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E.B.D

Introdução à primeira carta a Timóteo

Publicado

em

EBD – Jovens – EDIÇÃO: 130 – 3º Trimestre – Ano: 2023 – Editora: CPAD

LIÇÃO – 01 – 02 de julho de 2023

TEXTO PRINCIPAL

 “Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza.” (I Tm 4.12)

LEITURA SEMANAL

Segunda-feira – I Tm 1.1
Uma carta escrita a Timóteo
Terça-feira – I Tm 1.3,4
O propósito de Paulo para Timóteo
Quarta-feira – I Tm 1.1-20
Instruções sobre a fé correta
Quinta-feira – I Tm 2.1 – 3.16
Instruções para a igreja
Sexta – I Tm 4.1 – 6.21
Instruções para os presbíteros
Sábado – I Tm 3.1-7
Instruções para os pastores

TEXTO BÍBLICO

I Timóteo 1

1 Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Cristo, esperança nossa.
2 A Timóteo, meu verdadeiro filho na fé: graça, misericórdia e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da de Cristo Jesus, nosso Senhor.
3 Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinem outra doutrina.
4 Nem se deem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé; assim o faço agora.
5 Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida.
6 Do que desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas.
7 Querendo ser doutores da lei e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam.

INTRODUÇÃO

As cartas pastorais são mensagens de um plantador de igrejas e experiente pastor, o apóstolo Paulo, a dois filhos na fé, vocacionados para o serviço cristão: Timóteo e Tito. Elas nos edificam, de um lado, com o exemplo paulino de afeição e cuidado pastoral, e, de outro, com a devoção, obediência e lealdade desses dois dedicados jovens pastores. A beleza dessas cartas, seu conteúdo doutrinário e sua singular praticidade eclesiástica serão analisados ao longo de todo o trimestre. Vamos conhecer os desafios que Timóteo e Tito enfrentaram e como foram instruídos para atuar como líderes espirituais. Que tenhamos uma compreensão maior da vida eclesiástica sob a ótica pastoral e sejamos mais engajados na sublime obra de servir a Deus na Igreja de Cristo.

I – TIMÓTEO NO CONTEXTO DAS CARTAS DE PAULO

1- Epístolas pastorais. Paulo escreveu 13 dos 27 livros do Novo Testamento. Nove são cartas dirigidas a igrejas e três enviadas a pastores: 1 e 2 Timóteo e Tito. O rol se completa com uma carta pessoal, escrita a Filemon. Dez cartas foram escritas antes e durante a primeira prisão do apóstolo em Roma, que se deu em 61 d.C. e durou dois anos (At 28.16,30). Antes da prisão, escreveu Gálatas, I e II Tessalonicenses, I e II Coríntios e Romanos. Colossenses, Efésios, Filipenses e Filemon são as chamadas cartas da prisão.
2- Escrevendo durante as viagens. Paulo escreveu I Timóteo e Tito entre 63 e 65 d.C., durante a viagem que realizou depois de seu primeiro aprisionamento em Roma. Seu último livro, a Segunda Carta a Timóteo, foi escrita durante o segundo aprisionamento, de dentro de uma das cadeias romanas (66 ou 67 d.C.). Os fatos narrados nas cartas pastorais, portanto, são posteriores às narrativas contidas em todos os demais textos paulinos e nos registros de Lucas em Atos 28.30,31. Por isso, além da substancial teologia pastoral, essas três cartas enriquecem o contexto neotestamentário com valiosas informações históricas dos últimos anos do ministério de Paulo.
3- De volta às viagens. Não foram apenas os dois anos de prisão domiciliar em Roma que afastaram Paulo de sua lida missionária (At 28.16-30). Antes disso, ficara preso aproximadamente três anos, desde sua prisão em Jerusalém (At 21.33), passando pelos mais de dois anos de encarceramento em Cesareia (At 24.27) até a chegada à capital do império (At 28.16). Somente depois de cinco longos anos privado de sua atividade apostólica e pastoral presencial, Paulo volta a viajar. É possível que, nessa oportunidade, ele tenha realizado seu desejo de ir à Espanha (Rm 15.24,28).
O que se sabe, com certeza, é que visitou algumas das igrejas que havia fundado durante suas três grandes viagens missionárias (At 13—21). Dentre elas, Creta e Éfeso. Como já mencionamos, mesmo aprisionado Paulo continuou vivendo como um fiel e atuante ministro de Cristo. Além das quatro cartas que escreveu, em Roma ele pregava e ensinava “as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo” (At 28.31), demonstrando seu profundo compromisso com o seu Salvador. Como ele mesmo escreveu, entendia que era “o prisioneiro de Jesus Cristo [pelos] gentios” (Ef 3.1). Foi fiel em todo o tempo (Jo 16.33; Ap 2.10). 

