Adultos - Betel
O puritanismo – Um movimento de pureza espiritual e vida dedicada a Deus
EBD – Adultos – EDIÇÃO: 262 – 1º Trimestre – Ano: 2025 – Editora: BETEL
LIÇÃO – 04 – 26 de janeiro de 2025
TEXTO ÁUREO
“Não tornarás a vivificar-nos, para que o teu povo se alegre em ti?” Salmo 85.6
VERDADE APLICADA
Na vida cristã, sempre haverá necessidade de renovação, correção e retorno a princípios bíblicos esquecidos ou pouco enfatizados.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
Hebreus 12
1 Portanto, nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta,
2 Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.
12 Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados,
13 E fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado.
LEITURAS COMPLEMENTARES
Segunda-feira – SI 73.1
Deus é bom para os limpos de coração.
Terça-feira – Mt 5.8
Bem-aventurados os limpos de coração.
Quarta-feira – Tg 1.27
A religião pura e imaculada para com Deus.
Quinta-feira – II Pe 3.14
Imaculados e irrepreensíveis.
Sexta-feira – I Jo 1.7
O sangue de Jesus nos purifica de todo pecado.
Sábado – I Jo 1.9
Jesus nos purifica de toda injustiça.
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos o movimento puritano e suas heranças teológicas, extraindo lições relevantes para o necessário e contínuo aperfeiçoamento do povo de Deus.
I – O MOVIMENTO PURITANO
O puritanismo foi um movimento religioso muito importante na Inglaterra. Posteriormente, tornou-se a principal tradição religiosa nos Estados Unidos. Seus ensinamentos sedimentam a necessidade da pureza e retidão do indivíduo, da igreja e da sociedade.
1. O início do movimento. O puritanismo nasceu na Inglaterra, em meados do século 16, durante o reinado da Rainha Elizabeth I. Os puritanos achavam que a Igreja tinha adotado práticas não bíblicas, daí a necessidade de lutar pela purificação da Igreja (Tg 4.8). Para isso, era necessário renunciar a elementos arquitetônicos e litúrgicos e a formalidades contraditórias com a singeleza e pureza da Bíblia (Pv 30.5). Era preciso reparar os alicerces éticos, espirituais, litúrgicos e cerimoniais da Igreja Anglicana, para aproximá-la dos ensinos da Reforma Protestante e, assim, livrá-la das impurezas, da mistura de cultos e de outras doutrinas religiosas, num claro retorno à Palavra de Deus.
2. O descontentamento com a igreja. O movimento puritano foi uma reação à Igreja institucionalizada da Inglaterra. Podemos dizer que se tratava de um movimento em busca da defesa da reforma da Igreja, para que houvesse uma renovação pura. Isso incluía rejeitar os vestígios de práticas católicas romanas ainda existentes na Igreja da Inglaterra. Somente assim a Igreja seria genuinamente reformada, tendo como única regra de fé a doutrina das Sagradas Escrituras (Tg 1.22).
3. O cuidado com o indivíduo. Os puritanos, além de se preocupar com a reforma da Igreja, também se preocupavam com a integração do indivíduo na família e na sociedade. Em busca de uma reforma consistente, a teologia puritana era composta por quatro visões fundamentais: (1) a salvação pessoal pela graça de Deus (Ef 2.8,9); (2) a doutrina da suficiência das Escrituras deve repousar no centro do que significa ser protestante (II Tm 3.15-17); (3) a Igreja aponta para o que está posto nas Escrituras, amortizando o conceito da tradição (Jo 17.17); (4) a sociedade é um todo agregado para que o Senhor seja glorificado em todas as áreas da vida humana (I Co 10.31).
II – UM MOVIMENTO VISIONÁRIO
Os puritanos desejavam transformar o indivíduo numa ferramenta que servisse à vontade divina; sendo, posteriormente, empregada para transformar toda a sociedade.
