Adultos - CPAD
Imersos no Espírito nos últimos dias
EBD – Adultos – EDIÇÃO: 556 – 4º Trimestre – Ano: 2022 – Editora: CPAD
LIÇÃO – 12 – 18 de dezembro de 2022
TEXTO ÁUREO
“Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre.” (Jo 7.38)
VERDADE PRÁTICA
O rio da vida, que representa o fluir do Espírito Santo, passa no meio do povo de Deus.
LEITURA DIÁRIA
Segunda-feira – Gn 2.8-10
O rio do jardim do Éden aparece no limiar da humanidade
Terça-feira – Is 44.3
Rios de águas representam também o derramamento do Espírito Santo
Quarta-feira – Ez 36.35
A terra será restaurada no Milênio como o Éden
Quinta-feira – Jl 3.18
O profeta Joel profetiza sobre um rio fluindo da Casa de Deus para toda a Judá
Sexta-feira – Zc 14.8
O rio revelado ao profeta Zacarias é similar ao de Ezequiel
Sábado – Ap 22.1,2
O rio puro da água da vida flui do trono de Deus no mundo vindouro
LEITURA BÍBLICA
Ezequiel 47
1 – Depois disso, me fez voltar à entrada da casa, e eis que saíam umas águas de debaixo do umbral da casa, para o oriente; porque a face da casa olhava para o oriente, e as águas vinham de baixo, desde a banda direita da casa, da banda do sul do altar.
2 – E ele me tirou pelo caminho da porta do norte e me fez dar uma volta pelo caminho de fora, até a porta exterior, pelo caminho que olha para o oriente; e eis que corriam umas águas desde a banda direita.
3 – Saiu aquele homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir; e mediu mil côvados e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos tornozelos.
4 – E mediu mais mil e me fez passar pelas águas ,águas que me davam pelos joelhos; e mediu mais mil e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos lombos.
5 – E mediu mais mil e era um ribeiro, que eu não podia atravessar, porque as águas eram profundas, águas que se deviam passar a nado, ribeiro pelo qual não se podia passar.
6 – E me disse: Viste, filho do homem? Então, me levou e me tornou a trazer à
margem do ribeiro.
7 – E, tornando eu, eis que à margem do ribeiro havia uma grande abundância de árvores, de uma e de outra banda.
8 – Então, me disse: Estas águas saem para a região oriental, e descem à campina, e entram no mar; e, sendo levadas ao mar, sararão as águas.
9 – E será que toda criatura vivente que vier por onde quer que entrarem esses dois ribeiros viverá, e haverá muitíssimo peixe; porque lá chegarão essas águas e sararão, e viverá tudo por onde quer que entrar esse ribeiro.
10 – Será também que os pescadores estarão junto dele; desde En-Gedi até En-Eglaim, haverá lugar para estender as redes; o seu peixe, segundo a sua espécie, será como o peixe do mar Grande, em multidão excessiva.
11- Mas os seus charcos e os seus lamaceiros não sararão; serão deixados para sal.
12 – E junto do ribeiro, à sua margem, de uma e de outra banda, subirá toda sorte de árvore que dá fruto para se comer; não cairá a sua folha, nem perecerá o seu fruto; nos seus meses produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário; e o seu fruto servirá de alimento, e a sua folha, de remédio.
INTRODUÇÃO
Essa primeira parte do capítulo 47 é a continuação da visão do Templo de Ezequiel (40.1,2). A primeira parte, versículos 1-6, se concentra nas águas que fluem de debaixo do umbral do Templo e, à medida que essas águas sanadoras vão fertilizando as áreas estéreis do vale do Mar Morto, seguem aumentando o seu volume até se tornar um rio caudaloso. A segunda parte, versículos 7-12, descreve o efeito milagroso dessas águas, trazendo vida ao Mar Morto e à toda a região do Arabá. A presente lição foca o aspecto escatológico da visão, mostra a implicação pneumatológica da profecia e o contexto geológico do vale do Mar Morto.
