Adultos - Betel
A visão da torrente das águas purificadoras
EDIÇÃO: 113 – 1º Trimestre – Ano: 2022 – Editora: BETEL
LIÇÃO – 10 – 06 de março de 2022
TEXTO ÁUREO
“Então me disse: Estas águas saem para a região oriental, e descem à campina, e entram no mar; e, sendo levadas ao mar, sararão as águas.” Ezequiel 47.8
VERDADE APLICADA
As águas que emanam do Senhor para o Seu povo produzem transformação, frutificação e sustentação.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
Ezequiel 47
1- Depois disto, me fez voltar à entrada da casa, e eis que saíam umas águas debaixo do umbral da casa, para o oriente; porque a face da casa olhava para o oriente, e as águas vinham de baixo, desde a banda direita da casa, da banda do sul do altar.
2- E ele me tirou pelo caminho da porta do norte e me fez dar uma volta pelo caminho de fora, até a porta exterior, pelo caminho que olha para o oriente; e eis que corriam umas águas desde a banda direita.
3- Saiu aquele homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir; e mediu mil côvados e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos artelhos.
LEITURAS COMPLEMENTARES
Segunda-feira – Gn 2.9-10
Jardim do Éden: local do rio e árvore da vida.
Terça-feira – Ez 37
A visão de um vale de ossos secos.
Quarta-feira – Ez 40-46
As visões sobre a restauração do Templo.
Quinta-feira – Jo 4.10-14
Jesus, a fonte da água da vida.
Sexta-feira – Ef 2.1
A ação transformadora da graça de Deus.
Sábado – Ap 22.1-2
O rio puro da água da vida.
INTRODUÇÃO
A visão de Ezequiel acerca das águas que saíam do Templo faz parte das mensagens de restauração transmitidas ao povo cativo. Ao longo de toda a Bíblia, há menção a “rios” e “águas” com sentido metafórico que transmitem verdades espirituais. É o que será estudado nesta lição.
I – A VISÃO DAS ÁGUAS QUE JORRAM DO TEMPLO
Interessante observarmos que esta visão (Ez 47) se dá após as visões sobre a restauração do Templo (Ez 40-46), que, por sua vez, estão registradas após a visão do vale de ossos secos, cujo capítulo 37 termina fazendo menção: à habitação na Terra Prometida (v. 25) e ao santuário de Deus no meio (v. 27). Tais aspectos também estão presentes no contexto de
Ezequiel 47: Templo (v.1) e terra em herança (v.13). A restauração nas visões de Ezequiel é abrangente: povo, Templo e terra.
- A fonte das águas. Para um povo que anteriormente tinha depositado, equivocadamente, confiança no magnífico Templo construído por Salomão [II Cr 7.1-3; Jr 7.14] e, posteriormente, testemunhou a destruição do mesmo, além de estar agora no cativeiro, esta visão de Ezequiel, acerca da restauração do Templo (Ez 40-44) e de águas saindo debaixo da entrada do mesmo (Ez 47.1), deve ter sido surpreendente e renovadora. Considerando que o Templo possuía forte significado para a vida religiosa do povo de Israel. Tal associação entre Templo e a fonte das águas lembra o próprio Senhor como a fonte da água viva (Jo 4.10, 14; Ap 21.22; 22.1).
- Percurso e profundidade das águas. As águas que saíam do Templo corriam para o oriente, considerando que a frente do Templo estava voltada para esta direção (Ez 47.1-2, 8). A glória de Deus veio do oriente para o Templo restaurado (Ez 43.1-2). As águas corriam para o mar, cujas águas seriam saradas (Ez 47.8). À medida que corriam as águas, a profundidade ia aumentando. A medição era feita por um homem, provavelmente o mesmo mencionado em Ezequiel 40.3, a cada mil côvados (cerca de quinhentos metros). Assim, o rio não tinha uma mesma profundidade, pois ia aumentando conforme o profeta ia sendo conduzido pelo homem. Até o ponto no qual já não se podia atravessar andando, um total de aproximadamente dois mil metros de extensão (Ez 47.5). Deixemo-nos ser conduzidos pelo rio de Deus.
- Águas que vivificam. Destaquemos dois textos relevantes ao encerrar este tópico: “viverá tudo por onde quer que entrar” (Ez 47.9) e “porque as suas águas saem do santuário” (Ez 47.12). O homem que conduz o profeta ainda o desperta para que prestasse muita atenção (Ez 47.6). O foco agora é o efeito vivificador e transformador daquelas águas. “A água é a fonte de vida de todos os seres vivos. Por isso, nas expedições em outros planetas, a água é um dos primeiros recursos procurados, pois pode ser um indicador da existência de vida” Moody: “Um adequado suprimento de água era fornecido por um vasto sistema de irrigação, um emaranhado de rios que brotavam dentro e à volta do jardim, dando-lhe vida” (Gn 2.10-14).
II – O USO DO TERMO “ÀGUAS” NAS MENSAGENS BÍBLICAS
Nem todo texto bíblico que menciona “águas” está se referindo diretamente a bênçãos de Deus para o Seu povo (Gn 7.17-24; Sl 93.3-4; Mt 7.26-27). Assim, no presente tópico a ênfase será em mensagens bíblicas que registram o uso de termos como “águas”, “rios”, “fonte” pelo Espírito Santo para que uma pessoa entenda as ações de Deus para com o Seu povo, segundo os Seus planos e visando os Seus propósitos.
