E.B.D
Interpretando erroneamente as Escrituras
EBD – Jovens – EDIÇÃO: 74 – 2º Trimestre – Ano: 2022 – Editora: CPAD
LIÇÃO – 10 – 05 de junho de 2022
TEXTO PRINCIPAL
“E chamou o nome daquele lugar Massá e Meribá, por causa da contenda dos filhos de Israel, e porque tentaram ao SENHOR, dizendo: Está o SENHOR no meio de nós, ou não?” (Ex 17.7)
LEITURA SEMANAL
Segunda-feira – Mt 22.29
“Errais não conhecendo as Escrituras”
Terça-feira – Sl 119.105
Luz para os nossos passos
Quarta-feira – Mt 4.4
Alimento para a nossa alma
Quinta-feira – SI 119.11
Proteção contra o pecado
Sexta-feira – Jo 17.17
Palavra verdadeira
Sábado – Sl 119.11
Nossa proteção contra o pecado
TEXTO BÍBLICO
Mateus 4
5 Então o diabo o transportou à Cidade Santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo.
6 E disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo: porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.
7 Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás 0 Senhor, teu Deus.
Deuteronômio 6
13 O SENHOR, teu Deus, temerás, e a ele servirás, e pelo seu nome jurarás.
14 Não seguireis outros deuses, os deuses dos povos que houver à roda de vós.
15 Porque o SENHOR, teu Deus, é um Deus zeloso no meio de ti, para que a ira do Senhor, teu Deus, se não acenda contra ti e te destrua de sobre a face da terra.
16 Não tentarás o SENHOR, vosso Deus, como o tentastes em Massá.
INTRODUÇÃO
A Palavra de Deus vem sendo lida, ensinada e pregada por praticamente todo o mundo. Ela tem o poder de mudar a vida das pessoas, e nos revela o que Deus deseja que saibamos para sermos salvos e igualmente cidadãos dos céus. Entretanto, essa mesma Palavra pode ser mal interpretada e mal aplicada, e Satanás nos mostra isso quando tenta pela segunda vez ao Senhor Jesus. Veremos nesta lição como podemos resistir à tentação de utilizar a Palavra de Deus de forma equivocada, e, como o Senhor Jesus, vence a tentação de aplicar mal a Palavra de Deus e de agir sem consultar ao Senhor.
I – MUDANDO O CENÁRIO DA TENTAÇÃO
1- Na Cidade Santa. Mateus registra que após a primeira tentação, no deserto, Jesus é transportado à Cidade Santa, e levado ao pináculo do Templo. Parte do ministério de Jesus ocorreu em Jerusalém, onde foi apresentado no Templo (Lc 2.22), e para onde ia todos os anos para celebrar a Festa da Páscoa com seus pais (Lc 2.40, 41). A Cidade Santa não era um lugar desconhecido para Jesus, nem para o Inimigo. O pináculo do Templo era a parte mais alta do Santuário construído por Herodes. A arquitetura e a obra feitas pelo idumeu causavam admiração nas pessoas que iam a Jerusalém. Certa vez, até os discípulos de Jesus, em uma das idas ao Templo, mostraram a estrutura da construção para Ele (Mt 24.1). Era um lugar suntuoso e atraia a atenção das pessoas, tanto para cultuarem quanto para fazerem negócios, pois até vendilhões usavam o espaço do santuário (Jo 2.13-16). Era um lugar tão estratégico para a fé em Israel que qualquer pessoa que se destacasse no Templo, ensinando, contribuindo ou operando algum milagre, seria lembrada por toda a população. Devemos observar que Satanás se utilizou do santuário, ainda que a parte exterior, como cenário da tentação. Ele não respeita locais de culto, e pode se utilizar deles para gerar confusão entre os crentes,
2- “Se tu és o Filho de Deus”. Já foi dito que a tentação, mais do que uma prova da nossa fé, é uma prova da nossa confiança em Deus. A segunda tentativa do Inimigo contra Jesus traz novamente a fala de Satanás, questionando o que Deus havia afirmado. Jesus é o Filho Unigênito de Deus, e o próprio Deus Pai já o havia dito por ocasião do batismo de Jesus. Entretanto, Satanás tenta “condicionar” o reconhecimento da natureza divina de Jesus a uma ação inusitada: jogar-se do pináculo do Templo. Essa é uma lição que precisamos guardar: Veremos, com Jesus, que se Deus já se pronunciou sobre o que somos nEle, não precisamos dar ouvidos aos que duvidam daquilo que Ele falou a nosso respeito.
3- “Lança-te daqui abaixo”. Satanás não coloca Jesus no pináculo do Templo e o empurra de lá. Ele o leva para o alto e incita Jesus a se jogar. O Inimigo certamente não tinha autoridade para atentar contra a vida de Jesus, mas ele incitou o Senhor a atentar contra a própria vida. De forma geral, a tentação nos é apresentada como algo que dependerá de nós aceitarmos ou não, É possível que, ao aceitar essa tentação, um poderoso milagre viesse a acontecer diante dos olhares dos frequentadores do Templo. Jesus seria reconhecido como o Messias, sem precisar passar pela crucificação, mas esse não era o plano do Pai para o Filho. A cruz era o caminho necessário a ser trilhado por Jesus para que pudéssemos ser salvos.
