O encontro dos extremos

ENTRANDO NA INTIMIDADE

Quando se fala em sentimentos, há uma imensidão complexa de assuntos que pode ser abordada. Porém, vamos tratar de algumas áreas muito importantes e significativas para os adolescentes.

Os espinhos de cada dia

Vamos usar um termo da Bíblia que pode ser aplicado figuradamente nas diversas situações de fraquezas e dificuldades. E o termo “espinho”. O mesmo usado pelo apóstolo Paulo quando estava passando por uma determinada dificuldade (II Co 12.7).

Você sabe muito bem que espinho não representa o melhor. Numa rosa, por exemplo, ele dá o contraste à beleza. Enquanto que as pétalas mostram suavidade e beleza, o espinho fere, machuca e mostra o lado agressivo. Quando se colhe uma rosa, o melhor e cortar os espinhos.

A vida reserva-nos alguns “espinhos” que devem ser tirados. São situações que incomodam. E como incomodam! São problemas que interferem no dia-a-dia de qualquer ser humano, inclusive no jovem crente. Os traumas de infância, a carência afetiva, a solidão, a insegurança, a ira, a ansiedade e outros inúmeros “espinhos” existenciais contribuem para o enfraquecimento em todos os níveis, sobretudo o espiritual.

O apostolo Paulo não só desejou ardentemente como orou para Deus livrá-lo de um “espinho”.
E mais: esse “espinho” o deixava fraco! (II Co 12.5-10). Paulo não revelou detalhadamente o que realmente estava Ihe incomodando. O “espinho” poderia ser problema físico, emocional, circunstancial, familiar ou, ate mesmo, espiritual. Ou talvez alguma fraqueza pessoal. Quem sabe?

Você já orou para livrar-se de uma situação incômoda? Algumas situações criam fraquezas, desânimo. insuficiência e outras prováveis reações que debilitam também a vida espiritual.

Dificuldades existenciais

Não sabemos qual era a “fraqueza” de Paulo. Porem, entendemos que a realidade da vida do seu tempo era bem diferente da dos dias de hoje.

E, considerando a atualidade, inúmeras dificuldades e desajustes emocionais tem crescido assustadoramente. a que e pior: sem escolher idade. Jovens e crianças são vítimas, em significativa escala, de desajustes emocionais, O que afeta o seu desenvolvimento.

“Mas crentes com desajustes emocionais, dificuldades, fraquezas e problemas? Só pode estar desviado.” Alguém pode indagar.

Poder-se-ia identificar precipitadamente tais desajustes como resultados de pecados não confessados ou mesmo daqueles ainda sendo praticados. Ou pior: coisa do demônio. Esses dizem que quem sofre assim está endemoninhado. Evidentemente, há casos que são consequências diretas de pecados sendo praticados ou não confessados. Mas nem todos os casos são assim. Não podemos culpar alguém precipitadamente, ou seja, sem nenhum conhecimento da causa específica. Determinados desajustes podem ser resultados de inúmeros comprometimentos. Por exemplo: A má formação na infância, o modo errado de ver ou agir na vida ou as dificuldades na vida familiar, profissional e sentimental de cada um.

Igualdade

Até mesmo, o apóstolo Paulo, escritor de textos essenciais da Bíblia, canal humano da revelação e dos registros dos mistérios sagrados e eternos da divindade, sentiu a dor do “espinho”. E revelou-se humilde nessa experiência mostrando-se fraco como qualquer outro homem (Rm 7.8). Alem de revelar fraqueza, mostrou também que a sua natureza era inclinada ao erro (Rm 7.20). Mas essa humildade revelada não diminuiu sua autoridade apostólica. Muito menos manchou seu caráter. Ao contrário, ensinou mais uma verdade. Dessa vez dizendo que a fraqueza é um fator inerente ao ser humano, inclusive ao crente salvo (Hb 4.5).

A SOLUÇÃO

Religião não dá força. A natureza humana, por sua vez, é fraca. O crente com suas fraquezas também não pode caminhar sozinho. Caminhar a sós conduz ao fracasso. O apóstolo Paulo pediu auxilio a Deus. O Senhor apenas respondeu que Paulo precisava unicamente de algo que o bastasse – a sua graça.

O que é absolutamente suficiente para o crente. Pois, ela é derramada do trono de Deus (II Co 12.8,9). Aleluia!

A MEDIDA SUFICIENTE

Mas o que significa “graça de Deus”? E a própria presença de Deus suprindo a fraqueza e as deficiências humanas do crente. Não estamos sós! Temos a graça suficiente de Deus. Qualquer crente pode ser envolvido nessa graça.

O que Deus quis dizer com “a minha graça te basta” em resposta a oração do apóstolo Paulo? Significa que o suprimento de Deus mediante a sua graça e suficiente para toda e qualquer necessidade.

O ALCANCE

Somos cristãos, porem, limitados, falhos e essencialmente fracos. Deus sabe que somos fracos. Ele conhece a nossa estrutura (Sl 103.14). Deus conhece a distância que nos separa do seu poder. Por isso, Ele providenciou um meio que encurta essa distância. E revela-nos agora – o mistério da graça de Deus. Através da graça, Paulo experimentou o encurtamento da distância da sua fraqueza em relação ao poder de Deus.

E como a graça de Deus se coloca como meio suficiente para fazer o crente sobreviver e sobressair no meio de um emaranhado de problemas e situações difíceis?

SE O SENTIMENTO DE FRAQUEZA INVADE A ALMA

A presença permanente de Deus mediante a sua graça não é anulada. Em Rm 5.20 diz: “Onde abundou o pecado, superabundou a graça”.

Se o sentimento de solidão e desamparo invade a alma: A graça é companheira. E a evidência da própria presença de Deus; a graça tira a solidão espiritual e da segurança. Caminhar com Jesus e caminhar seguro. Em II Co 13.13 diz: “A graça do Senhor Jesus Cristo… sejam com todos vós”.

Se há sentimentos de incapacidade em resolver dificuldades: A presença de Deus e absolutamente suficiente; a limitação humana e compensada pela suficiência divina. A  graça de Deus supera qualquer circunstância inesperada.

Se as dificuldades não mostram sinais de solução. sem nenhuma luz no fim do túnel: A presença de Deus e suficiente para tornar a fraqueza em poder. Em II Co 12.9b diz: “… o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.” É o sinal da esperança.

Se alguém acha que tudo está perdido; tudo irremediavelmente acabado: A manifestação do poder de Deus muda o estado terminal de morte em vida! Em I Co 15.57 diz: “… Deus nos dá a vitória em Cristo Jesus.”

Saiba, por tudo isso, a graça e maravilhosamente suficiente!

O EXTRAORDINÁRIO ENCONTRO

Deus, após consolar o apóstolo com uma medida que era absolutamente suficiente para qualquer estado de fraqueza. Acolheu-o, ensinou-lhe e o fortaleceu.

Paulo, assim, satisfeito com essa maravilhosa medida, registrou o grande encontro que parecia impossível: o poder de Deus encontrando-se com a desprezível, humilhada e abandonada fraqueza do crente.

Esse e o encontro extraordinário e absolutamente possível. O encontro dos extremos.

Postado por: Pb. Ademilson Braga