- Ação divina de transformação. “E, sendo levadas ao mar, sararão as águas” (Ez 47.8). Ou seja, as águas salgadas se tornam doces e saudáveis. Este mar, denominado de “mar de Sal” (Gn 14.3), Salgado (Nm 34.3,12; Js 3.16), entre outros; segundo o Dicionário Enciclopédico da Bíblia, após o século II d.C. passou a ser denominado de Mar Morto. É o ponto mais baixo da face da terra em relação ao nível do mar. “A salinidade torna qualquer vida impossível e os peixes do Jordão que caem ali morrem rapidamente”. Contudo, a visão que Ezequiel tem é: águas que brotam do trono de Deus entrarão no mar Morto e isto resultará em transformação. Como o poder de Deus transformou os ossos sequíssimos em um grande exército (Ez 37), este mesmo poder se manifestará por intermédio de um rio de águas vivificadoras. Trata-se de uma excelente ilustração quanto à ação transformadora da graça de Deus que nos alcançou como um rio: “Vos vivificou, estando vós mortos” (Ef 2.1); “Estando nós ainda mortos…nos vivificou” (Ef 2.5).
- Ação divina de frutificação. O texto menciona “abundância de árvores” (Ez 47.7). Porém, não apenas árvores, mas notemos que só no versículo 12 há quatro vezes a expressão “fruto” ou “frutos”. Agora atentemos para a localização das árvores: “à margem do ribeiro” ou “junto do ribeiro” (Ez 47.7, 12). Sim, as águas que saem do Templo do Senhor fazem a diferença. É pertinente a conexão com a mensagem do Salmo 1.3, onde vemos o salmista associando estar “junto a ribeiros de águas” com a relação de uma pessoa com a Palavra de Deus – prazer e meditar. Frutificar para ser bênção na vida de outros (Ez 47.12) e para a glória de Deus (Jo 15.8).
- Ação divina de sustentação. Notemos o texto de Ezequiel 47.12: “não cairá a sua folha, nem perecerá o seu fruto”. Expressões que transmitem ideia de sustentação ou perseverança. Não apenas crescer, mas frutificar. Não apenas crescer e frutificar, mas perseverar (Lc 8.15). Talvez um dos maiores desafios do cristão esteja em ser perseverante. Para nosso tempo de tanta “liquidez”, uma das mensagens do último livro da Bíblia é: “vencerão os que estão com ele, chamados, e eleitos, e fiéis” (Ap 17.14). Mas como ser perseverante em um tempo de tantas distrações e novidades? Estendendo nossas raízes para este ribeiro de águas que brotam do trono de Deus (Jr 17.8). Mesmo no calor, as folhas permanecerão verdes. Ainda que não chova, permanecerá frutificando.
III – ÁGUA VIVA NO PRESENTE E NO FUTURO
Evidente que não é possível esgotar este assunto, pois o “rio é profundo”. Assim, encerrando esta lição, refletiremos sobre outros textos bíblicos que também fazem uso dos termos “rios” ou “águas” de forma metafórica. Façamos nossa a oração do salmista no Salmo 119.18.
- Jesus e os rios de água viva. O Senhor Jesus se apresenta como a fonte da água da vida (Jo 4.10-14; 7.37-39). Ele é o que satisfaz a sede mais profunda da alma. Em um mundo tão árido, espiritualmente, em Cristo é possível desfrutar permanentemente dos “ribeiros de águas” (Is 32.2). O professor G. H. C. Macgregor escreveu: “Cristo satisfaz uma pessoa não exterminando sua sede, o que podaria o crescimento da sua alma, mas concedendo-lhe, com o dom do seu Espírito, uma fonte interior de satisfação que surge de modo perene e espontâneo cada necessidade reincidente de refrigério”.
- Zacarias e as águas vivas de Jerusalém. Zacarias foi um dos profetas do período pós-exílico, portanto, posterior a Ezequiel (Ed 5.1-2; Zc 1.1). O povo que tinha retornado para Jerusalém encontrou a cidade e o Templo destruídos. Quanta diferença da Jerusalém dos tempos de Davi e Salomão. Em um tempo repleto de desafios, Deus levanta Zacarias para anunciar mensagens que confortassem judeus desencorajados e estimulassem a esperança do povo, quanto à reconstrução do Templo como, também, de aplicação escatológica (Zc 14.8). Assim, a Jerusalém que estava em ruínas e debaixo do jugo do império persa, ainda será “a fonte e provisão de águas correntes que não vão oscilar com as estações, mas vão correr em direção ao leste para o mar Morto e ao oeste para o mar Mediterrâneo”, como comentou David J. Ellis.
- João viu o rio da água da vida. Por causa do pecado (Gn 3.24), o homem é lançado fora do jardim do Éden, onde tinha rio e árvore da vida (Gn 2.9-10). Em Apocalipse 22.1-2, João recebe a visão do “rio puro da água da vida” e da “árvore da vida” que estarão disponíveis aos que guardam a Palavra de Deus e são purificados no sangue do Cordeiro (Ap 22.7,14). Bem-aventurados os que aproveitam a oportunidade e atendem ao chamado para tomar a água da vida (Ap 22.17).
CONCLUSÃO
Que o Espírito Santo nos ajude a desfrutarmos dos efeitos dos rios de Deus produzidos, no presente, na vida de todos que buscam essas águas: restauração, frutificação e sustentação até que Ele venha. E, no futuro, gozarmos do rio puro da água da vida e da árvore da vida.
Postado por: Pr. Ademilson Braga
Fonte: Editora Betel