II – DISTORCENDO A PALAVRA DE DEUS
1- Anjos vão guardar você. Os anjos são seres ministradores que trabalham em prol daqueles que hão de herdar a salvação (Hb 1.14). Eles atuam por orientação divina, e não de acordo com a conveniência humana. E a promessa do Salmos 91.11 se refere à atuação dos anjos em prol daqueles que andam com Deus. Os seres celestiais não são negligentes em relação às orientações divinas, e preservam os santos homens e mulheres que guardam consigo o temor ao Eterno. Entretanto, apesar de a Palavra apontar que Deus provê proteção angelical aos seus servos, contar com essa mesma proteção divina quando cientes de que o caminho que estamos trilhando não nos foi orientado por Deus, é outra história. Satanás também sabe citar as Escrituras Sagradas quando lhe convém. Entretanto, ele sempre o fará com propósitos malignos, para que os servos de Deus pequem. Suas hostes criam doutrinas de demônios, induzindo incautos a lerem as Escrituras pela metade, desrespeitando regras de interpretação já definidas, soprando ventos de doutrinas errôneas e heresias para que o povo de Deus peque.
2- Os milagres são obrigatórios? Um dos equívocos mais difundidos em nossos dias é que se Deus não prover milagres diários em nossas vidas, então nossa fé é fraca ou a nossa comunhão com Ele é pouca. No entanto, a nossa comunhão com Deus não pode ser medida pelas respostas miraculosas que Ele pode nos dar. O Todo-Poderoso opera maravilhas e faz milagres de acordo com a sua vontade e no momento que Ele deseja. Se Jesus cedesse à tentação, e fosse guardado pelos anjos, provavelmente convenceria as multidões de que Ele era o Filho de Deus. Contudo, a mensagem do Evangelho não pode ser um espetáculo para convencer as pessoas como uma mera atração. E Jesus não seria um espetáculo nas mãos de Satanás.
3- Posso mesmo fazer o que eu quiser? A segunda tentação nos mostra que não podemos fazer a nossa própria vontade, e sim a vontade de Deus. Se nós oramos: “seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu” (Mt 6.10), devemos entender que não podemos fazer nada que venha colocar em prova o Senhor. Não temos o direito de realizar certas ações é acreditar que o Senhor tem a obrigação de atender ao que estamos tentando fazer, ou de impor a Ele os nossos planos, como se Deus fosse um servo, e nós, os senhores. Não podemos fazer do texto de Filipenses 4.13 “posso todas as coisas naquele que me fortalece”, um salvo conduto para que venhamos a fazer o que Deus não nos ordenou a fazer.
III – O POVO NO DESERTO
1- Deus está conosco mesmo? Ao responder a Satanás, Jesus remonta, pela segunda vez, à história do povo de Israel no deserto. Os hebreus haviam iniciado sua jornada e, ao chegarem ao deserto de Sim, não encontraram água para beber (Êx 17.1-7). Nesse cenário, Logo se voltaram contra o Deus que os havia libertado da escravidão egípcia. Eles se colocaram contra Moisés, e o Senhor orientou seu servo a ferir a rocha para que dela saísse água, e Deus proveu água para o seu povo. O problema apontado nesse texto não é a sede e a falta de água, e sim colocar em questão a presença de Deus quando se está passando por um momento de privação temporária, como fizeram os hebreus: “Está o SENHOR no meio de nós, ou não?” (Êx 17.7).
2- Não tentarás ao Senhor. No deserto, Deus iniciou o processo de amadurecimento do seu povo. Os hebreus precisavam ser transformados para entrarem na terra que o Todo-Poderoso lhes daria. Porém, eles haviam rejeitado entrar na Terra Prometida, dando ouvidos aos espias que infamaram a terra (Nm 13,1-14). o que lhes custou uma caminhada de quatro décadas em uma terra inóspita. E ao escrever o Deuteronômio para a nova geração de hebreus, Moisés deixa claro ao povo: “Não tentareis o SENHOR, vosso Deus, como o tentastes em Massá” (Dt 6.16). Esse versículo mostra um cenário triste por parte do povo de Deus. Pela falta de água, os hebreus zombaram da presença do Eterno entre eles, Este deboche foi visto por Deus como uma infidelidade contra Ele. O Eterno estava entre eles, e proveu a água de que precisavam. Tentar a Deus é desafiá-lo, é acreditar que Ele não está agindo em nosso favor.
3- Pôr Deus a prova é uma tentação. Quando colocamos o Senhor à prova, de forma explícita, estamos dizendo que não cremos no que Ele disse, e que vai falhar naquilo que prometeu a nós. Mesmo quando o Todo-Poderoso nos “ordena” a fazer prova dEle, como no caso daqueles que são dizimistas (Ml 3.10), há uma condicional “se”, ou seja, podemos fazer prova do Senhor e se Ele não “abrir as janelas dos céus e não derramar sobre vós uma bênção tal”, quer dizer se as nossas necessidades diárias não forem supridas. Essa é a condição.
CONCLUSÃO
Satanás provavelmente preferia ver Jesus no pináculo do Templo, atraindo a atenção das pessoas e sendo um espetáculo. Jesus preferiu a cruz, para atrair a todos nós, nos salvar, perdoar e nos conduzir a Deus para passar a eternidade com Ele. Interpretar de forma errada a Palavra de Deus pode ter implicações sérias para a vida do cristão. Satanás tentou Jesus a agir por conta própria, interpretando a Palavra sem respeitar o seu devido contexto.
Postado por: Pr. Ademilson Braga
Fonte: Editora CPAD