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Adultos - CPAD

Encontrando o nosso próximo

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LIÇÃO – 334 – 25 de novembro de 2018

TEXTO ÁUREO

“E que amá-lo de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças e amar o próximo como a si mesmo é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios” (Mc 12.33).

VERDADE PRÁTICA

Amar ao próximo inclui amar até mesmo aqueles que nos aborrecem, pois encontramos em Deus o maior exemplo de que tal amor é possível.

INTRODUÇÃO

Em diversos momentos, Cristo aplicou-se a fazer com que as pessoas compreendessem que seu Reino não era deste mundo (Jo 18.36), ou seja, que as lógicas, o modo de pensar e de agir deste mundo não se coadunam com o Reino celestial. A conhecida parábola do “bom samaritano”, sem sombra de dúvidas, é um destes momentos preciosos, no qual o Mestre serviu-se deste método didático para trazer aos seus discípulos, e a todos quanto o ouviam e, por extensão, a nós, um novo conceito sobre “quem” é o nosso próximo e como devemos proceder em relação a ele.

I. INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO

Uma parábola com diversas interpretações. A parábola do bom samaritano, ao longo da história, tem sido alvo das mais diversas interpretações. Muitas e conhecidas são as exposições sobre esta parábola, inclusive algumas famosas e realizadas por grandes vultos da história cristã, que procuravam ver, por exemplo, nesta narrativa uma representação da caminhada humana ao sair do Éden (Jerusalém), e tomar o caminho do mundo (Jericó). Muitas destas interpretações servem-se do método alegórico para atribuir ao texto alguns objetivos que ele não tem.

Pondo Jesus à prova ou “tentando-o”. O Mestre conta essa parábola porque um doutor da Lei, bem-sucedido, procura-o para “pô-lo à prova” (ARA) ou “tentá-lo” (ARC), conforme consta no versículo 25. O termo grego utilizado oferece a ideia de colocar à prova o “caráter” de Cristo. Isso mostra que aquele homem, de maneira ardilosa, busca colocar o Mestre dos mestres em situação difícil e, quem sabe imaginando receber algum elogio, o interroga dizendo: “Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” (v.25).

“Como lês?”. Jesus, como é de costume, “responde” com outra pergunta (v.26). Ao perguntar sobre o conteúdo do mandamento, Jesus não questiona aquele doutor para ver se ele o conhecia, isto é, sua pergunta demonstra interesse na forma particular de interpretação do mandamento por parte daquele homem. Jesus quer saber como o doutor lê, como o interpreta e de que forma olha para o mandamento. O homem não compreendendo limita-se a responder recitando o mandamento tal como está escrito (v.27). Percebendo Jesus que o homem conhecia muito bem o texto a ponto de recitá-lo, o Mestre então o chama à prática (v.28). Para Jesus não bastava que aquele doutor soubesse o conteúdo do mandamento, antes, ao Mestre importava que o homem soubesse interpretar corretamente e, muito mais importante, colocar o mandamento em ação em sua vida. Por isso, o Senhor Jesus diz: “faze isso e viverás” (v.28).

Questão principal. Não satisfeito, o doutor da Lei quer saber de Jesus “quem” seria o seu próximo (v.29). Pode ser que ele até tenha imaginado que Jesus revelaria o nome de um ente querido ou um amigo muito amado. Quem sabe imaginou que Jesus diria que o próximo é apenas quem nos faz bem. É neste contexto então que a Parábola é contada pelo Senhor. Jesus, ao contar a parábola, deixa claro que as tradições e a religiosidade não podem ensinar-nos acerca de quem é o nosso próximo. O homem que desceu de Jerusalém para Jericó estava caído e ferido (v.30), porém, o sacerdote não o viu como seu próximo e o levita também não (vv.31,32), mas o samaritano, surpreendentemente, assim o enxergou (v.33). Surpreendentemente porque jamais um judeu praticante da Lei, como aquele doutor, enxergaria nos “impuros” e “mestiços” samaritanos, alguém próximo seu. Jesus, no entanto, assim o vê e quer que aquele doutor da Lei veja também.

II. COMPAIXÃO E CARIDADE SÃO INTRÍNSECAS À FÉ SALVADORA

Compaixão. A parábola, como um todo, é marcante, mas um momento indispensável em qualquer reflexão sobre ela está no versículo 33, quando o Mestre diz que o samaritano “chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão”. A “compaixão” aqui se refere a um sentimento intenso que causa tanto incômodo a ponto de alterar não apenas a consciência, ou o pensamento, mas também o aspecto físico, pois o texto diz que o samaritano “moveu-se”.

Cuidado. O versículo 34 diz que o samaritano “aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele”. Essa ação toca no aspecto da prática do amor, isto é, o cuidado, contida no mandamento, pois este ordena: “Amarás ao Senhor, teu Deus [.] e ao teu próximo como a ti mesmo” (v.27 cf. Lv 19.18). O amor de que trata o mandamento, não é retórico e muito menos platônico, isto é, existindo apenas no mundo das ideias. Deus nos mostra e exemplifica o amor verdadeiro no texto de João 3.16 quando diz que “amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. A expressão grega para dizer que Deus amou, neste texto, foi agapao, que se refere ao amor prático, um amor que se comove, um amor que se enche de íntima compaixão. Ensina-nos que não basta dizermos que amamos, e nem mesmo apenas amarmos, há que se avançar para o segundo estágio que é a prática do cuidado (IJo 3.16-18). Não há demonstração de cuidado sem prática, assim como não há amor sem compaixão.

