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A redenção pelo sangue de Jesus
Em Mateus 26.28, ao instituir a Santa Ceia, Jesus refere-se ao vinho como simbologia de seu sangue, dizendo: “Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados”.
Jesus verteu o seu sangue na cruz para a remissão dos nossos pecados, isto é, para expiar a pena devida pelos nossos pecados. Esse derramamento de sangue deu-se de cinco diferentes maneiras na sua paixão e morte. Elas estão bem patentes nos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João.
É espiritualmente muito edificante para o crente comparar essas cinco diferentes maneiras com as cinco grandes ofertas ou sacrificios levíticos determinados por Deus a Moisés, e descritos nos primeiros cinco capítulos de Levítico. São elas o holocausto (Lv 1.3), a oferta de manjares (Lv 2.1), a oferta pacífica (Lv 3.1), a oferta pelo pecado (Lv 4.1-2) e a oferta pela culpa (Lv 5.14-15).
O holocausto fala de Jesus como o nosso sacrificio perfeito e completo, como bem explica a Epístola aos Hebreus. A oferta de manjares fala de Jesus como o perfeito pão da vida, como Ele mesmo declarou no Evangelho de João. A oferta pacífica fala de Jesus como a nossa perfeita paz. A nossa comunhão com o Pai foi interrompida pelo pecado desde o Éden, mas restaurada por Jesus na vida daqueles que o aceitam como Salvador.
Na oferenda pelo pecado, este é o congênito. Trata-se do pecado inerente em todo pecador. O pecador peca porque é pecador; ele não é pecador apenas porque peca. Ele é portador de uma natureza pecaminosa e, portanto, de uma propensão constante para pecar por pensamentos, palavras, obras e atitudes. A oferta pelo pecado salienta a pessoa, e não primeiramente a transgressão do pecador. Ela aponta para o pecador e a sua natureza decaída. Aquilo que o pecador é em essência, e não primeiramente aquilo que ele faz. Este sacrificio aponta para Jesus como o nosso Redentor (Rm 3.25; l Jo 2.2; 4.10). Redenção tem a ver, antes de tudo, com a pessoa do pecador, que está escravizado pelo pecado, pela carne, pelo mundo, pelos vícios e por Satanás.
Já na oferta pela culpa, vemos o pecado como ato. Culpa, aqui, é o pecado cometido pelo pecador. É o pecado como transgressão, ao passo que, no caso anterior, da oferta pelo pecado, trata-se do pecado como estado. Em outras palavras, a oferta pela culpa salienta o pecado, e não a pessoa do pecador. Fala do pecado e sua malignidade, do pecador como pessoa carente de um redentor. O pecador como transgressor está condenado diante de Deus e precisa de um Salvador. No Calvário, Jesus efetuou a obra completa como nosso Redentor e Salvador.
Em Levítico 7.37, temos em resumo todos esses cinco sacrifícios: “Esta é a lei do holocausto, da oferta de manjares, e da expiação pelo pecado, e da expiação da culpa, e da oferta das consagrações, e do sacrifício pacífico”.
Veremos, agora, as cinco diferentes maneiras como Jesus derramou seu sangue para nossa salvação.
Em primeiro lugar, no Getsêmani, Jesus derramou seu sangue até o chão, quando orou em grande agonia. “E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até o chão”, Lc 22.44. Ali, Jesus foi ferido na sua alma pelos nossos pecados (Is 53.4-5). Enquanto no Jardim de Getsêmani o propósito de Jesus foi “fazer a vontade do Pai”, no Jardim do Éden a vontade de Adão foi satisfazer o seu próprio desejo. A partir daquela primeira rebelião no Éden, o caminho do homem tem sido de rebelar-se cada vez mais contra a vontade de Deus, e fazer a sua própria vontade, que é pecar. O sangue de Jesus derramado no jardim pode nos curar da nossa rebelião. Aquele sangue derramado como sacrifício expiador promove a paz entre Deus e homem. Que Deus nos faça ver o pecado como Ele vê, na sua hediondez inominável!
O sangue precioso de Jesus como “grandes gotas que corriam até o chão” tem a ver ainda com a terra e seu livramento da maldição do pecado, como está escrito em Gênesis 3.17-19 “Maldita é a terra por causa de ti”. Um dia, por meio da obra redentora do Filho de Deus, cumprir-se-ão em plenitude as palavras proféticas de João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.
Em segundo lugar, no pretória de Pilatos, Jesus derramou seu sangue quando ali foi açoitado e ferido. “Então soltou-lhes Barrabás, e, tendo mandado açoitar a Jesus, entregou-o para ser crucificado”, Mt 27.26. O praetorium era o palácio residencial do governador romano em Jerusalém. Aqui, no caso, Pôncio Pilatos. Em Lucas 22.63-64, está dito duas vezes que Jesus foi ferido nessa ocasião. Ele foi ferido profundamente ao ser açoitado pelos soldados com o flagellum, o temido açoite romano aplicado perante o governador. Em Isaías 50.6, a profecia messiânica diz: “Dou minhas costas aos que me ferem”. No mesmo livro, em 52.14, diz a profecia: “Ele estava tão desfigurado”. Havia hematomas e inchaços no seu corpo e rosto.
Esse sangue derramado pelas feridas dos açoites nos redime e nos sara das nossas doenças, feridas sofrimentos, tristezas e aflições da alma e do corpo.
Extraído
Postado por: Pb. Ademilson Braga