho mais curto através de Tadmores até Damasco – uma viagem de uns dois meses. O historiador de Oxford, George Rawlinson, imagina que, de Damasco, Neemias seguiu o vale do Jordão até o passo oposto a Jericó e então tomou a estrada principal até Jerusalém.
Os inimigos dos judeus em Samaria logo souberam da chegada de Neemias. Lemos que “quando Sambalá o honorita e Tobias o oficial amonita souberam, muito lhes desagradou que alguém viesse procurar o bem dos filhos de Israel”.
Mas, como Neemias soube do desagrado deles? Verdade que, baseado em experiências passadas dos judeus (ver Esdras 4.4-24), Neemias provavelmente esperava oposição. Mas isso não explica como ele soube de perto da reação dos de Samaria (ver Neemias 1-3, 7-8, 15-16; 6.1-2, etc). A única explicação possível é que Neemias tenha mandado a Samaria pessoas que o manteriam informado de quaisquer atividades contem piadas ou planejadas pelos inimigos dos judeus. Se for este o caso, mostra o seu realismo (ver Mateus 10.16). Ele não era ingênuo; não confiava naqueles que já tinham histórico de oposição ao bem-estar dos judeus. Ele confiava implicitamente no Senhor e tomou também as precauções necessárias. Seu exemplo mostra-nos como a fé e as obras operam juntas.
A oposição de Neemias centraliza-se em Sambalá, governador da província de Samaria. Ele é chamado de “o horonita”. E é provavelmente um dos bete-horons (casa do deus Horon, ver Josué 16.3,5), e descendente do grupo misto que colonizou Samaria após a conquista assíria (2 Reis 17.24, 29-31). Seu sócio é um amonita chamado Tobias (ver Deuteronômio 23.3). Tobias é de uma família antiga e famosa que reinava em Amom por muitas gerações. No versículo 19, o nome Gesém também está na lista. Este é um emir poderoso que recentemente uniu os árabes numa confederação gigantesca e cujos exércitos beduínos dominam as áreas leste e sul do Mar Morto.
Paradoxo e Promessa
A chegada de Neemias a Jerusalém sem dúvida perturba a estrutura de poder da cidade. Pelo que aprendemos mais tarde sobre os sacerdotes e regentes (ver Neemias 5.5,710; 6.7-19; 13.4-9), podemos estar certos de que eles viam a sua vinda com preocupação. Tudo o que Neemias documenta é: “Cheguei a Jerusalém, onde estive três dias.” Podemos perguntar: O que ele fez durante esses três dias?
Alguns escritores crêem que estes “três dias” foram ocupados com a purificação cerimonial. É possível. Os versículos 12b e 16, porém, parecem indicar que Neemias também estivesse examinando a situação e obtendo informações de primeira mão – informações que Hanani não pôde dar-lhe. Além do mais, à luz de Neemias 3, parece provável que durante estes três dias ele estivesse planejando sua estratégia para a construção do muro, avaliando a liderança do povo, calculando os recursos necessários e providenciando para que os canais de comunicação fossem preparados. Possivelmente também estivesse aguardando o momento psicológico certo para tomar seus planos conhecidos do povo.
O pulso do povo
No final de três dias, as atividades de Neemias tinham despertado considerável interesse (Neemias 2.16). Inclusive sua demora em tornar conhecidos os seus planos contribui para sua vantagem. Ele está cônscio da importância de esperar pelo momento certo para dizer ao povo o propósito de sua visita e sabiamente guarda segredo até estar pronto para agir.
Só depois de estar de posse de rodos os fatos é que Neemias faz uma reunião com todo o povo. Ele cuida de que todos tenham a oportunidade de vê-lo pessoalmente e ouvir de primeira mão o que ele tem a dizer. A ninguém é dada a responsabilidade de interpretar o que ele diz aos demais.
Embora o texto não afirme, é possível que a madeira para as vigas já tivesse chegado ou estivesse a caminho. Neemias tinha sabedoria suficiente para saber que se fosse desafiar o povo e reconstruir o muro, teria de estar preparado para colocá-lo à obra de imediato. Uma demora serviria para dissipar o entusiasmo e dar tempo aos inimigos para ir contra suas ações.
Enquanto Neemias fala ao povo, ele os conclama a avaliar sua situação: “Vejam em que má situação nos encontramos.” Eles haviam vivido nessas circunstâncias por tanto tempo que se tinham tornado apáticos. Era necessário que acordassem para sua verdadeira necessidade. Neemias começa focalizando sua atenção sobre o problema. Ele também se liga a eles dizendo “nós”. Isto os prepara para o desafio: “Venham. Vamos reconstruir o muro de Jerusalém para que não sejamos mais opróbrio.” Esse desafio desperta-lhe o patriotismo. Também demonstra a identificação de Neemias com eles. Começam a reconhecer que Neemias não é como os outros governadores (ver Neemias 5.1418). Em vez de buscar seus próprios fins, ele está interessado neles. Seu cuidado genuíno para com eles dá-Ihes confiança na liderança que ele está para exercer.
Há alguns anos um jovem foi designado para o cargo de pastor auxiliar de uma igreja. Quando se reuniu com a mesa administrativa, pediram-lhe especificamente que melhorasse o departamento de educação da igreja. Dentro de duas semanas após começar, ele havia hostilizado os professores. Seus modos rudes não abriram caminho para relações de cooperação. As críticas que ele fazia dos métodos de ensino da equipe da escola dominical, e sua atitude desdenhosa de “ Quero que todos os meus professores façam um curso de atualização a fim de melhorar seus métodos” fez com que muitos resistissem às suas idéias.
Se este auxiliar jovem tivesse começado avaliando a situação, calculando o “clima” da escola dominical, e tratando os professores como iguais, ele ainda poderia estar com aquela igreja. Mas nas condições em que agiu, sua permanência foi misericordiosamente curta.
Extraído
Postado por: Pb. Ademilson Braga