E.B.D
Jesus, o Bom Pastor
EBD – Jovens – EDIÇÃO: 61 – 1º Trimestre – Ano: 2022 – Editora: CPAD
LIÇÃO – 10 – 06 de março de 2022
TEXTO DO DIA
“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.” (Jo 10.11)
LEITURA SEMANAL
Segunda-feira – Jo 10.1
O verdadeiro pastor
Terça-feira – Jo 10.4
As ovelhas conhecem a voz do pastor
Quarta-feira – Jo 10.7
Jesus, a porta das ovelhas
Quinta-feira – Jo 10.9
O pastor e a porta da salvação
Sexta-feira – Jo 10.10
O ladrão de ovelhas
Sábado – Jo 10.12,13
O mercenário
TEXTO BÍBLICO
João 10
11 Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.
12 Mas o mercenário, que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o Lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa.
13 Ora. o mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado das ovelhas.
14 Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas ovelhas sou conhecido.
15 Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai e dou a minha vida pelas ovelhas.
16 Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar a estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor.
17 Por isso, o Pai me ama, porque dou a minha vida para torna a torná-la.
18 Ninguém a tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar e poder para tornar a tomá-la, Esse mandamento recebi de meu Pai.
INTRODUÇÃO
Na lição deste domingo, estudaremos mais um riquíssimo sermão messiânico pregado por Jesus, estando ainda em Jerusalém, Há, nesse texto, profundas revelações do plano eterno de Deus para a humanidade, envolvendo a todos: judeus e gentios. Há, também, fortes declarações de Jesus a respeito de sua missão redentora; o caráter de sua entrega pessoal, que nos leva a glorificá-lo ainda mais. O cuidado de Jesus com suas ovelhas é retratado nesse texto, onde, como Pastor, não apenas protege o rebanho, mas dá sua vida por ele. Há, finalmente, a promessa de uma reunião eterna, com a formação de um só rebanho e um só Pastor, o que dá um profundo caráter escatológico para a mensagem, Apesar de toda essa riqueza espiritual, o sermão provocou forte reação negativa em parte dos judeus (Jo 10.20,21).
I – O APRISCO DE DEUS
1- A abrangência da mensagem. A parábola contada por Jesus tinha um valor representativo especial em seu tempo, quando a criação de ovelhas era muito mais comum. Às pessoas que conheciam bem a realidade campestre, Jesus fala, em linguagem figurada, sobre o curral das ovelhas. Nele, o mesmo Jesus que é o bom Pastor é também a porta para o aprisco, o aprisco de Deus (Jo 10.7,16). Naquele momento, a mensagem tinha como endereço a comunidade judaica, dentro do contexto de uma nação espoliada por seus líderes. Jesus denuncia os ladrões, salteadores e mercenários (Jo 10.8,12), que não cuidam das ovelhas, mas buscam somente explorá-las. Mas essa grande mensagem não é dirigida apenas a Israel, mas a toda a humanidade, apresentando Cristo como o Pastor que tem um cuidado especial por todos aqueles que ouvem sua voz e o seguem. Fala de seu amor e ternura, com absoluta abnegação e entrega.
2- O fracasso dos pastores de Israel. O quadro caótico dos líderes da nação judaica não dizia respeito apenas à liderança espiritual de Israel daqueles dias, cujo comportamento hostil com o povo é bem retratado no Evangelho de João. Quando se refere a todos quantos vieram antes dEle (Jo 10.8), Jesus está denunciando os maus líderes de Israel de todos os tempos, especialmente do período da monarquia, quando a nação teve condutores insensatos e cruéis, incluindo reis, sacerdotes e profetas (Is 56.8-12; Ez 22.24-30). Com o fracasso total dos líderes de Israel, o próprio Deus viria, pessoalmente, em busca de suas ovelhas, para reuni-las novamente em seu aprisco (Ez 34.11-23). Jesus agora se apresenta como esse Pastor, o bom e eterno Pastor, que não apenas cuida das ovelhas, mas dá sua vida por elas (Jo 10.11)
3- O comportamento das ovelhas. Jesus afirma que suas ovelhas o conhecem e conhecem sua voz. Não ouvem a estranhos, nem os seguem (Jo 10.4,5,14). Esse relacionamento íntimo entre Pastor e ovelha é baseado na dedicação, afeto e cuidado que Ele dedica, chamando a si as que se agradam de ouvi-lo e segui-lo. Esse é o tipo de relacionamento que Jesus quer ter com todos nós. Sua entrega pessoal já foi feita. Cabe a nós nos deleitar nEle, nos submetendo integralmente ao seu pastoreio.
