Adultos - CPAD
A responsabilidade é individual
EBD – Adultos – EDIÇÃO: 551 – 4º Trimestre – Ano: 2022 – Editora: CPAD
LIÇÃO – 07 – 13 de novembro de 2022
TEXTO ÁUREO
“A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele.” (Ez 18.20)
VERDADE PRÁTICA
Para além da responsabilidade individual, a Palavra de Deus se posiciona contra o fatalismo, isto é, contra a ideia de que tudo está determinado por um rígido destino.
LEITURA DIÁRIA
Segunda-feira – Dt 24.16
Na lei de Moisés, cada um vive e morre pelos seus próprios atos
Terça-feira – Ec 12.14
Os seres humanos são responsáveis pelos seus atos
Quarta-feira – Jr 31.29
A parábola das uvas verdes e os dentes, um ditado falso
Quinta-feira – Ez 18.2,3
Os exilados da Babilônia deviam rejeitar o uso dessa máxima
Sexta-feira At 17.30
Deus oferece oportunidade de arrependimento aos pecadores
Sábado – Jo 17.12
É possível o justo se desviar e perder a salvação
LEITURA BÍBLICA
Ezequiel 18.20-28
20 – A Alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele.
21 – Mas, se o ímpio se converter de todos os seus pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer juízo e justiça, certamente viverá; não morrerá.
22 – De todas as suas transgressões que cometeu não haverá lembrança contra ele; pela sua justiça que praticou, viverá.
23 – Desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? Diz o Senhor JEOVÁ; não desejo, antes, que se converta dos seus caminhos e viva?
24 – Mas, desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniquidade, e fazendo conforme todas as abominações que faz o ímpio, porventura viverá? De todas as suas justiças que tiver feito não se fará memória; na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles morrerá.
25 – Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é direito. Ouvi, agora, ó casa de Israel: Não é o meu caminho direito? Não são os vossos caminhos torcidos?
26 – Desviando-se o justo da sua justiça e cometendo iniquidade, morrerá por ela; na sua iniquidade que cometeu, morrerá.
27 – Mas, convertendo-se o ímpio da sua impiedade que cometeu e praticando o Juízo e a Justiça, conservará este a sua alma em vida.
28 – Pois quem reconsidera e se converte de todas as suas transgressões que cometeu, certamente viverá, não morrerá.
INTRODUÇÃO
O ponto de partida desta lição é uma máxima muito usada em Jerusalém e, também, entre os exilados de Babilônia que diziam: ”Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram” (Jr 31.29; Ez 18.2). Com base nesse ditado, eles diziam que estavam sendo punidos por causa dos pecados de seus antepassados.
I – SOBRE A MÁXIMA USADA EM ISRAEL
1- Uma máxima equivocada. O ditado popular “Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram” se baseava numa interpretação equivocada sobre o terceiro mandamento do Decálogo (Êx 20.5; Dt 5.9). A maldição não é hereditária, ela só permanece quando os filhos continuam nos pecados dos pais; veja a expressão “daqueles que me aborrecem”. É um princípio divino estabelecido desde a lei de Moisés (Dt 24.16). Isso é lembrado na história de Israel (II Rs 14.5,6).
2- Jeremias e Ezequiel trataram do assunto. A palavra profética em Jeremias é escatológica. A seção de Jeremias 30-33 é o Livro da Consolação, que não foi editado separadamente como Lamentações, essa parte da profecia anuncia a restauração de Israel e de Judá e contempla o futuro glorioso da nação unificada. Esse oráculo está nesse contexto, como nos revela também a profecia no livro de Jeremias (Jr 31.29,30). É nesse contexto escatológico que nunca mais será pronunciado em Israel tal provérbio popular. Mas a proibição anunciada por Ezequiel é imediata (Ez 18.2,3).
3- O problema em nosso tempo. A doutrina das “uvas verdes e dentes embotados” que predominou o imaginário popular de Israel (Jr 31.29; Ez 18.2) veio a ser parte do cardápio doutrinário de um movimento infiltrado em algumas igrejas conhecido como “Batalha Espiritual”. Essa parte do ensino é a conhecida extravagante doutrina da maldição hereditária. Quando alguém se converte a Cristo, deixa de aborrecer a Deus, logo, essa passagem do terceiro mandamento do Decálogo não pode se aplicar aos crentes (Rm 5.8-10), pois eles se tornam em uma nova criatura, pois “as coisas velhas já passaram, e eis que tudo se fez novo” (II Co 5.17). Devemos orar e agir para que esses ensinos equivocados não prosperem em nossas igrejas (Jd v.3).