II – TIMÓTEO, VERDADEIRO FILHO

1- Sua origem. Timóteo nasceu em Listra, cidade da Licaônia, na província romana da Galácia. Sua mãe, Eunice, e sua avó, Lóide, que eram judias, ensinaram as Escrituras para ele desde a infância (II Tm 1.5; 3.14,15). Acredita-se que ele, sua mãe e sua avó tenham se tornado cristãos por ocasião da primeira viagem missionária de Paulo, junto com Barnabé, pois em Listra muitos se tornaram discípulos de Cristo pela pregação do apóstolo (At 14.6-23). Quando Paulo retorna à Listra, agora junto com Silas, em sua segunda viagem missionária, encontra Timóteo, “filho de uma judia que era crente, mas de pai grego, do qual davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e em Icônio” (At 16.1,2).
2- Companheiro de Paulo. O bom testemunho de Timóteo, fruto de sua educação espiritual e seu progresso na fé cristã, motivou Paulo a convidá-lo para o acompanhar em sua jornada missionária. Como Timóteo não era circuncidado, o apóstolo decidiu circuncidá-lo “por causa dos judeus que estavam naqueles lugares” (At 16.3). Paulo não circuncidou Timóteo por considerar isso necessário à salvação, mas para evitar que os judeus tivessem um pretexto para rejeitarem o Evangelho.
Em muitas ocasiões o apóstolo já havia ensinado sobre a suficiência da fé em Cristo como meio de receber a graça salvadora, como deixou registrado em diversas epístolas (Rm 3.21-28; Ef 2.8,9 e Gl. 2.16). Paulo tinha uma compreensão muito clara da obra da salvação (Ef 3.1-7), acima de qualquer prática legalista: “Porque, em Jesus Cristo, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas, sim, a fé que opera por amor” (Gl 5.6).
Precisamos compreender bem o que é a liberdade cristã e o lugar das obras no propósito divino. Como nos ensina o apóstolo, somos salvos pela fé, “criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10).
3- Evangelho da incircuncisão. Conforme o Dicionário Wycliffe, “a circuncisão é, literalmente, a remoção cirúrgica do prepúcio do órgão sexual masculino”. Foi ordenada por Deus como um concerto entre Ele e os descendentes de Abraão (Gn 17.10-14), tendo sido ratificada ao povo de Israel nos dias de Moisés (Lv 12.1-3). Observa-se que em relação a Tito, que era grego, o apóstolo deliberadamente decidiu que não deveria ser circuncidado, embora houvesse certa pressão de judeus, aos quais Paulo chama de “falsos irmãos” (Gl 2.1-4).
Aos gálatas, o apóstolo diz, textualmente, que havia sido comissionado a pregar o “evangelho da incircuncisão” (Gl 2.610; 5.1,2). Hoje, de igual forma, precisamos ter o cuidado de não ser enganados pelos judaizantes, que ignoram o fato de que em Cristo não estamos mais sujeitos
aos preceitos da lei mosaica, como a guarda do sábado, a abstinência de certos alimentos e práticas litúrgicas do judaísmo (Rm 14.1-6; Gl 4.1-10).

