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Adultos - CPAD

A última defesa de Jó

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EDIÇÃO: 440 – 4º Trimestre – Ano: 2020 – Editora: CPAD

LIÇÃO – 10 – 06 de dezembro de 2020

TEXTO ÁUREO

Ou não vê ele os meus caminhos e não conta todos os meus passos” (Jó 31.4) 

VERDADE PRÁTICA

Ao olhar retrospectivamente para o passado, lembre o quanto Deus trabalhou nele.

LEITURA DIÁRIA

Segunda-feira – Jó 29.1-5

Quando se olha para a glória do passado 

Terça-feira– Jó 30.1

Quando se zomba da vergonha do presente 

Quarta-feira – Jó 30.2-5

Quando se debilita a força e o vigor

Quinta-feira – Jó 31.1

Quando se faz um concerto ético com Deus 

Sexta-feira – Jó 31.2,3

Qual seria a herança do Todo-Poderoso? 

Sábado – Jó 31.4,5

Quando Deus sonda os caminhos dos homens 

LEITURA BÍBLICA

Jó 29.1-5

1- E prosseguiu Jó em sua parábola, disse:

2- Ah! quem me dera ser como eu fui nos meses passados, como nos dias em que Deus me guardava!

3- Quando fazia resplandecer a sua candeia sobre a minha cabeça, e eu com a  sua luz caminhava pelas trevas.

4- Como era nos dias da minha mocidade, quando o segredo de Deus estava sobre a minha tenda;

5- Quando o Todo-Poderoso ainda estava comigo, e os meus meninos, em redor de mim.

30.1-5

1- Mas agora se riem de mim os de menos idade do que eu, e cujos pais eu teria desdenhado de pôr com os cães do meu rebanho.

2- De que também me serviria a força das suas mãos, força de homens cuja velhice esgotou lhe o vigor ?

3- De míngua e fome se debilitaram; e recolhiam-se para os lugares secos, tenebrosos, assolados e desertos.

4- Apanhavam malvas junto aos arbustos, e o seu mantimento eram as raízes dos zimbros.

5- Do meio dos homens eram expulsos, ( gritava-se contra eles como contra de um ladrão),

31.1-5

1- Fiz concerto com os meus olhos; como, pois, os fixaria numa virgem?

2- Porque qual seria a parte de Deus vinda de cima, ou que herança do Todo Poderoso desde as alturas?

3- Porventura não é a perdição para o perverso, e o desastre para os que praticam iniquidade?

4- Ou não vê ele os meus caminhos, e não conta todos os meus passos?

5- Se andei em vaidade,, e se o meu pé se apressou para o engano.

INTRODUÇÃO

O capítulo 31 encerra da seguinte forma: “Acabaram-se as palavras de Jó” (Jó 31.40). Trata-se de uma retrospectiva nostálgica do passado Jó (Jó 31.29-31). Por isso, nesta lição, veremos a lembrança de Jó acerca de sua prosperidade material e espiritual, de sua adoração a Deus e das bênçãos que o Todo-Poderoso concedeu à sua casa; mas, agora, em oposição ao momento de escárnio e vergonha que ele passa no presente.

I – JÓ RELEMBRA SEU PASSADO DE GLÓRIA

Prosperidade material e espiritual (29.1-11). Jó demonstra um sentimento nostálgico com relação a seu passado. A primeira coisa que se lembrou desse passado glorioso foi a comunhão que ele desfrutou com Deus (Jó 29.2,4). Eram lembranças de um passado que no mais existia. Ele lembra que Deus o protegia (Jó 29.2); suas bênçãos sobre ele e sua família (Jó 29.3); sua orientação em meio às dificuldades (Jó 29.3); e a presença real de Deus na vida dele (Jó 29.5). Jó, portanto, havia sido um homem grandemente abençoado por Deus.

Reconhecimento social (29.14-25). Jó também se lembra de sua antiga condição social, quando exercia a função de um respeitado juiz de sua cidade (Jó 29.7). Tanto os jovens como os velhos o procuravam para serem orientados (29.8). Talvez isso explique a linguagem jurídica que aparece com frequência nos diálogos do livro. Isso demonstra que ele exercia um importante papel social na sua comunidade. Ele ajudava o desvalido, dava orientação de forma sábia e agia com justiça (Jó 29.14-20,21-25). Na sua busca pela justiça social, Jó protegia os pobres e punia os opressores (Jó 29.17). Seu amor e defesa pela justiça eram-lhe como uma vestimenta e adorno (Jó 29.14).

Ele dava apoio social aos menos favorecidos e era como se fosse os “olhos” do cego. Até mesmo com os estrangeiros ele se preocupava (Jó 29.15,16). Tendo agido com justiça e equidade, nada mais natural que esperasse que seus dias terminassem em paz ao lado de sua esposa e filhos (Jó 29.18). O contrário disso não estava em sua agenda: terminar a vida sem saúdes, sem honra e sem paz com Deus.