1. A evangelização. Os puritanos eram apaixonados pelo conhecimento de Deus. Eles achavam necessário romper com os princípios dogmáticos da igreja inglesa para levar a outros povos o conhecimento de Deus (Cl 2.2,3). Para isso, foi um movimento de pessoas aplicadas à educação, que não se furtavam a estudar todos os escritos a que tivessem acesso, porque entendiam que a pessoa que deseja ser salva deve conhecer a Deus (Jr 29.13). Essa fervorosa dedicação às Escrituras e a firme convicção de que todas as áreas da sociedade devem focar a glória de Deus impulsionaram as ações evangelísticas do movimento.
2. A pregação expositiva. Os puritanos priorizavam a aplicação da Palavra de Deus (Sl 119.11). Eles tinham como meta principal concluir a Reforma, e a melhor maneira de fazer isso era por meio da pregação expositiva. Isso significa que todas as partes da Escritura Sagrada devem ser compreendidas e exibidas numa pregação que atinja, de forma direta, o coração dos indivíduos (Hb 4.12). Para os puritanos, a pregação deveria ser o principal papel do pastor, ocupando o lugar principal em seus cultos. Eles consideravam os sessenta e seis livros da Bíblia a biblioteca do Espírito Santo, graciosamente deixada por Deus para os crentes.
3. A paixão por Cristo. Os puritanos tinham uma ardente paixão por Cristo. O inglês Thomas Goodwin, teólogo e pregador puritano (1600- 1680), disse sobre o Céu: “Se tivesse que ir ao céu e descobrisse que Cristo não estava lá, eu sairia correndo imediatamente, pois o céu seria o inferno sem Cristo”. Goodwin era cristocêntrico, um traço que moldou seu coração pastoral.
III – ALGUNS ASPECTOS DO PURITANISMO E DO PENTECOSTALISMO
Conhecer o movimento puritano nos leva a uma oportuna conexão entre alguns aspectos deste movimento e as raízes do movimento pentecostal do início do século 20. Certamente, isso contribui para o exame contínuo de aspectos que, como os pentecostais, precisamos conservar e/ou resgatar. Por não conhecer a História, muitos que se dizem pentecostais têm enfatizado, equivocadamente, a busca por novidades para vivenciar um renovo espiritual.
1. A doutrina puritana do Espírito Santo. O pentecostalismo é resultante de uma série de movimentos religiosos que surgiram ao longo da história da Igreja, entre eles o puritanismo. Embora os puritanos não sejam vistos como pregadores do avivamento, eles buscaram e experimentaram o avivamento. Para Joel Beeke e Nicholas Thompson (p. 218, 2021), embora escrevessem pouco sobre avivamento, os puritanos conheciam a graça reavivadora de Deus em sua experiência pessoal e em seus ministérios, pois suas igrejas conheciam as “notáveis efusões” do Espírito Santo.
2. A missão do povo de Deus. O estudo da visão integral que os puritanos tinham da vida cristã e da missão do povo de Deus aponta para a relevância da ação do Espírito Santo na capacitação da Igreja para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo até os confins da terra (At 1.8). Isso é também importante para que o cristão seja consciente da sua responsabilidade no processo de renovação e transformação da sociedade, sendo luz e sal (Rm 13.1-7; I Tm 6.17,18; Tg 2.15-17).
3. A Bíblia: regra infalível de fé e prática. A história dos puritanos nos ensina que devemos amar a Bíblia como nossa única regra de fé e conduta (S1 119.105). Em tempos de tantos desvios doutrinários, é preciso reforçar sempre nosso amor pelas Escrituras, analisando o que fazemos e pensamos à luz da Palavra de Deus (II Tm 3.16,17). Os puritanos foram inspirados pelo ministério de William Tyndale, cujo objetivo principal era completar o que a Reforma Protestante não havia conseguido. O exemplo e o amor de Tyndale pela Bíblia Sagrada nos guiam a amar e apregoar as verdades contidas nas Sagradas Escrituras.
CONCLUSÃO
O movimento puritano nos mostra que somente a dependência do Espírito Santo nos faz voltar aos princípios bíblicos porventura esquecidos; reforça os aspectos cristãos que vivenciamos; nos dá discernimento espiritual para não sermos confundidos; e preserva em nós o fervor no serviço ao Senhor.
Postado por: Pr. Ademilson Braga
Fonte: Editora Betel