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O que é mais doloroso?
Um câncer ou um leão dormindo dentro de nós?
Há mais de trinta anos, o juiz Álvaro Mayrink da Costa, em entrevista declarou: “Em todo homem há um leão adormecido e acordá-lo é só uma questão de oportunidade”. Agora, o psiquiatra francês David Servan-Schreiber, também em entrevista, revela: “Todos temos um câncer dormindo dentro de nós. É nosso estilo de vida que vai ou não determinar seu desenvolvimento”.
Afinal, o que é mais doloroso: ter um câncer ou um leão dormindo dentro de nós? O psiquiatra se queixa de uma doença física, nem sempre incurável. O juiz se queixa de uma doença moral, muitas vezes incurável. Na verdade, a luta contra o “leão” é mais difícil do que a luta contra o câncer. Além do mais, nem todos são acometidos pelo câncer, porém, ninguém está livre da tendência pecaminosa. Trata-se de um problema sério, do qual todos se queixam, em qualquer lugar e em qualquer tempo.
O filósofo Jean François Mattei escreveu um livro sobre o assunto, intitulado A Barbárie Interior, no qual assevera: “0 mal não vem do exterior, nós o carregamos dentro de nós”.
O sacerdote ortodoxo russo Aleksandr Mien, assassinado em 1990, ensina: “O mal que o homem encontra mais amiúde em sua vida é o mal que vive dentro dele”.
A escritora brasileira Raquel Stivelman assevera: “O homem comum carrega dentro de si impulsos para o bem e para o mal”. E acrescenta que, “infelizmente, os impulsos negativos, violentos ou destruidores ultrapassam em número, em muitos casos, os que são marcados pela generosidade e pelo altruísmo”.
O líder católico mexicano José Prado Flores, em seu livro Ide e Evangelizai os Batizados, afirma: “O pecado não é algo que possamos impedir que entre em nós, mas algo que sai do fundo do nosso ser”.
Há muitos outros testemunhos sobre a presença do gênio do mal no mais interior do nosso ser. Trata-se de um problema largamente abordado pela teologia judaica e cristã. O autor de Eclesiastes não hesita em declarar que “o coração dos homens está cheio de maldade e de loucura, durante toda a vida” (Ec 9.3). E o Talmude lembra que “a paixão é, primeiro, uma estranha; depois, torna-se hóspede; e finalmente, é a dona da casa”. Jesus deixou claro que “é dentro dos corações dos homens que saem as intenções malignas” (Mt 7.20). É desse “leão adormecido” que Paulo se lastima: “Minha nova vida manda-me fazer o que é correto, porém a velha natureza que ainda está dentro de mim gosta de pecar” (Rrn 7.23).
Extraído: Jornal Boas Novas
Postado por: Pb. Ademilson Braga