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A Segurança em Cristo
Chegamos ao final do estudo da Primeira Epístola de João. Nas palavras derradeiras desta carta, o apóstolo ensina-nos acerca da confiança que os filhos de Deus devem ter na vida eterna em Cristo Jesus. João conclui fazendo um apelo aos crentes para que não permaneçam na prática do pecado e admoestem os que assim vivem (vv.l6,17).
I. A CERTEZA DA VIDA ETERNA
Como filhos e herdeiros de Deus, temos a certeza da vida eterna (v. 13; GI 4.7). Esta garantia é para todos aqueles que um dia firmaram, por meio da fé, um compromisso com Cristo, isto é. creram em Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas.
João encerra sua epístola ressaltando que os que colocam sua fé inteiramente em Cristo ressuscitarão para a vida eterna, por ocasião de sua Segunda Vinda. As Escrituras afirmam que “todo aque que vê o Filho e crê nele tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último Dia” (Jo 6.40).
De acordo com o Comentário Bíblico de Mattew Henry, os judeus consideravam que somente eles possuíam a vida eterna, uma vez que haviam recebido esta revelação de Deus por meio de suas Escrituras. Todavia, o apóstolo João ressalta que a vida eterna é para aqueles que crêem piamente no Filho de Deus.
Vida eterna. A vida eterna a que se refere João é a vida divina de alegria, paz, santidade e de transformação à imagem de Cristo pelo Espírito Santo (2 Co 3.18). Além disso, glória ainda maior seguir-se-á no porvir, quando formos apresentados incorruptíveis diante do trono de Deus; semelhantes a Cristo, e sem falta de nada, segundo a sua promessa.
Viva esperança. A Bíblia afirma que os filhos de Deus têm “uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (v.3). Isto é, uma esperança que jamais pode ser extinta. Não é como as esperahças fugazes e desapontadoras deste mundo. Esta viva esperança, no sentido bíblico, é sempre renovada pela confiança que temos no poder e na fidelidade do Deus Eterno, que a originou.
Glória eterna. A glória eterna que esperamos de Deus consiste em habitarmos para sempre com Ele, livres definitivamente da ruidosa presença do pecado. A glória de Deus, então, inundará a todos e a tudo ali (Ap 21.11,23; CI 3.4). Esta é a verdadeira esperança do crente (Tt 1.2), mediante a qual somos salvos (Rm 8.24).
II. DEUS OUVE AS ORAÇÕES
Por meio do sacrifício de Cristo, temos comunicação direta com o Pai. Quando o Senhor entregou sua vida por nós, na cruz do Calvário, o véu do templo foi rasgado de alto a baixo (Mt 27.51; Lc 23.45), simbolizando o rompimento da barreira que havia entre Deus e a humanidade (Hb 10.19-22). Daí em diante, passamos a ter acesso irrestrito ao Todo-Poderoso.
João deixa claro que “se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve” (v.14). Quando falamos com Deus em oração, não podemos exigir nada dEle, porque Ele é Soberano, e sua vontade sempre prevalece sobre a nossa. Todavia, se oramos em consonância com o seu querer, certamente seremos ouvidos. Na verdade, Deus não apenas nos ouvirá, mas nos dará uma resposta definitiva. Portanto, clame ao Senhor com confiança!
Dos que estão em Cristo. João tinha sempre em mente as palavras do Mestre sobre a oração dos que “estão em Cristo”. “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito” (Jo 15.7). Por isso, o apóstolo pôde assegurar-nos de que seremos ouvidos. Estar em Cristo significa crer que Ele é o Filho de Deus (1 Jo. 14.15) e, por conseguinte, cumprir os seus mandamentos (1 Jo 3.24).
Dos que se achegam a Ele. O profeta Isaías já proclamava da parte do Altíssimo: “Vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá” (ls 55.3). O mesmo fez o próprio Senhor Jesus: “vinde a mim” (Mt 11.28). A Palavra de Deus nos encoraja a nos aproximarmos do trono do Senhor com confiança, porquanto aquEle que prometeu é fiel para cumprir todas as suas promessas (Hb 10.19-23).
Dos que amam o próximo. Quando amamos nossos irmãos, intercedemos por eles. Deus abençoou ricamente o patriarca Jó, “quando este orava por seus amigos” (Jo 42.10). Os apóstolos João, Paulo e Tiago são unânimes ao afirmarem que os filhos de Deus devem orar uns pelos outros (v.16;1 Tm 2.1,8; Ef 6.18; Tg 5.16).Jesus é o nosso maior exemplo. Na cruz, em meio a dor e ao sofrimento, o Filho de Deus encontrou forças físicas e espirituais para interceder por seus algozes (Lc 23.34). Seu amor por eles sobrepujou a aflição que sentja em seu corpo e a angústia de sua alma. Quantos conseguem esquecer-se de seus próprios problemas para batalhar em favor dos alheios? Quantos estão dispostos a abrir mão do seu “eu” para investir um pouco do seu tempo orando pelos irmãos? Sigamos os passos dé Cristo, pois é isso que se espera de um genuíno discípulo.
III. O CRENTE E O NOVO NASCIMENTO
Os filhos de Deus não são dominados pelo pecado (Rm 6.14); quando pecam, o fazem acidentalmente e não por hábito (1Jo 3.9,10). O pecado na vida do crente é um triste e lamentável episódio que pode e deve ser evitado por meio da vigilância, da oração, da sujeição a Deus e da resistência ao Diabo (Mc 9.29; 1 Pe 4.7; Tg 4.7).
Vida santa. Os filhos de Deus devem buscar a santificação, que, segundo as Escrituras, é decorrente de uma nova natureza: “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: graça e paz vos sejam multiplicadas” (1 Pe 1.2). O crente foi resgatado para uma vida santa (l Co 6.19,20). Jesus não veio apenas livrar o homem do Inferno; mas torná-Io santo (Tt 2.14). O objetivo de Deus é que o crente participe da “herança dos santos na luz” (CI 1.12). Segundo a Palavra de Deus, é mentiroso aquele que afirma ter comunhão com Deus e não muda o seu modo de viver (l Jo 1.5; 2.4), porque o salvo deve ser luz no meio de um mundo perverso (Fp 2.15).
“Guardar-se dos ídolos”. João conclui sua epístola alertando os .crentes dos perigos dos ídolos: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (v.21). Vale ressaltar que ídolo é tudo aquilo que, em nosso coração, tira o lugar do Único e Verdadeiro Deus. A idolatria é obra da carne (GI 5.20) e, portanto, uma prática abominável diante do Todo-Poderoso (Dt 7.25). Os apóstolos, em suas diversas epístolas, condenaram de modo veemente o envolvimento dos cristãos com a idolatria (I Co 10.14; 1 Pe 4.3). Estejamos alertas! Somente Cristo deve reinar em nossos corações.
CONCLUSÃO
Mediante a fé em Cristo, nos tornamos filhos de Deus. Agora, o pecado não tem mais domínio sobre nós e, conseqüentemente, podemos viver uma vida santa e entrar na presença de Deus com plena confiança de que seremos ouvidos. Não existe maior privilégio do que este: tornar-se filho de Deus. Você é filho do Altíssimo! Portanto, viva de modo que O agrade.
Postado Por: Pb. Ademilson Braga