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“Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna?” (Mt. 19.16-30)

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Ele era jovem e rico, muito rico. Aparentemente tinha tudo a seu favor: dinheiro, boa reputação, vida religiosa irrepreensível. Possivelmente qualquer pastor se sentiria feliz em ter alguém como ele em sua equipe ministerial. Mas faltava-lhe uma coisa: paz com Deus. E pouco provável que ele tenha sequer considerado a possibilidade de suas qualificações não serem credencial suficiente para obter lhe favor diante de Jesus. Na pior das hipóteses podia estar faltando fazer uma coisinha ou outra; nada, porém, difícil demais.

Dá para imaginar o que podia estar passando pela cabeça dos discípulos que assistiam à entrevista com aquele “filhinho de papai”. Provavelmente já estavam sonhando com a possibilidade de ganharem roupas e sandálias novas e, quem sabe, uma ampla sede em Jerusalém para o ministério de Jesus, cozinha para alimentar as multidões, escritórios para cada um, sala para a imprensa e as entrevistas com os fariseus, etc. Imagino Pedro pintando em sua mente um quadro assim: os discípulos montados em lindos cavalos árabes, tendo Jesus à frente em um grande cavalo branco, e a equipe toda viajando pelo país a receber os aplausos e a admiração das multidões, 0 desconforto – companheiro constante – estava com seus dias contados. Jesus teria agora um travesseiro para reclinar a cabeça e a alimentação deles passaria a ser de primeira; afinal Jesus e seus discípulos merecem o melhor, não é mesmo? Tudo isso e muito mais, se tornaria possível se Jesus resolvesse tratar com gentileza evangélica aquele jovem empresário.

Não é assim que muitos fazem?!!! Quantas vezes princípios fundamentais do evangelho acabam sendo comprometidos na tentativa de agradar alguém que, por sua boa situação financeira ou privilegiada posição social, possa vir a ser uma “bênção” para o ministério de um líder ou da igreja? E o jovem estava de fato interessado em ajudar os irmãos.

Não seria um contra-senso deixar de aproveitar toda aquela boa disposição?

Mas Jesus discerniu algo que passou despercebido dos discípulos, e que não raro, nós também não discernimos, quando em situações semelhantes. Ele viu que o verdadeiro objetivo daquele moço era merecer a salvação; queria fazer alguma coisa que lhe garantisse a vida eterna, como fazem outros tantos ainda hoje. Observe a pergunta dele: “… Que farei de bom para ter a vida eterna?” E a mesma tanga de folhas que Adão costurou para si e para Eva, e que nos dias de hoje é confeccionada com papel moeda, mediante generosas contribuições a igrejas ou a obras de caridade. É o mágico de Atos oito, querendo comprar de Pedro o poder espiritual. É o povo de Israel tentando driblar o juízo de Deus com promessas vazias de obediência. Somos nós, negociando bênçãos de Deus mediante a entrega de nossos dízimos, um bom desempenho no ministério ou altos clamores à La monte Carmelo em nossos cultos. Deus não se impressiona com nada disso.

Jesus fez o que muitos líderes, em situação semelhante, deixam de fazer, quem sabe por falta de coragem ou por avareza. Puxou o tapete de idolatria em que o rapaz estava firmado e descortinou a condição real de seu coração: o deus dele era o dinheiro. “Vá, venda os seus bens e dê aos pobres… depois venha e siga-me.” Com esta aplicação do primeiro mandamento, que diz “não terás outros deuses diante de mim”, Jesus completou a lista dos mandamentos, e o jovem não podia mais afirmar: “Tudo isso tenho obedecido.” 0 pior é que ele não tomou a decisão que devia tomar. Diz o relato que ele afastou-se triste, porque tinha muitas riquezas.

Com ele se foram os prováveis sonhos dos discípulos e as chances de uma vida melhor. Pedro então pergunta a Jesus: “Que será de nós?” Afinal, tinham deixado tudo para seguir ao Mestre, e a vida de discípulos não lhes oferecia muitas vantagens. Não tinham eles (e nós também), o direito de desfrutar das coisas boas que os outros ao redor possuíam em abundância? Por que não posso viver no mesmo nível em que vejo tantos outros vivendo? Seria errado desejar uma vida um pouquinho melhor, um carro mais novo, uma casa mais confortável? Questionamentos dessa natureza são freqüentes, como também o são as tentações de tirar proveito dos “jovens ricos” que aparecem em nosso caminho.

Jesus, em sua infinita sabedoria, apresenta uma solução para este dilema induzindo-nos a focalizar nosso olhar, não nas dificuldades da nossa situação ou na prosperidade daqueles que nos cercam mas, sim, na grandeza do seu reino eterno, e na certeza de que seremos participantes dessas riquezas insondáveis. O apóstolo Paulo nos assegura que “nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que vale mais do que todos eles” (2 Co 4.17), e testifica em Romanos 8.18: “Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comprados com a glória que em nós será re¬velada.”

E uma questão de visão. Podemos viver insatisfeitos e murmurando, ambicionando os primeiros lugares e as melhores coisas, a qualquer custo, ou viver contentes em toda e qualquer situação como Paulo, que aguardava a cidade da qual Deus é o arquiteto; ou como Josué e Calebe, que perseveraram durante quatro décadas no meio de um povo incrédulo, no desconforto do deserto, porque criam que Deus cumpriria sua promessa de lhes dar a abundância da terra prometida.

Atentemos para as palavras de Jesus: “… muitos primeiros serão últimos, e muitos últimos serão primeiros.” É mais vantajoso abrir mão, como Jesus, das “bênçãos” terrestres, e ter a certeza de herdar as bênçãos eternas do Reino de Deus.

 

Autor: Allan H. McLeod

Fonte: Mensagem da Cruz

 

Postado por: Pb. Ademilson Braga

 

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