III – TIMÓTEO: UM JOVEM MINISTRO

1- A trajetória. Antes de ser comissionado por Paulo para ser o pastor da igreja em Éfeso, Timóteo serviu ao apóstolo por longos anos, desde o dia em que foi convidado para acompanhá-lo em suas viagens (At 16.3-8). Considerando a opinião de alguns estudiosos, de que Timóteo tinha entre 30 e 35 anos quando pastoreava os efésios (65 d.C.), podemos afirmar que ele tenha se tornado cooperador de Paulo com, no máximo, 20 anos de idade (50 d.C.).
Foi assim, tão jovem, que ele acompanhou fielmente o apóstolo em sua segunda e terceira viagens, alcançando confiança para missões de alta relevância espiritual, como quando designado, durante as viagens, para servir nas igrejas em Tessalônica (I Ts 3.1-10), Corinto (I Co 4.16,17); e Filipos (Fp 2.19-24).
Por ocasião do primeiro aprisionamento de Paulo em Roma, lá estava Timóteo. O apóstolo cita-o em três das quatro cartas da prisão (Fp 1.1; Cl 1.1;). Solto, leva-o consigo em sua quarta e última viagem missionária, quando roga para que fique servindo na igreja em Éfeso (I Tm 1.3).
2- O roteiro final. O exato roteiro da viagem de Paulo após sua primeira prisão em Roma não é conhecido, principalmente porque o propósito das cartas que ele escreveu a Timóteo e a Tito não era de registro histórico. O apóstolo escreveu com a finalidade de orientar os jovens pastores quanto ao cuidado espiritual que deveriam ter consigo mesmos e com a missão que tinham recebido junto às igrejas que pastoreavam (I Tm 4.16; Tt 2.1,7).
As cartas trazem instruções práticas do que e de como deveria ser ensinado (I Tm 4.6; 5.1,2; Tt 2.15). Como já afirmamos, é possível que Paulo tenha ido até à Espanha. Certo é que visitou Creta, onde deixou Tito (Tt 1.5) e algumas cidades da Ásia Menor, como Mileto (II Tm 4.20) e possivelmente a própria Éfeso. De Mileto, seguiu para Trôade, rumo à Macedônia (Filipos, Tessalônica e Bereia), região de onde escreveu a primeira carta a Timóteo (I Tm 1.3).
3- A responsabilidade de Timóteo. O problema da igreja em Éfeso eram os falsos mestres que estavam ensinando “outra doutrina”, envolvendo “fábulas” e “genealogias intermináveis”, que “mais [produziam] questões do que edificação de Deus” (I Tm 1.3,4). A responsabilidade de Timóteo era adverti-los de seus erros doutrinários e cuidar, ele mesmo, do ensino da “boa doutrina” (I Tm 4.6), a ortodoxia, a doutrina correta, que Paulo também chama de “sã doutrina” (I Tm 1.10; Tt 2.1).
Timóteo também deveria transmitir ensinos práticos para toda a igreja e exercer a disciplina eclesiástica (I Tm 5.20). Apesar de ser ainda jovem segundo os padrões da época, apresentar certa timidez (II Tm 1.6-8) e enfrentar “frequentes enfermidades”, inclusive estomacais (I Tm 5.23), foi-lhe dada a grande responsabilidade de cuidar de uma das principais igrejas do primeiro século. Aliás, a principal da Ásia Menor.
Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, sete anos antes desta Primeira Carta a Timóteo, no final de sua terceira viagem missionária, quando seguia para Jerusalém, Paulo teve uma reunião com os presbíteros de Éfeso na vizinha cidade de Mileto, e os advertiu do aparecimento de “lobos cruéis […] que não [perdoariam] o rebanho” e de “[…] homens que [falariam] coisas perversas, para atraírem os discípulos após si” (At 20.29,30). Agora, isso já havia acontecido e cabia a Timóteo defender a pureza do Evangelho. 

CONCLUSÃO

Estamos apenas começando nossa empolgante jornada de estudo das cartas pastorais. Ao longo do trimestre estudaremos muito mais a respeito de Timóteo e seu edificante exemplo. Vamos examinar as recomendações transmitidas a ele por Paulo, seu pai espiritual, e constatar como são extremamente valiosas para a Igreja e para cada um dos cristãos de todos os tempos. Que a graça de Deus permaneça com todos nós.

 

 

 

Postado por: Pr. Ademilson Braga

Fonte: Editora CPAD

 

 

 

 

 

 

 

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