II – SOBRE A SALVAÇÃO PARA TODOS OS SERES HUMANOS
1- Há esperança para o pecador (vv. 21,22,23). Essa ideia está muito clara no capítulo inteiro, que, para não deixar dúvidas, Ezequiel afirma de maneira direta (vv.4,20), reiterando diversas vezes com exemplos claros e ilustrações. A vontade de Deus é a salvação de todos os seres humanos para que ninguém se perca, e nisso o profeta antecipa o pensamento do Novo Testamento (Jo 5.40; I Tm 2.4; II Pe 3.9).
2- Refutando um pensamento fatalista (v.20). Tanto os exilados na Babilônia como os que estavam em Judá e em Jerusalém acreditavam ou se justificavam numa ideia falsa de que estavam pagando pelos pecados dos pais, mesmo depois da destruição de Jerusalém (Lm 5.7). Deus proíbe o uso desse ditado popular porque a responsabilidade é individual. O profeta Ezequiel fecha a porta fatalista do imaginário popular do povo de Judá e dos exilados de Babilônia. Ele torna claro o pensamento bíblico da responsabilidade individual de maneira textual e direta (v.20). A palavra “alma”, nesse contexto, significa a própria pessoa.
3- Duas situações (vv.2,22,24). O profeta explica, com clareza, os oráculos divinos sobre a relação de Deus com os seres humanos. Se o pecador abandona a sua vida cheia de pecados, todo tipo de maldade, iniquidade e se volta para Deus, tal pessoa é perdoada, e se “fizer juízo e justiça, certamente viverá; não morrerá” (vv.21,22). Mas, se pelo contrário, o justo se desviar de sua justiça e cometer injustiça e iniquidade “conforme todas as abominações que faz o ímpio […] De todas as suas justiças que tiver feito não se fará memória; na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles morrerá” (v.24). É possível, sim, o salvo perder a salvação temporariamente (Lc 15.32) ou definitivamente (II Pe 2.20-22).
III – SOBRE A REAÇÃO DE ISRAEL
1- Uma pergunta retórica (v.25). Na verdade, são duas perguntas: “Não é o meu caminho direito? Não são os vossos caminhos torcidos?”. A pergunta retórica não espera resposta, trata-se de uma afirmação em forma de pergunta. É o que Javé afirma nessa passagem. Esses recursos estilísticos são frequentes nas Escrituras, veja esses exemplos: “Não é Arão, o levita, teu irmão?” (Êx 4.14); “Não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras e nem o poder de Deus?” (Mc 12.24; cf. Ez 8.6; Jo 4.35; 6.70; I Co 10.16). Depois de explicar essa verdade e apresentar os fatos vem a conclusão: os caminhos do Senhor são corretos e os do povo, torcidos.
2- Sobre a justiça. Ezequiel deixa claro mais que o sol do meio-dia que a lei da responsabilidade individual é justa e está de acordo com os atributos divinos. Esse atributo é manifesto no castigo do pecador e na premiação do justo: “o qual recompensará cada um segundo as suas obras” (Rm 2.6). Esse atributo se harmoniza com a santidade de Deus. A Bíblia declara, com todas as letras, que somente. Deus é justo, considerando justiça como atributo, no sentido absoluto de perfeição: ”Deus é um juiz justo” (Sl 7.11).
3- O arrependimento (vv. 27,28). Deus é justo e misericordioso. A retribuição ao pecador contumaz vem depois de muitos anos de apelo ao arrependimento sem resposta do povo. A resposta dada aos críticos deixa claro também que, mesmo o ímpio na sua impiedade, deixando o pecado e voltando a praticar a justiça, tem o perdão. Todos precisam de arrependimento e buscar o perdão de Deus e não acusar o próprio Deus (Is 55.6,7; At 3.19). Essa história se repete em nossos dias, porque é tendência dessas pessoas culparem a Deus pelas suas mazelas. Devemos levar a Palavra de Deus a essas pessoas, pois nenhuma felicidade pode ser plena sem Jesus.
CONCLUSÃO
Depois de refutar o imaginário popular de que Deus estivesse sendo injusto pelo castigo do povo, o profeta chama os seus leitores para uma reflexão. Esse discurso soteriológico é muito importante e continua atual na vida da igreja e na pregação cristã. É nossa responsabilidade levar essa mensagem aos perdidos da terra.
Postado por: Pr. Ademilson Braga
Fonte: Revista CPAD