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A Avestruz e a Cegonha
“A avestruz bate as asas alegremente.
Que se dirá estão das asas da cegonha?”
Jó 39:13
“Movem-se alegremente as asas da avestruz; mas é benigno o adorno da sua plumagem? Pois ela deixa os seus ovos na terra, e os aquenta no pó, e se esquece de que algum pé os pode pisar, ou de que a fera os pode calcar. Endurece-se para com seus filhos, como se não fossem seus; embora se perca o seu trabalho, ela está sem temor; porque Deus a privou de sabedoria, e não lhe repartiu entendimento. Quando ela se levanta para correr, zomba do cavalo, e do cavaleiro”. (Jó 39:13-18)
Introdução
Encontramos na natureza, no meio em que vivemos, no espaço, no ar ou na terra, vários elementos com características ou semelhanças ao comportamento humano, que nos fazem pensar, meditar e compreender as nossas próprias atitudes.
A bíblia é rica na linguagem figurativa, quando em toda a sua extensão podemos encontrar figuras de estilo nas quais se utilizam exemplos sobre animais, árvores, rios, estrelas e etc. Metáforas, metonímias, hipérboles e vários outros argumentos ou linguagens. Bem sabemos que a bíblia fora escrita em três linguagens sendo: Figurativa, literária e alegórica.
Um caso em especial muito me chamou a atenção, o texto de Jó 39:13. Fui levado pelo Espírito Santo a querer compreender e a entender, totalmente, a mensagem subentendida no texto. Após alguns dias de meditação e pesquisas, chegamos a um entendimento satisfatório e muito rico do qual nos propomos a falar neste ensejo para a nossa edificação e para glória do nosso Deus. Jó 39:13 nos diz:
“A avestruz bate as asas alegremente. Que se dirá estão das asas da cegonha?”
A partir do capítulo 38 do livro de Jó, Deus, finalmente, pronuncia-se ao patriarca pela primeira vez, desde o início de sua quase indescritível calamidade. Jó vira toda a sua vida ser drástica, terrível e repentinamente mudada com a perda de toda a sua prosperidade material, seus dez filhos faleceram, ele fora acometido de uma doença terrível, sua esposa perdera a fé e os seus amigos passaram a ser acusadores. Não obstante a tudo isso, Deus permanecera calado, nada dizendo ao sincero, reto, temente e prudente Jó, a cerca do que estava lhe acontecendo. Não houve quem o consolasse ou compreende-se. Deus na sua onisciência permitiu que o seu servo fosse provado e dilacerado sem intervir, pois conhecia a sua estrutura. Jó se manteve firme, permaneceu fiel, nos provando que em meio às tribulações, mais fortes que sejam, podemos sair vitoriosos como crentes que suportam a cova ou a fornalha sem murmurar ou maldizer aquEle que nos elegeu.
(Deus nos revelou na sua palavra os segredos de Jó. Numa mensagem intitulada Os três segredos de Jó, comentamos como e porque este homem resistiu a tal situação que, cremos, nenhum ser humano gostaria de enfrentar).
Ao se pronunciar, em um redemoinho, Deus coloca-se a interpelar Jó, pois este, ainda que por um pouco, chegou a questionar o Criador, estando ele, Jó, já no limite da sua resistência espiritual que para milhares, seria um patamar inatingível, diga-se, aliás. Pelo que o Senhor Deus lhe faz 61 perguntas expondo toda a sua magnitude e glória.
Entretanto esta singularidade de perguntas rompe-se entre os versículos 13 a 18 do capítulo 39 de Jó. Intervalo este que o Criador narra sobre a Avestruz.
O que há neste ser que chamara a atenção do Criador. Que mensagem pode-se extrair deste texto? Analisaremos um pouco esta ave, a avestruz, bem como uma outra que direta e indiretamente, também, está ligada a este texto: A cegonha!
“A avestruz bate as asas alegremente. Que se dirá estão das asas da cegonha?”
Noutra tradução diz:
“Movem-se alegremente as asas da avestruz; mas é benigno o adorno da sua plumagem?”
Mesmo com esta variação de palavras o texto mantém o seu sentido original nas duas versões. Vejamos o que o nosso Deus nos quer falar.
Valendo-se dos recursos da hermenêutica (princípios de interpretação bíblica) e da Exegese (a arte de se extrair de um texto o que ele diz) queremos analisar um pouco as nossas vidas, as nossas práticas diárias fazendo um paralelo entre a Avestruz e a Cegonha. Onde cada um de nós haveremos de nos enquadrar ou como um crente Avestruz ou como um crente Cegonha.
Vejamos:
I – Voar na presença de Deus
A princípio precisamos entender que tanto a avestruz quanto a cegonha são aves, portanto ambas possuem capacidade de voar.
As asas da avestruz adulta, abertas, medem de 02 a 03 metros, aproximadamente. São fortes, empenadas sobremaneira, belas, viçosas e coloridas, provocando um verdadeiro espetáculo quando estão abertas e em movimento atraindo a atenção de várias pessoas que admiram a sua beleza física.
As asas da cegonha são bem menores, são alvas e discretas, de tal forma que quando são abertas, não atrai a atenção de ninguém em detrimento à avestruz.
Vemos que nada se assemelham as asas da cegonha com as da avestruz. Mas há uma discrepância curiosa, interessante e fundamental sobre estas duas aves.
A avestruz possui asas avantajadas que a possibilita levantar grandes vôos, contudo, AVESTRUZ NÃO VOA. Sim, uma ave que fora feita para voar, mas que prefere ficar no chão.
Quando Deus nos escolheu, Ele nos capacitou e capacita a voar em sua presença e em sua obra. Voar para oração, para o estudo da palavra, para a obra de evangelização, para a obra missionária e para todos os limites da fé cristã. Jesus nos disse: “Vós não me escolhestes a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos designei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça…” (João 15:16).
“Pois assim diz o Senhor: Eis que alguém voará como a águia, e estenderá as suas asas contra Moabe”. (Jer. 48:40).
“Antes voarão sobre os ombros dos filisteus ao Ocidente; juntos despojarão aos filhos do Oriente; em Edom e Moabe porão as suas mãos, e os filhos de Amom lhes obedecerão”. (Isaias 11:14).
“Quem é semelhante ao Senhor nosso Deus, que tem o seu assento nas alturas, que se inclina para ver o que está no céu e na terra?” (Sl 113:5,6).
Acredite, Deus nos projetou para voarmos, e se não o fizermos seremos um projeto inútil.
“E lançai o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.” ( Mt 25:30)
Que coisa gloriosa é poder comparar esta característica com a vida de alguns crentes, cada vez mais escasso, mas que ainda se pode encontrar em meio há um tão grande número de “avestruzes”. Crentes que conhecem o verdadeiro objetivo de sua chamada, crentes que sabem bem o que Deus espera deles, crentes que reconhecem que Deus habita nas alturas e que, a partir de lá, nos quer ver voando em sua presença, voando na sua vontade, voando na sua obra, longe dos perigos e armadilhas na terra.
“Mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças; subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; andarão, e não se fatigarão”.
Postado por: Pb. Ademilson Braga