Adultos - CPAD
Orando sem cessar
LIÇÃO – 352 – 31 de março de 2019
TEXTO ÁUREO
“Orai sem cessar.” (I Ts 5.17)
VERDADE PRÁTICA
O Novo Testamento nos ensina que a oração deve ser uma prática contínua dos cristãos, desde a primeira até a segunda vinda de Cristo.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – Sl 55.17
Era prática no período do Antigo Testamento orar três vezes ao dia
Terça – Ef 6.18
O Novo Testamento nos ensina a orar continuamente
Quarta – Lc 5.16
Jesus vivia em constante oração, um exemplo a ser imitado
Quinta – Lc 18.1
A parábola do juiz iníquo é um exemplo para nunca desistirmos da oração
Sexta – Lc 21.36
Jesus espera nos encontrar em oração na sua vinda
Sábado – Ap 5.8
A oração dos crentes é como o incenso aromático que sobe às narinas de Deus
INTRODUÇÃO
A oração do Pai Nosso, conhecida também como a Oração Dominical, do latim Dominus, “Senhor”, portanto Oração do Senhor, é um dos textos mais conhecidos da Bíblia. Pessoas de todas as idades e dos diversos ramos do cristianismo conhecem pelo menos as primeiras palavras dessa oração. Muitos livros, poesias e hinos sobre o tema já foram produzidos ao longo da história. Lutero escreveu um comentário sobre o “Pai Nosso”, juntamente com os Dez Mandamentos e o Credo do Apóstolo, no seu Catecismo Menor em 1529. Isso, por si só, mostra a importância dessa oração no cristianismo.
I – A ORAÇÃO
A oração é a alma do cristianismo e expressa a nossa total dependência de Deus. Ela é tão antiga quanto à humanidade, e o próprio Jesus se dedicava à oração particular e secreta. Sendo Ele Deus, vivia em oração contínua. Que exemplo! O que não diremos nós, com respeito à oração?
Definição. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus define oração como “o ato consciente, pelo qual a pessoa dirige-se a Deus para se comunicar com Ele e buscar a sua ajuda por meio de palavra ou pensamento”. A oração é central para a vida cristã. A fé cristã não prescreve local, dia da semana, horário ou postura de pé, sentado ou ajoelhado para fazer orações. O ensino cristão é: “Orai sem cessar” (I Ts 5.17). Não há problema para quem deseja orar em pé (I Sm 1.9,10), prostrado em terra (Ne 8.6), de joelhos (I Rs 8.54). A postura física não importa; o importante é a posição espiritual diante de Deus, é orar com sinceridade e estar em comunhão com o Senhor Jesus.
Exemplos bíblicos. A Bíblia mostra a oração desde que Sete, filho de Adão e Eva, nasceu: “Então, se começou a invocar o nome do SENHOR” (Gn 4.26). Essa prática continuou na vida dos patriarcas do Gênesis, Abraão, Isaque e Jacó (Gn 20.17; 25.21; 32.9-12). A oração estava presente na vida de Moisés, dos profetas Samuel e Elias, entre outros, e dos reis piedosos como Ezequias (Êx 8.30; I Sm 8.6; I Rs 17.19-22; II Rs 19.15).
Jesus e a prática da oração. Os Evangelhos relatam que Jesus orava em secreto continuamente e chegam a registrar algumas orações, como aquela feita no jardim de Getsêmani e também aquela em favor dos discípulos em João 17. Todos os Evangelhos mostram a oração individual do Senhor (Mt 14.23; Mc 1.35; Lc 6.12). Mesmo sendo Deus, Jesus estava também na condição humana e, como tal, buscava a dependência do Pai. Jesus é o maior exemplo de oração para os cristãos.
II – A ORAÇÃO NO SERMÃO DO MONTE
O Senhor Jesus falou sobre o assunto no Sermão do Monte para corrigir as distorções existentes na época sobre a oração. É necessário reconhecer, nas palavras dos vv. 5-8, o que Jesus estava ensinando, qual prática tinha a aprovação de Deus e o que era reprovado.
Oração nas praças e nas sinagogas (v.5). Jesus não estava proibindo orar nas ruas, praças ou nas sinagogas. É que líderes religiosos da época procuravam as esquinas e os locais movimentados, onde levantavam as mãos para cima na presença das pessoas, para mostrar a elas uma imagem de alguém piedoso e temente a Deus. Eram exibições para serem elogiadas pelo público; por isso, Jesus disse: “Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão” (v.5b). São essas práticas exibicionistas que Jesus proibiu aos seus discípulos, e não as orações em público ou nas igrejas. Ele mesmo ensinava, pregava e curava nas sinagogas (Mt 4.23). Estava orando quando o Espírito Santo desceu sobre Ele no batismo: “Sendo batizado também Jesus, orando ele, o céu se abriu” (Lc 3.21). Ele também orou em público por ocasião da ressurreição de Lázaro (Jo 11.41-44).
