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A Missão Profética da Igreja
INTRODUÇÃO
No período do Antigo Testamento, a voz de Deus na terra era manifesta através dos profetas, sendo a nação de Israel o seu receptáculo. Em o Novo Testamento, o Senhor continua a falar com e por meio de seus mensageiros. Essa percepção indica-nos que a missão profética da Igreja consiste em levar o evangelho de Jesus Cristo a todos os povos, pois é através desta que Deus ainda fala.
A PERSEGUIÇÃO
Os primórdios da igreja em uma cidade. A missão da Igreja é proclamar de modo persistente e incessante a obra redentora do Calvário a todos os povos. Jesus disse: “[…] e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra” (At 1.8). Entretanto, apesar dessa ordem e de já haver recebido o Espírito Santo no Pentecostes, a Igreja permaneceu limitada a Jerusalém, pelo menos até ao martírio de Estevão.
A dispersão dos discípulos (v.4). Após a morte de Estevão (primeiro mártir da Igreja), houve “uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém” (8.1), de tal modo que os crentes tiveram que se dispersar. Os que “andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra” (v.4). A expressão “por toda parte” incluía regiões como a Fenícia, Chipre e Antioquia, muito além dos termos de, Israel (At 11.19). Isso indica que a determinação do Mestre começou a ser cumprida segundo os termos da Grande Comissão. Certamente Deus permitiu tal perseguição com o intuito de retirar os discípulos do seu comodismo e inércia.
Deus pode tornar o mal em bem. Assim como a diáspora judaica serviu para propagar o judaísmo, a dispersão dos discípulos contribuiu para uma ampla e contínua disseminação do evangelho. Como afirma a Palavra de Deus: “[…] todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8.28).
OS SAMARITANOS
A ordem de Jesus derruba barreiras étnicas. Após a sua ressurreição dentre os mortos, o Senhor Jesus Cristo mandou seus discípulos pregar o evangelho em todas as partes, inclusive em Samaria (At 1.8).
Samaria (v.5). Inicialmente, tratava-se do monte de Israel que Onri, pai do rei Acabe, comprara de Semer, de onde vem o nome “Samaria” ou “Sarnária” (1 Rs 16.24). No período romano, a cidade era conhecida pelo nome de Sebaste (venerável), nome dado por Herodes, o Grande. A mistura étnico-religiosa dos moradores da região começou a se dar a partir de 722 a.C., quando os assírios levaram as dez tribos do Norte para o cativeiro (2 Rs 17.26,29,33).
Judeus e samaritanos. A animosidade no relacionamento entre judeus e samaritanos nos dias de Jesus era algo muito marcante (Lc 9.52,53; Jo 4.9). No entanto, o motivo para as desavenças era mais uma questão religiosa (Jo 4.20) do que política, pois, na verdade, ambos tiveram uma origem comum. Apesar desse clima tenso, Jesus amava-os, e seu encontro com a mulher samaritana resultou na conversão de toda aquela aldeia para o Reino de Deus (Jo 4.39-42).
O EVANGELHO EM SAMARIA
“Descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo” (v.5). Filipe era um dos sete homens escolhidos para servir como diácono. Não demorou muito para que ele tornasse pública a sua vocação de evangelista (At 21.8). Seu companheiro Estevão, também um dos sete (At 6.5), fora assassinado, sucedendo-se uma perseguição feroz liderada por Saulo (8.3). Naquela ocasião, Filipe obedeceu ao ensino de Jesus Cristo, seguindo para outra cidade (Mt 10.23), a saber: Samaria.
A presença divina (vv.6,7). Os milagres que os discípulos realizavam em nome de Jesus evidenciavam a presença de Deus entre os crentes. Não há como fugir: religião sem o sobrenatural é mera filosofia. O próprio ministério de Jesus era baseado na trilogia: pregação, ensino e milagres (Mt 4.23). Ele conferiu essa autoridade à sua Igreja (Mt 10.7,8), e reiterou essa verdade diversas vezes em Atos (8.15,17-19,39) e também em Marcos 16.17-20.
Nasce a igreja dos samaritanos (v.12), e os apóstolos Pedro e João dão sequência ao trabalho (vv.14,15). O tema central do evangelho é Jesus Cristo. E Filipe foi fiel a isso, pois “pregava acerca do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo” (v. 12). Como a mensagem genuinamente evangelística e cristocêntrica resulta em bênçãos divinas e conversões, havia muita alegria na cidade (v.8). A pregação de Filipe era acompanhada de cura e libertação, por isso, atraiu toda a população de Samaria. Muitos se converteram ao evangelho e, como aconteceu em Jerusalém no Dia de Pentecostes, foi realizado um batismo em água, que marcou o início da igreja naquela localidade.
Ora, a pregação da Palavra e a “colheita de almas”, se não forem seguidas pelo ensino da Palavra (Mc 16.15; Mt 28.19,20), produzem crentes anêmicos. Portanto, quando a igreja de Jerusalém tomou conhecimento da evangelização de Samaria, enviou de imediato Pedro e João para discipular os novos irmãos. O mesmo João que desejava fazer cair fogo do céu para consumi-los (Lc 9.54), é um dos enviados para ajudá-los (At 8.14). A ajuda foi fundamental, uma vez que, além de encorajar os novos convertidos com o ensino da Palavra, os apóstolos foram usados por Deus para levar os irmãos a receberem batismo no Espírito Santo: “[…] tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo” (At 8.15,17).
CONCLUSÃO
A missão da Igreja é levar as boas-novas de salvação e, justamente, por essa razão, o evangelho contempla todas as etnias; desconhece fronteiras. Onde quer que ele chega, os preconceitos são removidos e o Espírito Santo começa a operar. O Senhor Jesus eliminou as barreiras entre judeus e samaritanos e entre judeus e gentios. A Bíblia classifica a humanidade em três grupos de povos: os judeus, os gentios e a Igreja (1 Co 10.32,33). Temos o grande privilégio de fazer parte do último, porém, temos o dever de anunciar aos demais a Palavra do Senhor. Cumpramos, pois, integralmente, a missão profética da Igreja de Cristo.
Postado por: Pb. Ademilson Braga