II – “DOU A MINHA VIDA”
1- A abnegação de Cristo. Um dos aspectos mais extraordinários da obra de Cristo é sua entrega voluntária. O Filho de Deus não foi sacrificado à força, como se obrigado fosse. Muito pelo contrário! Foi um gesto de profundo e verdadeiro amor, fruto de sua renúncia pessoal. Por isso, disse Jesus: “[…] o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou” (Jo 10.17,18). No mesmo capítulo 10 de João, estando Jesus ainda em Jerusalém, vemos uma prova dessa sua condição pessoal de entrega. Quando voltou a ser interceptado pelos judeus e declarou-se igual ao Pai, quiseram apedrejá-lo (Jo 10.30,31) e procuravam “prendê-lo outra vez, mas ele escapou de suas mãos e retirou-se outra vez […]” (Jo 10.39,40). O que isso significa? Que Jesus não foi preso antes que chegasse a hora da qual vinha falando desde o começo. Na noite da prisão se entregou voluntariamente, aceitando completamente a vontade do Pai (Jo 18.4; Mt 26.39.45.51-54).
2- Esvaziou-se a si mesmo. Talvez a mais bela descrição dessa gloriosa obra de entrega sacrificial de Cristo pela humanidade seja a que Paulo fez aos filipenses. O apóstolo fala de Cristo como Deus, esvaziando-se de sua glória para cumprir a missão redentora (Fp 2.7). Como enfatiza o teólogo pentecostal Donald Stamps, “o texto grego!…] diz literalmente, que ele ‘se esvaziou’, i.e., deixou de lado sua glória celestial (Jo 17.4), posição (Jo 5.30; Hb 5.8), riquezas (II Co 8.9), direitos (Lc 22.27; Mt 20.28) e o uso de prerrogativas divinas (Jo 5.19; 8.28; 14.10)”. O Filho não deixou de ser Deus, pois manteve completa natureza divina, mas assumiu uma natureza humana igualmente completa. Assim, o que temos é que segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal “esse ‘esvaziar-se’ importava não somente em restrição voluntária dos seus atributos e privilégios divinos, mas também na aceitação do sofrimento, da incompreensão, dos maus-tratos, do ódio e, finalmente, da morte de maldição na cruz (vv. 7,8).” Paulo nos estimula a que tenhamos esse mesmo sentimento (Fp 2.5). Aliás, precisamos refletir o quanto temos da humildade de Cristo em nós, e o quanto ainda somos dominados por nossas mediocridades, vivendo segundo nossos próprios interesses. Devemos nos preocupar mais em servir e considerar os outros superiores a nós mesmos (Fp 2.3,4).
3- A glória de Cristo. Enquanto Lúcifer quis usurpar a glória de Deus (Is 14.12-14), Cristo esvaziou-se de sua própria glória. Essa profunda humilhação o credenciou a receber todo o poder e glória, não somente no céu, mas também na terra e debaixo da terra (Fp 2.10). Ao submeter-se inteiramente ao Pai em completa obediência e sem pecado, Jesus destronou por completo os poderes das trevas, triunfando sobre o inferno e a morte (Cl 2.15). Por isso, todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai (Fp 2.10,11). Chegará o tempo em que todo o mundo, todas as nações da terra, terão de reconhecer que Jesus, o descendente de Davi, é o Cristo, o Messias. Será a implantação do seu Reino eterno, que jamais terá fim (Is 9.6,7).