Oração em secreto (v.6). Jesus proíbe a ostentação e a hipocrisia. Não há como alguém se mostrar estando no próprio aposento, sozinho em oração, onde ninguém está vendo. Isso, no entanto, não significa que a oração só pode ser aceita se for secreta. Mas significa que Deus, que é onisciente e onipresente e conhece o nosso coração, nos recompensa. Ou seja, as nossas petições e súplicas são atendidas (Fp 4.6). A oração num lugar secreto em uma das dependências da residência, sem a comunhão com Deus, tampouco tem a aprovação do Senhor.
As vãs repetições (v.7). Jesus nos instrui com essas palavras: “Orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos”. Isso dá a entender que havia judeus que oravam como os gentios, ou seja, os pagãos (cf. I Rs 18.26; At 19.34). Há religiosos que levam horas orando e repetindo palavras sagradas, pois acreditam que isso aumenta o seu crédito no céu. O termo grego usado para “vãs repetições” é battalogéo, “repetir palavras sem sentido”. A eficácia da oração não está na sua extensão nem nas repetições das palavras, pois oração é também comunhão com Deus.
Entendendo o ensino de Jesus. O Mestre não está condenando a oração longa ou repetitiva, mas as “vãs repetições”. O próprio Jesus, no Getsêmani, repetiu as mesmas palavras três vezes na oração (Mt 26.39,44). Jesus passou a noite orando no monte para escolher os doze apóstolos; com certeza, essa oração não foi curta (Lc 6.12). Além disso, Ele nos ensina a orar sem nunca desanimar (Lc 18.1). A oração do Pai Nosso é usada na adoração coletiva desde muito cedo na história e continua ainda hoje em muitas igrejas nos diversos ramos do cristianismo.
III – O PAI NOSSO
Jesus repetia os seus ensinos em ocasiões e locais diferentes. Esses discursos são registrados, às vezes, por mais de um evangelista, e assim surgem algumas modificações. Um exemplo disso é a oração do Pai Nosso, em Mateus e em Lucas. São duas situações e locais diferentes. Sua importância está no fato de ser uma oração modelo. Podemos dividi-la em três partes: sobre o Deus que adoramos, sobre as nossas necessidades e sobre os nossos perigos.
O nosso Deus. O Pai Nosso é uma oração modelo, e isso pode ser visto na linguagem usada por Jesus: “Vós orareis assim” (v.9), e não o que devemos orar. Ele continua: “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome”. Essa forma de se dirigir a Deus é peculiar ao Novo Testamento, pois os justos do Antigo Testamento nunca a usaram. Deus, o Criador, é o nosso Pai. A liberdade que temos de nos aproximar dEle e chamá-lo de “Pai” ou, de maneira mais íntima, de “Aba, Pai”, expressão aramaica que significa “papai”, é um dos grandes privilégios dos cristãos (Rm 8.15; Gl 4.4-6). Essa bênção foi mediada por Jesus. Santificar o nome não significa tornar seu nome santo, pois ele já é santo em sua essência e natureza, mas é o nosso dever reconhecê-lo como tal.
As nossas necessidades. O termo “pão” em “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (v.11) inclui tudo aquilo de que o nosso corpo necessita. Mas só hoje? E o futuro? Jesus nos ensina a sermos moderados em nossos desejos e pedidos (Pv 30.8,9). Isso remete também à confiança na provisão de Deus para a nossa vida (Mt 6.25-34). O perdão é outro ponto importante: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (v.12). Já não fomos perdoados e já não somos filhos de Deus? É verdade, mas estamos sempre expostos ao pecado (I Jo 1.8,9). Todavia, precisamos também perdoar aos que nos fazem o mal (Mt 18.32-35).
O livramento dos perigos. Essa petição no Pai Nosso: “Não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal” (v.13) se refere aos perigos diários a que estamos expostos num mundo sedutor e corrompido (Fp 2.15). É verdade que Deus não tenta as criaturas humanas (Tg 1.13), mas devemos pedir a Deus que não permita que voluntariamente venhamos a nos deparar com a tentação. A oração termina com a doxologia: “porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre” (v.13b), para ser um resumo de um trecho da oração de Davi (I Cr 29.11-13). A expressão reflete o espírito das Escrituras Sagradas.
CONCLUSÃO
Diante do exposto, concluímos que a oração deve ser uma prática contínua, e não ser recebida como um mandamento, mas como uma necessidade que temos da dependência de Deus. Note que Jesus não está mandando ninguém orar no discurso do Sermão do Monte. Ele disse: “quando orares” (v. 5); isso revela que a oração já era hábito do povo israelita, costume preservado desde o Antigo Testamento (Sl 55.17; Dn 6.10). Jesus estava corrigindo as distorções existentes.
Postado por: Pr. Ademilson Braga