I – SOBRE O ASPECTO ESCATOLÓGICO
1- A nascente do rio (v.1). Vimos, na primeira lição do trimestre, que o livro de Ezequiel antecipa o aspecto apocalíptico nas Escrituras Sagradas. A visão nessa passagem é futurista e literal, e as evidências, tanto internas quanto externas, dão sustentação para uma interpretação escatológica e literal. O “umbral da casa” é uma referência ao templo da visão do profeta (40.1,2). Os detalhes desse complexo, como dimensões de áreas, dependências e medidas, sugerem um templo literal. Isso é simples de entender. Se os dois que foram destruídos, o de Salomão (II Rs 25.9) e o de Herodes (Lc 21.6), eram literais, não faz sentido o novo Templo ser uma mera visão idealista, corno símbolo ou figura para transmitir ideias ou simbologia. De igual modo, a promessa divina do novo Templo é também literal (Jl 3.18; Zc 14.8).
2- O guia celestial (vv.2,3a). Um personagem que aparece desde o início da visão do novo templo: “um homem cuja aparência era como a aparência do cobre, tendo um cordel de linho na mão e uma cana de medi” (40.3) continua corno cicerone nesse “passeio”. Esse anjo fez Ezequiel sair pelo portão do norte e, dessa forma, contornar o Templo no sentido horário em direção ao oriente. Isso porque a porta oriental estava fechada: “Esta porta estará fechada, não se abrirá; ninguém entrará por ela, porque o Senhor, Deus de Israel, entrou por ela; por isso, estará fechada” (44.2). No período dos dois templos, essa porta nunca esteve trancada, e isso revela o caráter escatológico da visão.
3- Os novos frutos (v.12). A linguagem dessa passagem é apocalíptica e escatológica e tem paralelo com o livro de Apocalipse (22.1,2). A visão de Ezequiel, em relação “a toda sorte de árvore que dá fruto para se comer […] nos seus meses produzirá frutos novos”, se refere ao Milênio e a do apóstolo João, ao mundo vindouro, a eternidade. Mas ambos os textos são literais; no novo céu e na nova terra não existe mar. O Milênio é distinto do mundo vindouro (Ap 21.1), ver a Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil (XXIII.5).
II – SOBRE A IMPLICAÇÃO PNEUMATOLÓGICA
1- As águas (vv. 3-6). O ser celestial fez Ezequiel passar pelas águas, que ao caminhar o primeiro trecho de “mil côvados”, ou “quinhentos metros” (NAA) “elas me davam pelos tornozelos” (v.3). Quinhentos metros mais adiante, as águas chegam aos joelhos e, depois de mais quinhentos metros, elas já estão nos lombos (v.4). Quinhentos metros mais além, essas águas já haviam se tornado num ribeiro e o profeta agora tinha que nadar (v.5). Ele atravessou o ribeiro nadando, mas depois, o ser celestial trouxe o profeta de volta para a margem do ribeiro (v.6). Qual o propósito disso? Era necessário que Ezequiel visse a extensão e a profundidade do ribeiro para reconhecer a fonte de todos esses milagres. Essa experiência da imersão do profeta nas águas tem implicações teológicas profundas (Jo 7.37-39).
2- O Espírito Santo. A imersão de Ezequiel nessas águas pode ser comparada ao crente cheio do Espírito Santo, visto que a água é um dos símbolos do Espírito (I Jo 5.6). Os símbolos do Espírito Santo são reflexos das suas múltiplas operações. O próprio Jesus se referiu ao Espírito ao falar sobre o Espírito Santo no discurso de João 7.37-39. O Espírito Santo é ilustrado como água, pois, assim como a água é indispensável à vida física de qualquer ser vivo, da mesma maneira o Espírito é indispensável à vida do crente. A água refresca, refrigera e dá, uma sensação de tranquilidade e bem-estar, e é isso que o Espírito Santo realiza na vida do crente (Is 44.3). Ademais, não podemos esquecer que o Senhor Jesus Cristo é a fonte de água viva (Jo 4.14).
3- Imerso nas águas e no Espírito (vv.3-5). O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Trindade, ou seja, é uma pessoa (Mt 28.19). Como Ele pode ser uma pessoa e os crentes serem cheios dEle? ”Todos foram cheios do Espírito Santo” (At 2.4). Ser cheio do Espírito Santo é uma expressão que indica estar o cristão nos domínios do Espírito (At 4.8; Ef 5.18). Isso está bem ilustrado na visão de Ezequiel inundado nas águas sanadoras que brotam do Templo de Deus (Ez 47.3-5).