III – UM SÓ REBANHO
1- O cumprimento escatológico. Há todo um prenúncio de glória para o reino do Messias, como vaticinaram os profetas veterotestamentários, anunciando esse tempo de que falou Jesus, quando haverá um rebanho e um Pastor (Jo 10.16). Ezequiel profetizou dizendo: “E levantarei sobre elas [as ovelhas] um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi é que as há de apascentar; ele lhes servirá de pastor” (Ez 34 23). O anúncio messiânico é claro, apontando para um cumprimento escatológico. O mesmo profeta diz: “E meu servo Davi reinará sobre eles, e todos eles terão um pastor; e andarão nos meus juízos, e guardarão os meus estatutos, e os observarão” (Ez 37.24). Outros textos que identificam expressamente o Messias como esse Pastor são Isaías 40.11 e Zacarias 13.7
2- Judeus e gentios. Quando Jesus disse aos judeus que lhe convinha agregar “outras ovelhas” que ainda não estavam no aprisco, e que quando isso ocorresse, haveria a unidade do rebanho sob seu pastoreio, não alcançou compreensão alguma de seu auditório. Nem mesmo os judeus que o reconheceram como o Filho de Deus conseguiram compreender essa mensagem. Isso seria uma realidade mesmo após a descida do Espírito Santo. Os apóstolos permaneceram reticentes à hipótese de se pregar o Evangelho aos gentios, Pedro, que viveu a experiência da casa de Cornélio (At 10.34-48), precisou dar explicações em Jerusalém, sobre o motivo de ter batizado os gentios (At 11.1-18). Mesmo o Concílio de Jerusalém (At 15) não resultou em uma unificação do rebanho, mas apenas na definição de alvos distintos na obra de evangelização e algumas recomendações específicas para o mundo gentílico (At 15.28,29). Paulo enfrentaria muita oposição dos judeus por toda a parte, passando, então, a dedicar-se mais à pregação aos gentios, com seu ingresso na Macedônia (At 16.9; 17,18,19,20). Em sua volta a Jerusalém, contudo, foi aconselhado por Tiago e outros anciãos a que se submetesse aos ritos judaicos de purificação e entrou ao templo para satisfazer aos judeus cristãos que eram “zelosos da lei” (At 21.17-26). A revolta se instalou entre a multidão judaica e ele foi preso (At 21.27-35).
3- O cumprimento futuro. As oposições não findariam logo e ainda não findaram. Até nos dias presentes, como nação, os judeus não reconhecem Jesus como o Messias, o Cristo Salvador, Há judeus cristãos, mas ainda assim muitos deles permanecem sob ritos da Lei. São comunidades israelitas que existem em várias partes do mundo. Outro movimento que se vê é a inserção de crenças e práticas judaicas em denominações cristãs evangélicas, que se tornam judaizantes. Somente com a conversão nacional dos judeus, no final da Grande Tribulação, será possível a Jesus ter unificado o seu rebanho e exercer para sempre seu pleno pastoreio (Zc 12.10; Sl 22.23- 28; Ez 37.9-14). Primeiro, o Milênio (Ap 20.1-4); depois, o Novo Céu e a Nova Terra (Ap 21.1-4)
CONCLUSÃO
Ao estudar os sinais (milagres) e mensagens de Jesus, nos impressionamos com a dificuldade que os judeus tiveram em crer nEle e entender seus propósitos, pela incredulidade e dureza de seus corações. Que isso nos estimule a agradecer mais a Deus por se revelar a nós por sua Palavra, e a vigiar sempre, para que nossa fé e esperança permaneçam vivas em Cristo, nosso grande Pastor (Hb 13.20).
Postado por: Pr. Ademilson Braga
Fonte: Editora CPAD