Uma ponderação importante. Não há dúvida de que Jó, conforme a Bíblia mostra, era um modelo de justiça social. Todavia, devemos ter o cuidado de não transportar para dentro do texto bíblico nenhuma teoria moderna de justiça social firmada em valores materialistas contrários aos defendidos nas Escrituras. De fato ele era um homem que defendia a justiça social, mas nem de longe se pode classificá-lo como um socialista nos termos modernos. Isso seria forçar o texto, ir além do que está escrito e sobrepor o pensamento político na Bíblia.B

II – JÓ LAMENTA SEU ESTADO PRESENTE

Desprezo por parte dos jovens e das classes menos favorecidas (30.1,23). Após lembrar com tristeza da sua antiga condição social próspera, Jó lamenta o ponto que havia chegado sua miséria. No Antigo Oriente, os mais velhos eram objetos de grande estima (Pv 20.29). Por isso, quando gozava de sua prosperidade, ele era respeitado não apenas pelos mais velhos, mas também pelos mais jovens.

Entretanto, Jó lembra que “agora se riem de mim os de menos idade do que eu, e cujos pais eu teria desdenhado de pôr com os cães do meu rebanho” (Jó 30.1). De homem respeitado, ele passou a ser visto como uma escória social (16 30.1-8). Jó, portanto, lamentava estar no fundo do poço. 

Abatimento físico e emocional (30.16-31). O patriarca se sente um homem abandonado por Deus, por isso, essa lembrança o lança numa profunda tristeza e produz em sua vida um grande sofrimento que, além de físico, era também de natureza emocional. Como o salmista, Jó lamenta suas dores (Sl 42.4). Nas suas vestes, ele via uma prova real de seu sofrimento (Jó 30.18). Nesse sentido, no versículo 18 aparece a palavra “desfigurou”. Alguns intérpretes acreditam que a palavra melhor traduzida é “manchada”.

Ou seja, as feridas abertas de Jó havia manchado suas vestes. Ele imagina que Deus está por trás de todo esse sofrimento (Jó 30.19) e que, mesmo depois de clamar, o Altíssimo lhe ignora. O homem de Uz sente-se caçado como um animal selvagem e atormentado por um furacão (Jó 3.21,22).

Deus teria abandonado Jó? O sofrimento emocional de Jó refletia a sua crença de que havia sido abandonado por Deus (J6 30.16-23). Todavia, era também um reflexo de ter sido abandonado pelos homens (30.24-31). Junto a isso, ele observou que o seu clamor foi totalmente desconsiderado. Doía saber que havia ajudado muitas pessoas carentes e necessitadas de socorro (J6 30.25), mas agora o seu clamor por socorro ser totalmente ignorado. Em vez de ajudado, ele era repelido como uma escória social (Jó 30.26). Quantas pessoas não passam por esse sentimento? Quantas vezes um sentimento de injustiça não assola-nos à alma? Cheguemo-nos diante de Deus e entreguemos tudo em seu altar. 

III – O FUTURO EM ABERTO DE JÓ

Jó em defesa de sua ética sexual (31.1-4). Seus amigos silenciaram, Jó sabe que nada está resolvido, o futuro ainda está em aberto e se mostra incerto. Haverá alguma resposta? Ao querer mostrar a sua inocência, Jó ainda sente a necessidade de se defender. A primeira defesa dele é em relação ao comportamento ético-sexual, dizendo que sempre se comportou com integridade em todas as esferas da sua vida.

Nos versículos 1- 4 do capítulo 31, ele mostra, por exemplo, que jamais permitiu desvios de seu comportamento sexual, fazendo uma aliança com os próprios olhos para evitar a luxúria e a impureza quando olhasse para uma donzela. Segundo o ensino do Novo Testamento, somos estimulados também a fazer um concerto com os próprios olhos (Mt 5.27-30). 

Jó em defesa de sua ética social (31.16-23). Jó também faz uma defesa de sua ética social. Ele já havia mostrado que a justiça social marcou sua forma de agir. Todavia, ele lembra que isso só foi possível porque procurou conduzir-se sempre por princípios de uma ética social. Por exemplo, ele sempre tratou o órfão e a viúva com humanidade; os escravos, mesmo sendo sua propriedade, tinham liberdade para o procurarem e apresentarem-lhe suas queixas.

O seu comportamento ético-social o habilitou a agir como tribuno dos desvalidos (Jó 31.13-23). Lembremo-nos da verdadeira religião, como bem Tiago afirmou: “Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo” (1.27). Eis um dos fundamentos de nossa ética social.

Jó busca a resposta de Deus (31.35-37). Agora Jó se dirige a Deus na forma exclamativa: “Ah! Quem me dera um que me ouvisse!” (v.35). Ele já havia feito uma viagem retrospectiva sobre o seu passado, agora ele faz uma análise sobre sua situação presente, mas seu olhar está no futuro. Ele quer se apresentar diante de Deus porque está consciente de sua inocência.

Sua confiança é de um príncipe que se apresenta diante de um tribunal (Jó 31.37). Ele confia de que será inocentado. Como podemos nos apresentar diante de Deus e justificar os nossos atos? Pela graça divina, por meio de Jesus Cristo, o Filho de Deus, Ele mesmo nos justifica (Rm 8.31-33).

CONCLUSÃO

Nesta lição, vimos que Jó se lembrou de seu passado abençoado e de como agiu com integridade e humanidade com o próximo. Nunca havia agido de forma injusta com ninguém nem tampouco cometido pecados que o desonrassem moralmente. Sua integridade estava intacta. Assim, ele acredita que chegou o grande momento de se apresentar diante de Deus e receber de o veredito de que é um homem injustiçado e inocente.

   

Postado por: Pr. Ademilson Braga

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