Caridade. O samaritano da parábola não apenas aproxima-se do homem que está ferido à beira do caminho e nem somente se compadece dele, mas decide curá-lo, dar-lhe atendimento de emergência e conduzi-lo a uma estalagem (v.34). Já na estalagem, o samaritano recomenda ao hospedeiro que cuide do homem, pois ele prosseguiria sua viagem e, quando voltasse, pagaria qualquer despesa que tivesse sido gerada (v.35). Tais atitudes são uma clara demonstração de amor, ou seja, o amor do samaritano ao próximo foi expresso em atitudes e ações, ao ponto de se comprometer até mesmo com os gastos que seriam gerados com a hospedagem do homem ferido. Para Cristo, só existe realmente caridade se houver demonstração de amor, pois no texto de João 3.16 não diz apenas que Deus “amou”, mas também que Ele “deu” o seu Filho. A evidência de que Deus ama é demonstrada pela sua compaixão pelo mundo perdido. Deus se compadece e mostra isso na prática (Rm 9.16).

III. O NOSSO PRÓXIMO É QUALQUER PESSOA NECESSITADA

O “próximo”. Na Parábola, quem se fez “próximo” do homem ferido foi uma pessoa que o doutor da Lei teria como completamente indigna de receber sua atenção e cuidados, visto que judeus e samaritanos nutriam recíproco sentimento de desprezo e quase ódio. Não havia para aquele doutor exemplo mais doloroso para Cristo utilizar-se. Isso fica demonstrado quando, ao final da narrativa, Jesus pergunta ao doutor da Lei qual dos três havia sido o “próximo” do homem que foi espancado pelos salteadores (v.36) e este se limita a responder: “O que usou de misericórdia para com ele” (v.37). Ou seja, ele sequer diz que foi o “samaritano”. Mesmo assim, a palavra de Jesus, visando responder a pergunta inicial (v.25), foi que o doutor da Lei fizesse o mesmo. Da mesma forma devemos colocar em prática o amor que afirmamos ter a Deus sobre todas as coisas, e ao nosso próximo, pois só assim fazendo estaremos aptos à vida eterna. Infelizmente, nos tempos de Jesus a hipocrisia humana, que faz com que homens conhecedores não sejam praticantes do próprio conhecimento, já estava bem presente na sociedade judaica. Por isso, Jesus teve diversos embates com os doutores da Lei (Mt 23.1-36).

Ajudar ao próximo não salva, mas é algo que deve ser feito por quem é salvo. Nesta parábola, Jesus não quer afirmar que o samaritano pudesse alcançar a salvação por causa de sua beneficência e de sua atitude amorosa. Jesus apenas está respondendo à pergunta formulada pelo professor da Lei. É importante salientarmos que fazer obras de caridade não leva ninguém à salvação (Ef 2.8,9). Contudo, os verdadeiros filhos de Deus são “feitos” para as boas obras, isto é, as realizam naturalmente (Ef 2.10; Tg 2.14,17). Assim, Cristo mostra ao mestre da Lei que uma pessoa sincera soluciona facilmente essa questão que, aos olhos daquele homem, parecia tão complexa.

A medida do amor para com o necessitado. A medida do amor para com o próximo não deve ser estabelecida com base nas diferenças de nacionalidade, de confissão religiosa ou do grupo social, mas unicamente com base na necessidade do outro. O próximo que se encontra em uma situação de emergência e precisa que algo seja realizado por ele naquele momento, não pode esperar qualquer análise ou palavra “motivacional” (Tg 2.14-16). Por isso, estamos falando em ações concretas, ajudas materiais, assim como na parábola contada por Jesus.

Sendo o próximo. O doutor da Lei havia perguntado quem era o próximo dele (v.29). Na resposta de Jesus, a pergunta é inversa, ou seja, de quem eu posso, ou devo, ser o próximo? (v.36). A questão colocada pelo doutor da Lei não continha nenhum interesse ou compromisso em ajudar de verdade. Já a indagação de Jesus forçava-o a pensar acerca dessa obrigação. De acordo com o ensinamento de Jesus, o que fica claro é que o “próximo” trata-se de qualquer pessoa que se aproxima de outras com amor verdadeiro e generoso sem levar em conta as diferenças religiosas, culturais e sociais. Jesus retoma a pergunta inicial e conclui dando uma resposta inesperada, pois o caminho proposto por Ele é pautado no amor, com demonstrações práticas, para com todos os homens (Lc 10.37). O coração cheio de amor fala e age de acordo com a consideração do Mestre, perguntando sempre de quem eu posso ser o próximo, ou seja, a quem devo socorrer.

CONCLUSÃO

A parábola estudada na lição de hoje foi uma “história-exemplo”, pois se trata de um mandamento de amar e exercitar a misericórdia para com o próximo. Aqui aprendemos que o amor não aceita limites na definição de quem é o próximo. Enquanto todas as sociedades e seus segmentos sociais acabam levantando barreiras para separá-las das demais pessoas, os discípulos de Cristo devem olhar para os seres humanos com igualdade, pois o próprio Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34).

 

Postado por: Pr. Ademilson Braga

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