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O que devo fazer para ser missionário? PARTE – 1

Recebemos, certo dia, em nossa missão uma carta que trazia um pedido de informação. Dizia o seguinte:
“Prezado senhor:
“Estou no segundo ano de faculdade e estou pensando em ser missionário em um pais estrangeiro. Por favor, dê-me informações sobre o que devo fazer para me preparar para isso. Depois de terminar a faculdade, precisarei fazer outros cursos para ter qualificações para o trabalho missionário?”
É uma carta excelente mas muito difícil de responder. Não conheço esse jovem, e o trabalho missionário hoje é tão amplo e complexo. Por isso é difícil dar uma orientação significativa para esta pessoa, sem conhecê-la melhor.
Entretanto, de qualquer modo, existem algumas qualificações básicas, de ordem geral, que devem fazer parte da bagagem de todo missionário, seja ele quem for, onde quer que ele vá, e o que quer que ele faça. E na resposta que dei àquela carta assinalei algumas dessas condições básicas.
1. Conhecer a Jesus Cristo pessoalmente. Este é o ponto de partida. Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores de seus pecados, do poder maligno e da “ira vindoura”, isto é, do juízo final de Deus, que virá sobre todos os que ainda se encontram em seus pecados. E a primeira e primordial tarefa do missionário é proclamar a todas as pessoas as boas-novas a respeito de Jesus como Salvador do mundo.
Enquanto vivermos neste mundo, nós todos somos pecadores, e sempre o seremos. Nossa situação é irremediável, a menos que recebamos a Jesus como nosso Salvador. Não podemos apontar a outros pecadores o caminho da paz com Deus se nós mesmos não estivermos vivendo sob a graça divina, sob seu perdão, por intermédio de Jesus Cristo. A Bíblia diz o seguinte: “Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida.” (I Jo 5.12.)
Mas é lógico que isso não é tudo; há muito mais. Jesus é também nosso Rei e Senhor, e ser salvo implica também em se colocar sob a liderança dele, e obedecer à sua vontade. A tarefa do missionário consiste em ensinar a todos os povos “a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado” (como Jesus mesmo disse). Mas para fazermos isso temos que ser discípulos dele, servos dele. Temos que aprender a reconhecer a sua voz, assim como as ovelhas reconhecem a voz do seu pastor (Jo 10.4), e obedecer-lhe com alegria em tudo, nas coisas grandes e pequenas. “Vós sois meus amigos se fazeis o que eu vos mando.” (Jo 15.14.)
Mas ainda há mais. Jesus é a vida de seu povo. Ele vive em cada um deles. Sem ele, eles não podem fazer nada. Ele é o seu Pão de cada dia, a sua fonte de gozo, seu tesouro imaculado, e tudo em tudo. “Outro bem não possuo, senão a ti” disse o salmista. E o apóstolo Paulo diz o mesmo da seguinte maneira: “Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus meu Senhor: por amor do qual perdi todas as cousas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo, e ser achado nele.” (Fp 3.8,9.)
Portanto, enquanto uma pessoa não conhecer a Jesus Cristo pessoalmente, e não viver e andar com ele, será inútil pensar em ser missionário.
2. Ter uma chamada específica da parte de Deus. Um ponto marcante que havia em comum entre Paulo, João Batista, Moisés, Davi e até mesmo Jesus é que tinham sido chamados por Deus e por ele enviados. Esses homens – e todos os outros iguais a eles – só realizaram seus grandes feitos porque Deus lhes ordenou que o fizessem.
Hoje em dia também existem milhares de homens e mulheres que saíram de sua pátria e foram a terras distantes para servir como embaixadores de Cristo entre povos e tribos estrangeiros, pela simples razão de terem sido enviados por Deus.
A forma como esta chamada se nos apresenta varia de pessoa para pessoa. E quando a experiência é genuína, o Espírito Santo ratifica a chamada com várias confirmações, no decorrer dos anos.
Aguarde o chamado de Deus e uma orientação segura da parte dele. Deixe que ela venha segundo o desígnio de Deus, e, depois que vier, guarde-a como a um tesouro muito precioso, a mais preciosa verdade que ele já lhe confiou.
3. Obter uma visão ampla da obra missionária. Muitos missionários se esquecem de fazer isso. Eles se limitam a ver apenas o seu próprio campo de trabalho, e se privam da alegria de serem envolvidos pela maré da obra de Deus no mundo todo.
Mas será necessário estudar e ler muito para se obter essa visão. Leia tudo que puder sobre a história de missões, desde a época de Cristo. Procure obter todas as informações possíveis sobre o movimento missionário em todo o mundo. Assista a congressos missionários, leia revistas
sobre missões e relatórios de missionários. Converse com os missionários. Faça indagações. Anote tudo que puder. Troque ideias com outras pessoas que têm o mesmo interesse. E tome a decisão de consagrar a isso o resto de sua vida. Sempre haverá o que se aprender acerca da obra de missões, mesmo que se viva até os oitenta anos. E quanto mais entendermos e aprendermos, mais gloriosa se mostrará nossa tarefa, em vista do plano geral de missões.
4. Nutrir-se do conhecimento da Palavra de Deus. Nossa caixa de ferramentas, nossa mala de remédios, nosso livro-texto e nosso mapa rodoviário é a Bíblia. Temos que conhecê-la bem, do começo ao fim e do fim ao começo; aprender seu conteúdo, seus ensinos, sua mentalidade e seu espírito.
Encare-a sempre com humildade, com fé e expectativa. Deixe que ela ganhe domínio de sua consciência, mente e coração. Ela é o meio que Deus emprega para levar a graça salvadora a todas as pessoas. É o nosso ponto de encontro com Deus.
Não devemos discutir com a Bíblia, e nem a respeito dela. Evite este tipo de controvérsia como evitaria navegar num rio cheio de corredeiras o Mas se afinal cometer esse erro, então clame ao Senhor, como fez Pedro quando começou a afundar nas ondas: “Salva-me, Senhor!”
Mas nossa função é pregar a Palavra de Deus e ensiná-la a qualquer um que nos der atenção. Façamos isso com alegria, fé, fervor, instando e persuadindo. E veja a fé nascendo naqueles que a ouvem, à medida que Deus Ihes concede essa bênção. Depois então iremos nos regozijar e dar glórias a Deus cuja palavra é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. (Rm 1.16.)
5. Conhecer o mundo. Isso implica em muita coisa. Aliás, o conhecimento que hoje se tem do mundo e das pessoas que nele vivem aumentou tanto nos últimos anos que nem mesmo a soma do conhecimento de milhares de especialistas poderia englobar tudo que há para se saber a respeito dele.
O missionário cristão, mais que ninguém, deve querer conhecer tudo que puder sobre nosso mundo. Pois ele foi envolvido no amor que Deus tem por todos os homens e pela terra que ele criou para ser a habitação deles.
Extraído
Aguarde! Continuação – PARTE-2
Postado por: Pb. Ademilson Braga