III – SOBRE O CONTEXTO GEOLÓGICO DO VALE DO MAR MORTO
1- A abundância de árvores (v. 7). O Arabá, em hebraico a’ravah, literalmente ”árido”, mas aparece também no Antigo Testamento como ”planície” (Dt 1.1) ou ”deserto” (Is 35.1). É o nome de um vale (Js 18.18) que se estende desde a Galileia, no norte de Israel, e vai até o golfo de Ácaba, no sul do país, na margem do Mar Vermelho (Dt 1.1 – diante de Sufe). Nessa região se localiza o Mar Morto (Js 3.16 – Mar Salgado), parte da região era território da antiga Pentápolis que incluía as cidades de Sodoma e Gomorra, cuja destruição trouxe esterilidade na região de modo que ali não nasce planta alguma, nem mesmo capim (Dt 29.23). No entanto, a palavra profética contempla o surgimento de “abundância de árvores” (v.7) como resultado das bênçãos das águas vivificadoras. Esse quadro profético é do Milênio.
2- O Mar Morto (v.8). Essas águas “sendo levadas ao mar sararão as águas” (v. 8). Esse “mar” é o Mar Morto, ou mar de Sal (Gn 14.3), mar Salgado (Js 3.16), mar das Campinas, ou mar da Arabá (Dt 3.17 – NAA). Localiza-se na depressão mais profunda do planeta, 396 metros abaixo do nível do mar, e é alimentado pelas águas do Jordão e de uns poucos córregos menores. Visto que o lago não possui escoamento natural, suas águas são eliminadas por meio de evaporação. Essas águas possuem uma salinidade incomum que vem desses riachos, fluindo através de solos salitrosos alimentados por fontes sulfurosas. Não há vida nessas águas, que contêm mais de 30°/o de sais minerais, ao passo que a média dos oceanos é de 3%. É uma fonte de riquezas minerais.
3- Vida no Mar Morto (vv.9,10). A chegada das águas vivificadoras do Templo revive o Mar Morto e o resultado é a grande multiplicidade de peixes como no Mar Mediterrâneo, o ”mar grande” (v.10). Isso faz lembrar da criação no princípio (Gn 1.20,21). Os pescadores em “En-Gedi até En-Eglaim” (v.10) lançaram suas redes para apanhar os peixes, um cenário nunca visto até então na história. En-Gedi é um pequeno oásis localizado no deserto da Judéia, próximo ao Mar Morto (Js 15.62), onde Davi se acampou quando perseguido por Saul (I Sm 23.29; 24.1). En-Eglaim é uma localidade desconhecida, há quem afirme que fica na outra margem do mar, que seria hoje a Jordânia, mas a linguagem parece indicar sentido norte-sul e não leste-oeste.
4- Sobre os charcos lamaceiros com sal que não será restaurada (v.11). Há ainda muitas controvérsias. Como a vida não se estende além das águas da salvação que fluem do Templo, talvez a morte continue nesses buracos salinos (Is 66.24; Jr 30.23,24; Ap 20.10). A descrição do Milênio em Isaías indica haver pecado e morte em escala reduzida, nascimento e envelhecimento (Is 65.20-23). Mas há quem afirme que esses charcos serão de grande utilidade para economia por causa da abundância das riquezas minerais, até para o tempero, como o sal para os sacrifícios (Ez 43.24), mas não há unanimidade sobre nenhum desses pensamentos.
CONCLUSÃO
As águas terapêuticas do rio da visão de Ezequiel saem de debaixo do umbral e as águas cristalinas que saem do trono de Deus e do Cordeiro, em Apocalipse, apontam para Cristo e o Espírito Santo. É significativa a presença do rio no Éden, no princípio. No relato da criação e do rio da vida no mundo vindouro, o rio da visão de Ezequiel fica entre eles, ou seja, entre o primeiro e o último. Vemos, em tudo isso, a restauração escatológica da terra e a efusão do Espírito sem medida.
Postado por: Pr. Ademilson Braga
Fonte: Revista CPAD